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Opinião
29/05/2019 15h33

A HISTÓRIA NÃO CONTADA DO BOI ESTRELA

Por Henrique Selva Manara

Parte da
historia não contada
Do Boi Estrela
Que na verdade 
antecede 
A palavra escrita
Era que o Boi 
antes de se chamar 
Estrela
Se chamava 
Boi Brasil 
Ê Boi!

Boi que desmorreu
Pelos índios

Boi 
Que no seu galope solar
Vai deixando rastros 
De pedrinhas 
Miudinhas indicando
Sua morada 
Nas veredas de Aruanda. 
Parte dessa história 
A que não foi contada 
É que o fazendeiro 
Que sequestrara 
O colosso e
se achava dono
Do Boi Brasil
Era o Capiroto
O Sete Peles
Cramunhão
O Coiso
O Coiso.
E o Coiso queria 
Ser dono do Boi
Que era forte
E bendito
De cura
Sabia achar a água 
Pro ribeirinho
E rodava o moinho da cana
Ê Boi Brasil!

Mas o que se 
Aconteceu na história 
E que a palavra 
Não escreveu 
É que o Boi Brasil
Queria ser Estrela 
Livre no verde 
E no azul
Vivendo no meio 
De um cruzeiro 
Celestial. 
Foi assim que o Boi
Transou um plano.
No seu canto 
Matutino
Enfeitiçou dois peregrinos 
O nêgo Chico e a menina
Catarina
Cada um vivendo 
No seu lado oposto 
Do Rio
Se olhavam 
De longe
E sonhavam
Com o gosto
Do desconhecido
E foi pelo canto 
Do Boi feiticeiro
Que os dois se lançaram 
Para dentro do rio 
Nadando em fortes 
Braçadas 
Daqueles que 
Não temem a própria
Morte 
Nem fogem à luta
Dois se fizeram
Um num abraço 
Que virou canoa
E os conduziu 
Pelas correntes do rio
À uma cachoeira
Que corria 
Para cima
Em grandes explosões
Leitosas
A cachoeira
Corria e subia
Subia
Subia
Subia 
Contrariando toda
Gravidade
Celebrando toda
A leveza de ser.

Desse nadar
Pelo tempo
Eis que na terra 
de Catarina
E Chico 
Despertaram
As primeiras sementes 
De Jurema
E o Boi Brasil
Impávido 
Cantou para Catarina 
E Chico
Uma canção 
Tântrica 
Um mantra 
De comunhão. 
Chico e Catarina
Apaixonados
Pelo gigante
Dão as mãos 
Para libertar 
O Boi Brasil
Mas o Coiso
Espreitando em sua
Covarde armadilha
Disparou um tiro 
Ardiloso no casal
Que tentava abrir 
A porteira 
Da terra de todos 
O Boi 
Em seu salto
De búfalo 
Se fez de escudo 
Para o amor.
O Coiso 
Em sua covardia
Perseguiu o casal
Marcando 
a culpa
Da tragédia 
Nos dois que
Quase nada tinham
A não ser um
Ao outro
E seu rio
Rio que nunca 
Parou de correr
E que ainda
Hoje 
faz o moinho girar.

Catarina e Chico
Em suas fugas 
Encontraram lobos
E homens
Que mais lembravam
Carniceiros
Mas sua sina 
Não se findou na
Mão do torturador
E foi na casa do Pai
Da Mata
Que descobriram 
Sua rendição 
Com o peso do
Boi nas costas
Cantaram e dançaram 
Com o pajé 
Uma canção 
Eis que o Boi Brasil 
Se levantou
E em seu voto de
Raios cintilantes 
Brilharam as escamas
De Oxumaré
Boi Brasil
Se transformou 
Em Boi Estrela
Subindo aos céus 
Iluminando
A vida dos peregrinos 
Que desviam 
Seu caminho do
Coiso
Sem temer
Um novo amanhã.

Quem me contou 
Essa história 
Foi meu avô 
Sentado em 
Seu banco
Fumando seu cachimbo
Me mostrando o 
Rastro do Boi Estrela 
Mas pedrinhas miudinhas
Que todo dia encontro 
No caminho 
E meu avô dizia:
É preciso conhecer 
A história 
É preciso conhecer 
A história 
para
Se desviar 
Das artimanhas 
do Coiso.
Se o Coiso te chamar
Você vai com ele? 
Com ele não, com ele não.

 

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