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Baependi - Notícias
03/05/2018 14h15

Consenso e conflito na Serra do Papagaio - parte II

Por Mariana Junqueira

Fonte: Elaborado pela autora com dados extraídos do acervo da Universidade Federal de São João del Rei. Disponível em: http://www.acervos.ufsj.edu.br/site/fontes_civeis/apresentacao.html

Por Mariana Junqueira

“Minas Gerais... Minas principia de dentro para
fora e do céu para o chão”
Guimarães Rosa

O povoamento da região, assim como de todas as chamadas Minas Gerais, esteve diretamente relacionado aos recursos minerais, como ouro, prata, diamantes e esmeraldas. Os paulistas sertanistas, já no início do século XVII, interessaram-se por expedições nessas áreas da Serra da Mantiqueira, para procurar riquezas minerais e aprisionar cativos. Portanto, as nações indígenas com as quais os sertanistas se depararam tiveram que lutar por seu território, sua vida e liberdade e poucos registros se tem delas.

O território de fato era ocupado por algumas nações indígenas, entre elas, os Coroados, Carapós e Puris, que foram genericamente denominados Botocudos, por usarem um tipo de botoque na boca e na orelha. Essas designações genéricas foram estabelecidas pelos colonizadores, uma vez que os Botocudos usavam botoques e os Coroados raspavam a cabeça em círculos. Foram descritos como povos temidos pelos viajantes e posseiros, pois não falavam o tupi e viviam da caça, pesca e coleta e ficaram conhecidos como Tapuias. Haveria, então, uma miscelânea de tribos, com ampla diversidade linguística e etnológica, que foram unidas na condição de escravos, menos valorizados, em decorrência das barreiras linguísticas e culturais.

Dessa forma, o povoamento das Minas de Ouro esteve associado além da mineração, ao ouro vermelho (escravos indígenas) e à concessão de terras por meio das sesmarias. As expedições bandeirantes até o século XVII tinham como objetivo a captura de cativos, mas raramente se estabeleciam no território. Com a descoberta de ouro, isso começou a mudar e as terras onde se plantavam roças durante as caravanas se tornaram pousos habituais e, posteriormente, arraiais, povoações e vilas. Eram formadas inicialmente por homens importantes da capitania, por seus filhos mais velhos, parentes e dezenas de índios aliados ou escravizados, que serviam de guias, abrindo caminhos, coletando alimentos, caçando e cozinhando. Suas vestimentas eram chapelões de abas largas, barbas, camisas e ceroulas. Andavam quase sempre descalços, levavam grande variedade de armas e gibões de algodão espessamente acolchoados. A sobrevivência no sertão esteve vinculada às técnicas adaptativas e aos instrumentos indígenas uma vez que se deparavam com uma realidade duríssima.

A região do sul de Minas compreendia na Comarca do Rio das Mortes, onde a mineração apesar de não ter sido a atividade econômica principal, foi responsável por configurar a ocupação do território. As lavras eram pequenas e continham ouro de aluvião que, apesar de fácil de explorar, tinham extensão limitada. Por isso, a região se configurou como centro agropastoril de abastecimento, tanto para as regiões mineradoras vizinhas como para outras áreas urbanas da faixa litorânea. Dentre todos os municípios que compunham a Comarca do Rio das Mortes, os municípios do entorno do Parque Estadual da Serra do Papagaio são: Aiuruoca, Alagoa, Baependi, Pouso Alto e Itamonte.


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