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Opinião
31/07/2014 16h52

“ Avante, filhos da pátria, o dia glorioso chegou...”

José Francisco Mattos e Silva

Por José Francisco Mattos e Silva

“Para compreender a Revolução Francesa é preciso amá-la”, eis o que diz o historiador Frances Alphonse Aulard, isto porque a Revolução Francesa ocorreu em 1789 em meio a uma série de revoluções em Genebra, na Bélgica, nos Países Baixos e a mais importante é a revolução norte-americana, isto é, a revolta das trezes colônias inglesas da Costa Leste da América do Norte contra sua metrópole, entre 1776 e 1783 e diferente de qualquer revolta, a revolução francesa foi mesmo uma revolução, ela mudou o curso da história.

A França setecentista vivia sob as amarras do “Antigo Regime”, o reino da França que era uma monarquia onde Luis XVI e sua esposa Maria Antonieta, que não eram pessoas más, mas que não conseguiram defender as reformas propostas pelos ministros Turgot, Necker e outros, mantendo sobre toda a França a desigualdade que era evidente com a sociedade divida em ordens aonde a frente vinha o clero católico que era o único que podia ensinar e muito rico em terras e rendas, depois vinham os aristocratas que compunham a classe da nobreza e eram privilegiados pelos títulos honoríficos e também fiscais e os camponeses que como a classe média do Brasil hoje suportava todo o peso dos impostos reais e eram humilhados pelas classes tidas como superiores e eram chamados de Terceiro Estado.

Com as causas profundas deste velho esquema carcomido conjugadas como o absolutismo de Luis XVI e por uma profunda desorganização nos limites administrativos que só causava ao povo profunda resistência a continuação da forma com que o estado frances era governado, o povo, inspirado pelos ideais Iluministas, sobretudo pela inspiração de Beccaria, Montesquieu, Voltaire, Rousseau, Diderot, cada um com seu estilo, fizeram ressoar a voz da filosófica contra a intolerância religiosa e em defesa das liberdades, contra o arbítrio do absolutismo e em defesa de um regime político em que os cidadãos, protegidos por uma Constituição, pudessem participar da administração do Estado.

Os parisienses, em busca de armas, no dia 14 de julho invadiram a Bastilha, onde havia apenas seis presos, e tomando as armas, representando uma mobilização popular contra a tirania real, deflagrando todo o contexto revolucionário que se seguiria, a queda da bastilha, comemorada hoje, é tão importante para a França, como o 07 de setembro deveria ser para o Brasil.

A Revolução Francesa muda o curso da história, em breve instala-se uma Assembléia Nacional Constituinte e em agosto são anunciados os princípios da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, o feudalismo francês chega ao fim, os cidadãos passam a ser livres e iguais, começa um gigantesco trabalho de transformação e de renovação social cujas luzes se espalham por todo o mundo e que no contexto francês como o dos federados que partindo de Marselha cantam “ Avante, filhos da pátria, o dia glorioso chegou...” ocasionando o fim da monarquia, a ruptura com a Igreja, culminando em diversos movimentos futuros como a primeira republica, o Terror com a figura emblemática de Robespierre e curiosamente a necessidade de modificar inteiramente o tempo e o espaço, nascendo daí a medida único, universal, nasceu o então o metro, a décima milionésima, surge o governo do Diretório com o conceito de conspiração dos iguais que pretendi tomar o poder para implantar uma sociedade onde a terra pertenceria a todos a todos e a repartição da produção seria feita de maneira igualitária, e, como cediço, a ascensão de Bonaparte ao poder, etc...

Neste julho de 2014 o que podemos ressaltar ao fazermos memória da Revolução Francesa? Toda revolução é feita de sombra, mas, acima de tudo, de luz. A Revolução Francesa foi violenta, às vezes descontrolada, por vezes necessária, outras não. Que isso sirva para nos deixar atentos, a violência ainda continua solta, seja pelos Estados seja pelo povo, como estamos reagindo?

Mas a Revolução Francesa continua sendo, como foi, a base para uma enorme esperança, a esperança de mudar o mundo, eliminando as injustiças em nome das luzes da razão e não de um fanatismo cego, seu êxito só foi possível, dentro dos campos da economia, social e cultural, graças à união das classes populares e da burguesia, que inspiraram as bases sobre as quais progredimos até hoje no campo da política.

A Revolução Francesa continua, e é, também, a nossa revolução, e é por isso que eu a amo. Ela nos inspira sobre o tripé da Igualdade, da Fraternidade e da Igualdade a unir forças em prol de um objetivo comum. Quais são os tiranos deste Brasil de julho de 2014? Quais são as forças ameaçadoras das garantias individuais e fundamentais? A Revolução Francesa inspira hoje a necessidade de uma nova revolução, a revolução da Igualdade consubstanciado na necessidade, no dever e no sonho de que temos de mudar o mundo. A Revolução Francesa é como dizia Labrousse “a revolução das antevisões” e é pela sua história e por seus inúmeros personagens que devemos transmitir as futuras gerações um princípio maior: os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos.

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