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Internacional
21/10/2019 11h40

Bolívia: 'há uns 10 anos, muitos problemas têm sido escondidos', diz pesquisador

Roberto Laserna, pesquisador social do Ceres (Centro de Estudos da Realidade Econômica e Social), falou sobre as eleições na Bolívia e os desafios a serem enfrentados.

Por que Evo não conseguiu vencer no primeiro turno?

A imagem de Evo perante aos bolivianos caiu muito, se desgastou. As pessoas estão cada vez mais resistentes e com a percepção de que as promessas feitas por ele não foram cumpridas. As tarefas para as quais ele se comprometeu não foram realizadas. A campanha não foi suficiente para esconder todos os problemas. Evo está em campanha há muito tempo, mas as pessoas não viram as melhoras em saúde, educação e outros áreas.

Como ficou o voto indígena?

Uma parte importante dos indígenas votou em Evo, principalmente nas áreas rurais onde ele tem força muita grande. Mas a imagem dele frente aos indígenas sofreu um baque com os incêndios na região da Chiquitania (vastas planícies no leste da Bolívia).

Qual é a força de Carlos Mesa?

Em 2016, houve um referendo para decidir se Evo poderia ou não disputar reeleição pela quarta vez, e ele foi derrotado. Esse pleito deixou na mente das pessoas a ideia de que o presidente não é invencível. A força de Mesa está no fato de ele ser o candidato de oposição a isso. Não porque confiam nele, mas porque ele é quem pode tirar Evo do poder. Sua força está no que ele representa hoje.

Como devem se comportar os eleitores dos outros candidatos?

A maioria desses candidatos apelava para o voto conservador, pedindo uma economia mais aberta, com menos participação do Estado. Creio que grande parte desses votos vai para Mesa.

Qual é o maior desafio para o próximo presidente?

A economia. Há uma quantidade enorme de problemas que serão apresentados ao próximo presidente e o obrigarão a realizar modificações nas políticas econômicas, o que deve trazer dificuldades e pode até gerar protestos.

Que problemas são esses?

Há uns cinco anos, o déficit fiscal está crescendo. As reservas internacionais despencaram a metade do que eram em 2014 e estão caindo muito rapidamente. O preço do dólar está muito alto e as exportações estão em queda. Há uns 10 anos, muitos problemas têm sido escondidos.

O que o presidente pode fazer para evitar a derrota?

Ele recorrerá a todos os recursos possíveis. Mas não sei mais o que ele pode fazer para conquistar mais eleitores. Evo está há três anos em campanha, viajando com aviões exclusivos e recursos dos ministérios. Mesa sofreu agressões durante a campanha. Atacaram sua família, seu passado, suas contas. Isso deve marcar os próximos dois meses. Será uma campanha muito suja e dura.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Estadão Conteúdo
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