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17/03/2011 15h14

Japão Terremoto e tsunami, uma das maiores tragédias da história

Japão: Terremoto e tsunami, uma das maiores tragédias da história

Terremoto e tsunami no Japão: uma das maiores tragédias da história da humanidadeDesde o dia 11 de março, uma sexta-feira, as atenções de todo o mundo se voltam para o Japão. Por volta das 14h45 (hora local), 02h45 – horário de Brasília) – um violento terremoto atingiu a costa do país, seguido por um gigantesco tsunami. Ondas com mais de 10 metros de altura arrasaram regiões inteiras, como Myagi e a capital Sendai, ambas no nordeste do Japão. De acordo com o Instituto de Geofísica dos Estados Unidos (USGS), o abalo sísmico – que alcançou 9 graus na escala Richter – é o quarto maior tremor já registrado no Planeta desde 1900. Até agora, o mais violento terremoto registrado no Japão havia ocorrido em 1923, em Tóquio: ele atingiu 7,9 graus e matou na época mais de 140 mil pessoas.


De acordo com as primeiras análises científicas, o terremoto provavelmente mudou também o equilíbrio do Planeta, movendo a Terra em relação a seu eixo em cerca de 16,5 cm. O tremor também aumentou a velocidade da rotação do Planeta, diminuindo a duração dos dias em cerca de 1,8 milionésimos de segundo.


Segundo informações, a costa do Japão pode ter se movido cerca de quatro metros para leste após o tremor. Dados da rede japonesa Geonet – recolhidos de cerca de 1,2 mil estações de monitoramento por satélite – sugerem que houve um deslocamento em grande escala após o terremoto. Brian Baptie, também da BGS, explicou que o tremor ocorreu na Zona de Subducção, como é chamada a região onde duas placas tectônicas se unem, – no caso do Japão, a Placa do Pacífico, a leste, e outra placa a oeste –, que muitos geólogos acreditam ser uma continuação da Placa Norte-americana. A Placa do Pacífico está se movendo para oeste, sob o Japão. E à medida que isso acontece, ela arrasta a Placa Norte-americana para baixo e para oeste. Quando o terremoto ocorreu, a placa que estava por cima deu uma guinada para cima e para leste, liberando a energia acumulada, enquanto as duas placas estavam em atrito. Isso mexeu com o leito do oceano, deslocando uma enorme quantidade de água – o que provocou o tsunami.


Terremoto e tsunami no Japão: uma das maiores tragédias da história da humanidadeKen Hudnut, geofísico da agência de geologia dos EUA, em Pasadena, na Califórnia, disse à rede MSNBC que informações que dependem de dados de GPS como mapas, navegadores por satélite usados em carros e registros de propriedade terão que ser mudados, no Japão, após o terremoto. "A rede nacional (japonesa) que define limites de propriedades foi mudada", disse ele. "Cartas náuticas terão que ser revisadas por conta da mudança da profundidade da água", afirmou.

 


Círculo de Fogo

 

Não é de hoje que o Japão convive com abalos sísmicos. O país está localizado no chamado Círculo de Fogo do Pacífico – a área com os maiores índices de terremotos e erupções vulcânicas do mundo. Também denominada Anel de Fogo, a área é formada no fundo do oceano por uma grande série de arcos vulcânicos e fossas oceânicas, coincidindo com as extremidades de uma das maiores placas tectônicas do Planeta. A região, de cerca de 40 mil km de extensão, tem formato de ferradura e circunda a bacia do Pacífico, abrangendo toda a costa do continente americano, além do Japão, Filipinas, Indonésia, Nova Zelândia e ilhas do Pacífico Sul. Trata-se da área de maior atividade sísmica do mundo. Somente o Japão responde por cerca de 20% dos tremores de magnitude igual ou superior a 6, registrados na Terra. Em média, os sismógrafos captam algum tipo de abalo no Círculo de Fogo a cada cinco minutos.

 


Placas tectônicas

 

Nos anos 1960, cientistas desenvolveram a noção de placas tectônicas, o que explica as localizações dos vulcões e outros eventos geológicos de grande escala.


