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Esportes
12/11/2014 17h55

Fifa deve decidir sobre Copa no Catar nesta quinta

A Fifa vai revelar nesta quinta-feira sua decisão sobre a Copa do Catar de 2022. Segundo a entidade, o informe sobre a suposta corrupção na compra de votos e eventuais punições será publicado pela manhã. A decisão é aguardada por cartolas, patrocinadores e mesmo políticos de todo o mundo.

A decisão foi tomada pelo juiz alemão Hans Eckert, depois que uma investigação apontou para a necessidade de punir cartolas. Entre os investigados estava Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF e que votou pelo Catar.

Mas a Copa de 2022 se transformou em um assunto de estado e passa a ser alvo de cálculos políticos, econômicos e militares por parte de líderes internacionais e políticos que atuam nos bastidores para determinar o destino do Mundial mais polêmico em décadas.

A reportagem apurou que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tem mantido contatos com congressistas americanos e atores da cena política europeia para pressionar para que o país do golfo seja privado de seu direito de sediar o Mundial, enquanto ex-líderes como Silvio Berlusconi vem atuando nos bastidores para defender o evento. Dezenas de outros passaram a ser consultados para dar seu apoio a um campo ou a outro, num debate que chega a envolver até mesmo cálculos militares.

A pressão de Israel, por exemplo, tem um motivo político: criar um constrangimento ao Catar por supostamente estar financiando grupos como o Hamas. Netanyahu tem aproveitado cada contato com deputados e senadores americanos para pedir apoio à iniciativa.

O governo do Catar também relançou sua ofensiva diplomática para se garantir. Há um mês, o emir do Catar fez uma visita de emergência à sede da entidade e o conteúdo da conversa foi mantido em total sigilo. Eckart, juiz independente da Fifa e que tomará decisões sobre as suspeitas de corrupção, se recusou até mesmo a confirmar à reportagem se havia mantido reuniões com o chefe de estado. "Não vou me pronunciar", declarou.

Um dia depois, foi a vez do cartola da Fifa Theo Zwanzigger declarar que "a Copa não ocorrerá no Catar". Ele, porém, usou como pretexto o "calor" no país árabe. Nesta semana, a imprensa alemã chegou a anunciar que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, teria dito em uma reunião que a Copa não ocorre no Catar. A Fifa desmentiu.

Dentro da Fifa, porém, há ainda quem defenda a manutenção do Catar como sede, sob o risco de ver o processo pegar fogo. Há dois meses, o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, disse aos clubes europeus que não existia qualquer sinal de que o Catar poderia perder o Mundial.

Valcke tem seus motivos. Há pouco mais de dez anos, sua empresa, a Sports United, foi quem mediou um acordo entre televisões espanholas e o Comitê Olímpico do Catar para a venda de direitos de transmissão.

Quem também passou a fazer lobby pelo Catar é o ex-primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi. Sua empresa, a Mediaset, também negocia contratos com o Catar. Não por acaso, Umberto Gandini, o diretor de seu clube, o Milan, declarou na semana passada que não existia motivo para tirar a Copa do país árabe.

Entre os europeus, outro lobby vem da França. Antes da votação, o emir do Catar se reuniu com o ex-presidente Nicolas Sarkozy. Na agenda estava a proposta de um intercâmbio: a França apoiaria a eleição e, em troca, receberia pesados investimentos, inclusive no PSG. Michel Platini acabou votando pelo Catar e Zinedine Zidane foi um dos embaixadores da candidatura.

O emir também fez parte de lobby com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou a ir a um estádio no Catar e foi ovacionado pelos torcedores depois de anunciar seu apoio. Na semana passada, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, também esteve no Catar.

Mas convencer os EUA a atacar o projeto no Catar, porém, será uma tarefa das mais difíceis, ainda que o país seja o favorito para receber o Mundial caso o projeto árabe fracasse. O país serve de base para tropas americanas e, na atual guerra contra os jihadistas na Síria e Iraque, Doha se transformou nas últimas semanas em um dos pilares da estratégia.

Fonte: Estadão Conteúdo
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