Por Stefan Salej
Todo arranjo geo- político leva em consideração as águas. Sejam rios, mar, lagos, nascentes de rios, águas subterrâneas, e todas as outras formas que nos permitem acesso a água. E não existe nenhuma estratégia militar aliada a estratégia política que não leve em consideração estes aspectos. E mais: sem água não ha sobrevivência humana, não ha desenvolvimento econômico, não ha vida. Simples assim.
E quanto destes preceitos são colocados em pratica pelas nações é que determina o seu grau de desenvolvimento. Nações fortes e desenvolvidas tem políticas referente água, seja doce ou salgada, como a base de sua política de sustentabilidade. Os países não esperam chegar a crise de água, seja nos lares, seja na indústria, seja na agricultura, mas planejam seu desenvolvimento em torno de recursos hídricos. Bom exemplo disso é Israel, um pais essencialmente sem água e com pouco mar. Os israelenses logo apos a sua independência em 1948 fizeram uma rede de aquedutos e sistema de abastecimento que foi a base de seu desenvolvimento agrícola, de assentamentos humanos e de indústria.
Na grande crise econômica de 1929 nos Estados Unidos, o governo do Presidente Roosvelt iniciou um programa no Vale Temesse, em curso ate hoje e que mudou a face de desenvolvimento daquele pais. Alias, não é de hoje que a preocupação com água era a preocupação fundamental dos governantes: ainda ha cidades europeias que tem a rede de água e esgoto feitos pelos antigos romanos. E a rede de aproveitamento de água de Paris, que vale a pena visitar, foi feita ha mais de um século e é um exemplo de reaproveitamento de água.
No Brasil não ser a crise deste ano, não se tem consciência nem da riqueza que a água representa, e nem de ameaça que é, devido a ausência de política e a gestão adequada. Você já ouviu que Congresso Nacional debatesse esta questão e criasse uma política de gestão de águas no Pais? Claro que não, porque só se debate, quando falta. A quantidade de órgãos que cuidam da questão inclusive Agencia Nacional de Águas, ANA, é enorme e todos eles só tratam de regulamentos e obras. Alias, a transposição de Velho Chico, faz parte deste imbróglio.
E mais, água custa. E quem usa, tem que pagar. E por aqui quem abusa do uso, como mineradoras, e provocam desastres ecológicos, é que pagam menos e tem mais atenção do governo do que todo o sistema de saneamento e sustentabilidade do pais inteiro. A ultima crise de água no Brasil pela maneira que administramos este bem precioso da vida, não nos ensinou nada. Então, nem São Pedro vai cuidar de nossas águas.