De acordo com a teoria, a superfície da Terra é feita de uma espécie de "colcha de retalhos" de enormes placas rígidas, com espessura de 80 km, que flutuam devagar por cima do âmago quente e líquido do Planeta. As placas mudam de tamanho e posição ao longo do tempo, movendo entre um e dez centímetros por ano – velocidade equivalente ao crescimento das unhas humanas.


O fundo do oceano está sendo constantemente modificado, com a criação de novas crostas feitas da lava expelida do centro da Terra e que se solidifica no contato com a água fria. Assim, as placas tectônicas se movem, gerando intensa atividade geológica em suas extremidades.


Três coisas podem ocorrer com as placas: elas podem se afastar umas das outras, deixando espaço para criar mais "chão" no fundo do mar; podem se aproximar, fazendo uma encobrir a outra; ou podem "roçar" umas nas outras, sem causar muito distúrbio.


Essas placas, que se "roçam", causam tremores de menor intensidade. Essas falhas também podem criar escarpas ou falésias no fundo do mar. No entanto, quando uma placa se move e é forçada para dentro da Terra, ela encontra altas temperaturas e pressões que são capazes de parcialmente derreter a rocha sólida, formando o magma que é expelido pelos vulcões.


As atividades nestas zonas de divisa entre placas tectônicas são as mesmas que dão origem aos terremotos de grande magnitude.

 


Vazamento de radiação

 

Parte da energia elétrica no Japão é produzida por grandes usinas nucleares. O país é o terceiro produtor mundial de energia nuclear. No total, são 52 usinas que respondem pela geração de 1/3 da eletricidade consumida.


O terremoto e o tsunami do dia 11 provocaram sérios danos a várias usinas no Japão, principalmente nos sistemas de refrigeração, que são fundamentais para a segurança no processo de funcionamento. Atualmente, a que mais preocupa os técnicos e engenheiros é a de Fukushima, onde já ocorreram várias explosões de reatores, devido ao superaquecimento.


Em uma usina, dentro dos reatores, ocorrem fissões nucleares, que são a quebra do núcleo do átomo, que geram calor em altíssimas temperaturas. Para não haver superaquecimento, os reatores têm que ser refrigerados constantemente por água – a mesma água que depois vira vapor e move uma turbina para gerar energia elétrica.


Mas o sistema de refrigeração depende de eletricidade que vem de fora da usina para funcionar. Se a energia é cortada por algum motivo – no caso, o terremoto –, geradores têm que ser ligados. Mas, no Japão, eles também foram danificados. Sem a refrigeração, a pressão e a temperatura dentro do reator sobem até o ponto em que o próprio reator pode derreter, liberando material radioativo.


O derretimento completo – o colapso dos sistemas de uma usina e sua capacidade de manter as temperaturas dos reatores sob controle – poderia liberar urânio na atmosfera, contaminando de forma perigosa o ambiente e gerando sérios riscos para a saúde da população.


Para impedir que o reator da usina de Fukushima derretesse, provocando vazamento de radiação, as autoridades japonesas tentaram, primeiro, liberar de forma controlada vapor com teor radioativo. Mas uma explosão acabou destruindo parte do teto do prédio de contenção, onde fica o reator e houve escape de radiação. “O combustível nuclear são muitos tubinhos fininhos com óxido de urânio dentro. Quando o reator funciona, o óxido de urânio vai virando o demônio. Tudo o que existe de radioativo vai se produzindo lá. É o caso do famigerado césio 137, que, no Brasil, contaminou e matou pessoas, inclusive crianças, em Goiânia”, ressalta Luiz Pinguelli Rosa. “Não há fissão nuclear lá. Uma explosão nuclear são fissões descontroladas. O que está havendo é desintegração radioativa dos produtos de fissão. E isso é incontrolável, é da natureza, não é uma coisa tecnológica. Provavelmente, vai haver uma incidência maior de câncer ao longo de muitos anos”, conclui Pinguelli.

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