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21/01/2015 20h20

Residentes do Hospital Universitário Pedro Ernesto protestam no Rio

Residentes do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), puseram narizes de palhaço nesta quarta-feira para expor a crise da instituição na porta do Palácio Guanabara, sede do governo fluminense. Em parte sem trabalhar por falta de dinheiro para a passagem, promoveram uma manifestação de protesto contra o atraso no pagamento de suas bolsas. Também denunciaram as condições em que trabalham. Um representante do Estado recebeu manifestantes. Apenas se comprometeu a encaminhar suas reivindicações ao novo secretário de Ciência e Tecnologia, Gustavo Tutuca. Não falou em solução.

"Falta luz toda semana, há insumos em pouca quantidade, existem enfermarias em que a gente tem de fazer reaproveitamento de seringas", disse a residente de enfermagem Luciana Costa. "As meninas da nutrição falaram que sábado passado tiveram de servir angu com carne moída a pacientes que não podem consumir esse tipo de alimentação por dificuldade de deglutição. Falta ar condicionado nos setores, tudo isso a gente colocou em pauta."

A descrição da residente mostra parte do quadro de crise que se desenhou mais claramente na UERJ a partir do fim do ano passado. Foi quando funcionários terceirizados, como faxineiros e ascensoristas, não receberam seus salários e fizeram uma greve. Os residentes já percebiam problemas no seu pagamento. Mas os atrasos eram de poucos dias e, sempre que aconteciam, eram comunicados com antecedência e com a nova data para o pagamento. Em janeiro, porém, as bolsas de residência, de pouco mais de R$ 2,9 mil, não foram pagas no dia 10. Agora, não há previsão de nova data para que a dívida seja quitada.

O atraso também atinge os bolsistas de graduação, mestrado e doutorado. Uma assembleia, marcada para as 18h de hoje, vai discutir a situação. No caso do Pedro Ernesto, o problema é problema se agrava, porque a unidade se tornou muito dependente dos residentes. "Servidores mesmo tem poucos", disse Luciana, após o encontro da comissão com o chefe de gabinete da Casa Civil, Claudio Pieruccetti "Na enfermagem, a gente tem um buraco de 500 enfermeiros que já deveriam ter entrado, do concurso de 2012. E a gente acaba assumindo setores em que está se especializando. Isso é uma coisa que não cabe. Em uma residência, você tem de ter o seu preceptor ou uma pessoa que seja responsável pelo setor para poder lhe ensinar, ajudar a lidar com a especialidade que escolheu. E a gente entra e assume o setor como se fosse funcionário da Casa."

O presidente da Associação dos Residentes do Hospital Universitário Pedro Ernesto, Demetrius de Luna Lopes, contou que, na semana passada, os residentes aprovaram uma paralisação em assembleia. Entre os médicos, a adesão é de 30%, porque os demais, em sua maioria, são de áreas cirúrgicas, que seriam muito prejudicadas se os todos parassem. Além disso, quem é da residência médica pode exercer outras atividades remuneradas, diferentemente das demais áreas. Nelas, o regime é de dedicação exclusiva.
"No fim do ano (de 2014) saíram (do hospital) bolsistas de outras áreas. Havia muitos técnicos de enfermagem que eram CLT. O Ministério Público obrigou a universidade a chamar o banco de concursos. As pessoas saíram, mas os novos enfermeiros não foram chamados."

A crise também atinge os professores. Um dos vice-presidentes da Associação de Docentes da UERJ, Fabio Iorio, disse ao Estado que a categoria está sem reposição salarial há 12 anos. Os salários sobem apenas por progressão funcional, afirmou. A Dedicação Exclusiva muitas vezes, segundo ele, é concedida, mas não paga. E ao se aposentar os professores não a recebem mais. Na ativa, são 2279 docentes efetivos e 478 substitutos, contratados pelo regime de CLT. O MP exigiu que fossem substituídos por profissionais concursados, mas os concursos são poucos, disse o professor. Ele também se queixou das más condições de ensino e pesquisa.

"Quando (um laboratório) funciona, é um projeto específico de um professor, que consegue dinheiro com alguma instituição de fomento", disse. O governo estadual informou apenas que um grupo de manifestantes foi recebido "pelo chefe de gabinete da Casa Civil, Claudio Pieruccetti, que se comprometeu a acompanhar a situação junto a Secretaria de Ciência e Tecnologia, que faz a gestão da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj)". Procuradas, a UERJ e a secretaria não responderam à reportagem até o início da noite de hoje.

Fonte: Estadão Conteúdo
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