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Opinião
28/11/2013 17h14

Cuidado, a curiosidade às vezes...

José Luiz Ayres

por José Luiz Ayres


Lá íamos nós descontraídos, passeando pelas ruas da agradável cidade de Serra Negra, SP, juntamente com uns amigos formando nosso grupo de turistas a curtir, como todo visitante, às delícias interioranas e a percorrer o diversificado  comércio, quando após saborearmos delicioso cafezinho, fomos nos sentar à praça, cujo movimento de pessoas se apresentava bem concorrido. De súbito, ao percorrer o visual interessante, onde crianças brincando alegremente, pessoas a conversarem, lendo jornais, cochilando, absortas e aposentados a curtirem seus jogos de damas, suecas e outros, observei que três ciganas, caracterizadas pelas vestimentas espalhafatosas, que abordavam os passantes no intuito claro, de ver a sorte através da quiromancia (ler a mão) dos possíveis incautos e adeptos de tal prática.

Chamando a atenção ao grupo, afinal este tipo de coisa, a muito não é comum e visto nas nossas cidades, um dos amigos, por sinal o mais descontraído e extrovertido considerado por nós como o “palhaço” no bom sentido, dado a espontaneidade e a alegria, ergueu-se do banco a dizer que ia ler sua mão, pois queria conhecer sobre o futuro e se a sorte lhe seria favorável jogar na sena acumulada desta semana. Obvio que achamos o intento como mais uma gozação, todavia para surpresa, mostrando-se convicto, falou sério afirmando que iria até uma das ciganas saber do seu futuro. Retrucando, mesmo não crendo na sua intenção, disse-lhe que esta prática era um engodo, cuja tradição não mais vigora e muito menos mantem-se entre nós a nos proporcionar ilusões e decepções, como também nos levar a depressões pelos absurdos proferidos com relação a saúde, que muita das vezes causam grandes dramas em família. No que fui corroborado pela totalidade do grupo, inclusive apoiado pela sua mulher a dizer que não fizesse isso.

Sem dar ouvidos, sorrindo e contrariando, lá foi o Roberto à direção das ciganas a nos deixar perplexo, mesmo imaginado que sua atitude era apenas mais uma de suas gozações. Só que isso não ocorreu, ao abordar a mulher e sentar dando-lhe a mão a ler.

Com pouco mais de dez minutos, de retorno chega Roberto cujo semblante parecia expressar um certo ar de preocupação, a dizer que foi bom aquele encontro. Só que o que fora passado, infelizmente não era para revelar e sim guardá-lo para si. O que de certa forma nos deixou um tanto constrangidos, embora procurasse quebrar o clima pelo impacto a contar suas piadas costumeiras.

Daquela manhã em diante, para nossa tristeza, seu temperamento mudou, dando lugar a um semblante diferente cuja mutação fisionômica o deixava meio esquisito sem que sua excentricidade se fizesse mais atuante, até nos despedirmos em nossos bota-foras dois dias depois, onde ao nos abraçarmos, desculpou-se por não poder ter sido aquele amigo de sempre e que lamentava não aceitar minhas ponderações com relação a tal quiromancia das ciganas, que como disse, poderiam nos levar a preocupações. Mesmo sem querer saber o que lhe fora passado, dei força para superar o tal momento, a dizer que o seu arroubo foi apenas um instante malogrado, que serviu para não cair novamente em crendices deste tipo.

Moral da história: A curiosidade é uma qualidade que todos nós possuímos pelo desejo de conhecer algo além do nosso alcance, ou integrarmos naquilo que pouco conhecemos sem atentarmos às consequências que possam causar tanto ao bem como no mal.

Ah!!! Esses turistas dotados de excentricidade, achando que nada os fará demover de seu humor e tem a curiosidade como um predicado a mais sem se importar com as ditas consequências, são sem duvida uns pessimistas inveterados a mostrar o quão são pitorescos.


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