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Internacional
14/01/2015 12h10

Polícia francesa detém humorista por acusação de apologia ao terrorismo

A polícia informou nesta terça-feira que deteve 54 pessoas por defender ou glorificar o terrorismo desde os ataques terroristas em Paris da semana passada. Dentre elas está um controverso comediante de stand-up, preso por causa do comentários feitos na internet, quando aparentemente se comparou a um dos homens que realizaram ataques em Paris na semana passada, matando 17 pessoas.

Um post na página do Facebook de Dieudonné M'Bala M'Bala, mais conhecido como Dieudonné, diz "Eu me sinto como Charlie Coulibaly". A frase parece ser uma referência ao slogan "Je Suis Charlie", que se tornou o símbolo da solidariedade que se espalhou após o ataque ao jornal satírico Charlie Ebdo, e a Amedy Coulibaly, que invadiu um mercado de comida kosher na quinta-feira, onde matou quatro reféns. Um dia antes, ele teria matado uma policial. O post parece ter sido removido da página do humorista na rede social.

Em outro post publicado da tarde de segunda-feira, o dia em que a investigação ao humorista foi aberta, ele escreveu uma carta aberta ao ministro do Interior francês. Como muitos países europeus, a França tem fortes leis contra discursos de ódio e especialmente em relação ao antissemitismo após o Holocausto. "Quando quer que eu fale, não tente entender o que estou tentando dizer, você não quer me ouvir. Você procura um pretexto para me proibir. Você me considera como Amedy Coulibaly, quando não vou diferente de Charlie."

Dieudonné foi detido na manhã desta quarta-feira sob suspeita de fazer apologia a atos de terrorismo, informou a promotoria de Paris. Uma lei, aprovada em novembro, estabelece punição de até sete anos de cadeia e multa de até 100 mil euros (US$ 118 mil) para apologia ao terrorismo na internet.

O advogado de Dieudonné, Sanjay Mirabeau, disse que dez policiais detiveram seu cliente em sua casa e o levaram para Paris para interrogatório. Mirabeau negou-se a fornecer mais detalhes. Fotografias da detenção foram postadas na página do humorista no Facebook.

Há anos Dieudonné testa os limites da liberdade de expressão na França, com comentários que são qualificados como antissemitas e como discurso de ódio por autoridades do governo, dentre elas o primeiro-ministro Manuel Valls.

Embora a lei francesa garanta a liberdade de expressão, negar o holocausto e encorajar o ódio é uma infração criminal. Dieudonné rejeita as acusações e diz que sua atitude não difere da do Charlie Hebdo. Ele participou da manifestação realizada no sábado em apoio aos cartunistas assassinados.

Desde a semana passada, autoridades francesas têm intensificado as ações contra os que glorificam os ataques, temendo que esse tipo de atitude encoraje pretensos terroristas a agir.

Várias pessoas em toda a França foram detidas desde os ataques por fazer apologia ao terrorismo. Algumas delas já foram sentenciadas no tribunal. Kamal Belaidi foi condenado a quatro anos de prisão na segunda-feira após ter apoiado, publicamente, o assassinato de três policiais e por gritar "Allahu akbar" ("Deus é grande") para policiais no local de um acidente de carro, no qual estava envolvido, disse o promotor adjunto Christophe Delattre na terça-feira.

"Nós devemos agir com total serenidade a respeito dos que expressam racismo, antissemitismo ou islamofobia, já que mesquitas também foram atacadas", afirmou o ministro do Interior Bernard Cazeneuve em entrevista a uma rádio, após a detenção de Dieudonné. No dia anterior, Cazeneuve havia declarado que o comediante demonstrava "irresponsabilidade, desrespeito e uma propensão a estimular o ódio e a divisão que são simplesmente insuportáveis".

Antes de ser preso, Dieudonné respondeu ao ministro em sua página do Facebook, dizendo que apoia as vítimas do ataque ao Charlie Hebdo e que havia marchado em defesa da liberdade de expressão. Ele declarou também que seu comentários foram mal interpretados. "Eu só quero fazer as pessoas rirem, rirem a respeito da morte da mesma forma que a morte ri de nós", disse ele.
Fonte: Dow Jones Newswires e Associated Press.

Fonte: Estadão Conteúdo
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