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Opinião
29/02/2012 11h20

Coluna - Na Fumaça do Trem Heleno, um mau caráter sobre trilhos

Heleno, um mau caráter sobre trilhos

Me valendo da proibição do uso de medicamentos sem receita médica, onde campanhas alertando a população vem sendo intensificadas através da mídia de forma massificante a essa prática tão comum entre nós, brasileiros, me veio à lembrança um fato ocorrido e vivenciado por meu pai Luiz, cujo episódio me ponho a escrevê-lo.


Entre os inúmeros colegas de profissão que na época como caixeiros viajantes, viviam a percorrer as cidades interioranas; no caso o sul de Minas, a negociar seus produtos, havia um cidadão, bem apessoado, sempre elegante, com o domínio da oratória a cativar as pessoas; de nome Heleno, que no alto do seu pedantismo até esnobativo e não se intitular como caixeiro viajante, dizendo-se ser um “representante comercial de laboratório farmacêutico” com seu ar pernóstico por estar junto aos médicos a apresentar as últimas novidades farmacológicas, e óbvio nas visitas também às farmácias. Afinal, sem os produtos às prateleiras como os doutores iriam prescrevê-los aos pacientes?


Numa ocasião, Luiz, à plataforma da estação ferroviária de Lavras, encontra-se com Heleno. Após os cumprimentos, põem-se a conversar aguardando o expresso. De súbito, sem mais nem menos, Heleno arregalando os olhos como algo o deixasse apavorado, sai num repente a deixar Luiz atônito, a virar-se a ver o que havia e nada observou que pudesse justificar sua abrupta atitude. De repente um cidadão se chega a indagar sobre o “Dr. Heleno”.


Um tanto espantado, sem ter o que responder, Luiz dando de ombro limitou-se a dizer que não sabia, pois o dito cidadão o deixou sem nada dizer. Mas curioso, perguntou se necessitava de algum recado, já que sempre cruza com ele no seu dia-a-dia às estações, vez que operam como caixeiros viajantes e os seus encontros são freqüentes. O homem um tanto confuso retrucou: - Safado! Ele então não é médico? Visivelmente irritado põe-se a falar, se mal dizendo por ter acreditado no “cachorro” e contou a vergonha que o fez passar perante a sua mulher.


“Depois de um encontro casual, nesta estação, após as prosas de praxe enquanto aguardávamos o trem, ao lhe revelar que ultimamente o desejo sexual vem dando falhas e, como tal, me deixando avexado diante da mulher, já que sempre cumpri com as obrigações de marido, o sem vergonha dizendo-se médico, resolveu me ajudar se interessando pela minha “cruz”, oferecendo-me um remédio que solucionaria meu problema. Abrindo a pasta, retirou duas caixas, onde orientou-me a tomá-lo: uma colher de sopa pela manhã e outra a noite, até o final dos vidros.


Entusiasmado, acreditando no dito “Dr. Heleno”, o agradeci indagando sobre o pagamento da consulta, a qual fazia questão em pagar. Todavia, o canalha sorrindo, disse que não precisava, pois apenas queria ajudar-me e que só pagasse os vidros. Sem pestanejar, lhe paguei o devido. Afinal o “Dr. Heleno” mostrou-se muito humano me dando a devida atenção. Sem dúvida foi um bom homem, compadecendo-se da minha enorme e triste sina pela decadência masculina.


Passei então a tomar o remédio de acordo com as orientações. Só que o efeito desejado pareceu não surtir, pelo contrário, passei a ter dores de estômago e diarréias constantes. Um dia ao retornar do trabalho, me sentindo bem debilitado e amargurado pelo não efeito do remédio e nas dores e diarréias que me consumiam a ponto da minha mulher se assustar com meu estado físico e depressivo, indagou-me que remédio era aquele que estava no meu armário e se eu vinha me utilizando  dele. Um tanto envergonhado lhe contei o porque e vinha sim fazendo o uso de acordo com a prescrição do médico.


Aparvalhada, não acreditando e estranhando, retrucou que seria impossível, pois esse remédio é só para mulheres, vez que trata de uma medicação a regular a saúde do ciclo menstrual e que a fórmula não tem nada a ver com o homem. Trepliquei, dizendo ser por isso que achei de usá-lo. Afinal o nome é “Regulador Xavier”, a saúde da mulher. Ora, se diz que regula a saúde da mulher, porque não tomá-lo, e ter também a minha saúde regulada?”


Já viajando no expresso, eis que chega, um tanto ressabiado, Heleno, a perguntar se alguém o procurou. Claro, foi a resposta de Luiz, a dizer que o homem furioso que ele fez usar o remédio para melhorar a performance sexual, com o produto do seu laboratório, caro “Dr. Heleno”. Muito irado, deu o recado informando que quando o encontrar fará você engolir um vidro do seu remédio: o Regulador Xavier. Portanto, se cuide “Dr. Heleno”, pois suas “armações” estão em baixa como a virilidade do ingênuo cidadão!

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