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Opinião
03/10/2013 10h14

Cidadania

José Francisco Mattos e Silva

por José Francisco Mattos e Silva

 

É muito importante, importante mesmo, entendermos o que é cidadania. Fala-se tanto, nos noticiários, nas propagandas políticas, nas inaugurações das obras públicas. Discute-se cidadania das tribunas das casas legislativas. Cidadania é hoje uma das palavras mais usadas todos os dias. Essencialmente, cidadania significa o direito de viver decentemente.

Cidadania é o direito de ter uma idéia e poder expressá-la, sem medo. É poder votar em quem quiser sem constrangimento. É processar alguém que nos cause dano. É poder recorrer à Justiça para garantir seus direitos seja contra um particular ou contra o Estado sem o constrangimento de que o “político reinante” ou seus amigos torçam o nariz para você. Cidadania é submeter-se ao direito de punir do Estado quando o cometimento de algum delito. Cidadania é poder devolver um produto estragado e ter seu dinheiro recebido de volta. É direito de ser negro, índio, branco, amarelo, vermelho, verde ou azul sem ser discriminado. Cidadania é o direito de ter sua opção sexual ou praticar uma religião sem ser perseguido. Cidadania é não ultrapassar o sinal vermelho no trânsito, não jogar lixo na rua, respeitar o idoso. Cidadania não é apenas o direito de receber as várias “bolsas” no final do mês, cidadania é respeitar a coisa pública, o patrimônio público.

Cidadania é o direito de ter direitos, tendo deveres. Cidadania é fruto de um processo de lutas da humanidade, uma luta dura, difícil. A cidadania nasceu quando abrimos os olhos para a mais concreta realidade do Universo, a verdade de que todos somos livres e de que devemos ser iguais diante da lei (se há dúvidas quanto a isso, vamos visitar um cemitério, a terra iguala todos nós) e nos submetemos a uma ordem pela qual nossa liberdade é mitigada em razão do bem estar coletivo, valendo lembrar aqui aqueles que deram a vida para combater a falsa concepção de que o “rei” tudo podia porque tinha poderes divinos. Infelizmente, hoje surgem novos “rei” e “rainha” se sobrepondo com sua corte aos valores do direito posto, mas que, pelo tamanho dos desmandos, faz nascer, novamente, um novo sentido do que seja cidadania, ainda bem que o povo sempre acorda nos momentos de autoritarismo.

Cidadania é pensar. Setembro é o mês da cidadania no Brasil, mês que se celebra o dia da Pátria. Nas ruas de quase todos os municípios brasileiros escolas, as Forças Armadas, movimentos estudantis, grupos religiosos, grupos que defendem suas idéias e suas opções, mascaradas sem máscaras, Chefes de Poderes da República, todo o povo, desfila em torno de um ideal de cidadania expressa no sentido da pátria livre, a lendária frase de Pedro I: “independência ou morte”. Apenas um dia, 07 de setembro, a cidadania toma forma nas ruas, coloridas de verde, amarelo, azul e branco.

O festejar apenas no 07 de setembro a Pátria é prova  da carência de cidadania que assola nosso Brasil. Não se apregoa mais o que seja Pátria ou Nação. As escolas que marcham no 07 de setembro pouco falam sobre a história do Brasil, não ensinam mais os valores da sociedade, aboliram disciplinas que ensinavam a amar a Pátria. Os políticos que enfeitam os palanques no 07 de setembro dão diariamente exemplos de que são tudo, menos patriotas. O que mais se fala nos noticiários do Brasil ou nas conversas dos bares no interior é o mau uso dos recursos públicos, os homens públicos do Brasil, os políticos, infelizmente, são apontados como homens corruptos, sem credibilidade. As crianças que marcham felizes com bandeiras nas mãos mostra que no Brasil até hoje temos uma democracia de papel, uma cidadania de fantoches onde ainda existe milhões na miséria, o voto nem sempre é livre, nem todos tem acesso a informação, somos governados por um bando de acusados de corrupção, muitos morrem nas filas dos hospitais, o analfabetismo é assustador, os índices de evasão e repetência são altíssimos, o país é tão rico e ainda somos tão pobres, não pobres financeiramente, mas somos pobres de cidadania, nem todos temos direito a instrução, saneamento básico é coisa para poucos, as drogas atacam e levam a morte milhares de milhares, enfim, é necessário, novamente, um grito de “independência ou morte”, sem o sofismo da estória mal contada pelos livros. 

Que setembro de 2013 inspire em todos nós o valor de cidadania. Estamos vivendo em um Brasil decente?

Todo brasileiro tem o direito de viver decentemente?

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