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Andrelândia
18/10/2021 21h23

Azeite de Andrelândia conquista medalha de ouro em concurso internacional

O concurso reuniu produtos de países da América do Sul, América do Norte e da Europa

 Os azeites de oliva extravirgens produzidos no Sul de Minas vem se destacando cada vez mais no Brasil e no mundo devido às recentes premiações internacionais conquistadas.

O Azeite Vertentes é produzido no município de Andrelândia, na Fazenda Recreio, e é envazado e distribuído pela Agrotora Reflorestamento e Pecuária, do empresário dr. Rubens Ermirio de Moraes. Conquistou recentemente Medalha de Ouro no “Brazil International Olive Oil Competition 2021”, concurso que reuniu produtores de países da América Sul, da América do Norte e da Europa.

Os produtos da Serra da Mantiqueira, já há alguns anos, têm conquistado paladares e despertado o interesse de consumidores pelo frescor e sabor apresentados. O cultivo de oliveiras na região vem sendo estudado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, desde a década de 1970. Em 2008, ela foi responsável pela extração pioneira do azeite extravirgem no Brasil. As pesquisas abrangem todo o processo produtivo, desde a escolha das mudas até a obtenção do azeite e a avaliação dos padrões sensoriais.

Segunda a olivicultora Vanessa Bianco, a produção de azeites extravirgens exige que todo o processo seja feito de maneira a garantir a máxima qualidade. Começando pelos frutos, que precisam estar saudáveis, passando pela colheita sem danificar esses frutos e o processamento o mais rápido possível

A equipe do jornal Correio do Papagaio visitou a Fazenda Recreio, em Andrelândia, para conhecer de perto a produção do Azeite Vertentes. Quem nos recebeu foi o engenheiro florestal André e o engenheiro agrônomo Nardotto, ambos responsáveis pela produção do azeite, que se iniciou em dezembro de 2014 com o plantio experimental de mil plantas em uma área de cinco hectares. Eles contaram que o objetivo inicial era ver a adaptação das oliveiras em Andrelândia e que pegaram uma pequena produção de um vizinho e levaram até a sede Epamig, em Maria da Fé, para extração. O resultado foi um blend de azeite com frescor, sabor e padrões sensoriais de altíssima qualidade, o que os deixaram muito animados a ponto de contratar um consultou com larga experiência na área, inclusive como funcionário da Epamig durante vinte anos.

Atualmente a área plantada é de 85 hectares e conta com mais de vinte espécies de oliveiras, que possuem um modo de plantio intercalado, o que beneficia a polinização das plantas.

Entrevista com Dr Rubens Moraes

1) CORREIO DO PAPAGAIO: Como começou seu processo de investimento no município de Andrelândia?

Dr. Rubens Moraes: Tudo teve inicio no ano 2000, com uma mudança rigorosa no sistema de gestão da Votorantim, profissionalizando as atividades e buscando no mercado profissionais com perfis adequados para assumirem a direção das empresas do Grupo em todas as suas diversidades e ramos de negócios. Daí, nós acionistas, saímos da diretoria do Grupo e aderimos ao Conselho de Família e criamos nossas próprias atividades com total independência financeira.

Nessa época o foco do negócio era exclusivo para produção de carvão de vegetal e abastecimento de siderurgia própria que produziam aço para a construção civil. Com foco diferente, iniciamos um projeto de produção consorciada envolvendo o plantio de diversos grãos para comercialização, madeira para produção de toras e pecuária de corte, dando inicio aos projetos de Agrosilvicultura que permanecem ate os dias de hoje.
Em paralelo, iniciamos a cafeicultura, onde produzimos café arábica por um período de 15 anos com foco na exportação de grãos verdes, prontos para o beneficiamento e consumo. O clima e a altitude proporcionava produção de cafés de excelente qualidade, obtendo pontuação de cafés especiais, bastante cobiçado para o mercado externo.

Mais recentemente, de 2015 para cá, implantamos os primeiros projetos de oliveiras, com foco na produção de azeites de olivas extra virgem, vislumbrando ocupar justamente uma grande parcela do mercado brasileiro, que atualmente importa 99% de todo azeite que consumimos. Aliado a isso, temos a nosso favor a topografia plana da nossa região que favorece o plantio e a colheita, além das questões de clima, que até o momento tem favorecido para nossa tomada de decisão e continuidade na expansão do projeto.

2) CORREIO DO PAPAGAIO: O que motivou o senhor no investimento na produção de Azeite Extra virgem?

Dr. Rubens Moraes: Estamos sempre ligados na implantação de novos negócios. Com isso, aproveitamos alguns estudos experimentais implantados na região pela EPAMIG e aprofundamos nosso conhecimento, implantando gradativamente em nossas áreas, alguns projetos experimentais, somando hoje aproximadamente 80 hectares. Nossa motivação veio pela oportunidade que temos em absorver parte de um mercado que atualmente encontra-se no controle de grandes importadoras e também pelo fato de podermos potencializar nosso terroir, ofertando um produto de excelente qualidade, competindo com os melhores azeites importados de todo o mundo.
3) CORREIO DO PAPAGAIO: Além do Azeite, quais foram os outros investimentos realizados pela Agrotora?

Dr. Rubens Moraes: Temos investido muito na região. Além das oliveiras, projeto mais recente, da qual criamos a marca AZEITE VERTENTES, temos um grande projeto florestal que se encontra hoje em franca produção, gerando empregos e renda, e cumprindo um importante papel social perante o município de Andrelândia. Além disso, temos uma grande parceria local, com produtores de tomate, milho, soja, trigo e aveia, que certamente geram oportunidades de emprego e renda locais.

4) CORREIO DO PAPAGAIO: Como o senhor avalia a importância desse premio internacional para a produção de Azeite?

Dr Rubens Moraes: É muito gratificante você realizar uma tarefa ou uma atividade e obter o reconhecimento de quem avalia. O Brasil produz azeite, somente há 12 anos e o nosso primeiro plantio iniciou há aproximadamente 06 seis anos. Estamos apenas aprendendo a produzir um produto que é pouco conhecido por todos nós, mas bastante procurado e consumido pela alta gastronomia do mundo inteiro.  Evidentemente as medalhas e os prêmios obtidos com o AZEITE VERTENTES, chancelam o resultado de um trabalho serio, que temos realizado nesse período e nos dão forças para prosseguirmos com a atividade e até mesmo expandir os nossos plantios. A cada ano aprendemos mais um pouco e a troca de informações com outros produtores, às vezes, agrega conhecimentos e consolida as informações.

Conquistamos vários premio desde o ano passado como:

- 10º Concurso Internacional de Ovibeja – Hemisfério Sul – Portugal: Medalha de Bronze

- Best Olive Oils – Nova York – Variedades Arbequina e Trivarietal : 02 Medalhas de Prata.

- Brazil IOOC 2021– International Olive Oil Competicion: TOP 10

- Olio Nuovo Days – Paris (Principal Concuro Internacional): Medalha de Ouro – Azeites provados por chefs de cozinha as Escola de Gastronomia Francesa Le Cordon Bleu.

Isso nos enche de orgulho e nos encoraja a dizer que estamos no caminho certo. O terroir de Andrelândia tem potencial e precisamos aprender a tirar o máximo de proveito dele.

5) CORREIO DO PAPAGAIO: Existem outros projetos futuros para investimento no município de Andrelândia?

Dr Rubens Moraes: Nossa produção de Azeite nesses últimos dois anos foi realizada aqui nas dependências da Fazenda Recreio onde construímos e montamos um pequeno LAGAR, que é o local onde está instalado o moinho, o batedor e a centrífuga, além dos tanques de armazenamento, filtragem, engarrafamento, rotulagem e armazém. Porém, nossa intenção é expandir os plantios de oliveiras e evidentemente projetarmos um novo LAGAR com capacidade de beneficiar toda produção de azeitonas e continuar produzindo azeites com o compromisso de obtermos o melhor azeite extra virgem do Brasil.

6) CORREIO DO PAPAGAIO: Quais os principais requisitos devemos nos atentar para se produzir um bom azeite?

Dr Rubens Moraes: O Azeite pra ser classificado como bom, tipo Azeite Extra Virgem precisa de alguns cuidados para não colocarmos tudo a perder no final do processo. Primeiramente, a colheita deve ser realizada no período certo de maturação dos frutos, evitando frutos muito verdes ou com excesso de maturação. Além disso, o cuidado com as frutas (azeitonas) no armazenamento e transporte devem ser seguidos, ao ponto de evitarmos o esmagamento das mesmas, o que favorece a fermentação e perda da qualidade do produto. Outro ponto importante é no LAGAR, as frutas devem ser trituradas até no máximo duas horas depois de colhidas e a temperatura do processo não pode exceder 28 ºC. Após triturado, o azeite é acondicionado em tanques de inox por 24 horas e em seguida é totalmente filtrado. Após isso, o azeite retorna aos tanques de inox em ausência total de luz e sem contato com o oxigênio do ar evitando oxidação. Nesse momento, injetamos nitrogênio nos tanques de inox para substituir o oxigênio, ali existente.  O azeite permanece ali por um período de aproximadamente 06 meses, podendo ser engarrafado a qualquer momento para a comercialização e o consumo.

 

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