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Opinião
11/07/2013 15h18

Dois morcegos e uma morcegada

José Luiz Ayres fala sobre suas histórias.

Numa ocasião, desfrutávamos do aprazível Hotel Fazenda Raposo, à cidade hidromineral de Raposo, RJ, ao norte fluminense, cujo atrativo maior além das águas de excelente qualidade, é o comércio artesanal de lingeries e roupas de linho muito procuradas pelos ditos “sacoleiros”, quando tivemos o desprazer de presenciar um episódio atípico aos padrões habituais na desavença entre casais.

Ao chegarmos para o desjejum matinal, uma mulher a qual fizemos amizade durante os dias que lá estivemos um tanto magoada, triste e bastante envergonhada, nos solicitou ajuda a fim de que tentássemos contornar o drama que passou a viver. Conduzindo-nos à varanda, pôs-se a narrar.

“Eu no início da noite, quando após o banho e deixar o banheiro à direção do quarto, e desenrolar a toalha a volta do corpo e abaixar-me no intuito de ligar o secador de cabelo sobre a cama, ouço um ruído seguido de um sopro que me fez de imediato erguer a cabeça. Apavorei-me ao deparar com dois enormes morcegos voando de um lado para o outro em voos rasantes. Assustadíssima me pus de joelhos ao chão e engatinhando me arrastei apavorada ao corredor que dava acesso à porta. Só que ao me aproximar do frigobar, me vi em desespero ao observar que um dos quirópteros posado sobre a geladeira devorado uma das maçãs que havia deixado. De súbito, alçando voo deixou o local e pude seguir o meu objetivo em atingir a porta. Entretanto ao tentar girar a maçaneta, sinto o ruído  seguido de um toque nos meus cabelos, que me levou a gritar por socorro.

Descontrolada e impulsionada pelo pavor, acionei a maçaneta e a porta se abriu, onde num rompante atingi o corredor externo livrando-me do ataque das criaturas vampirescas. Aliviada, ergui, pondo-me de pé, no que veio a fazer com que me tocasse, pois me encontrava totalmente nua. Preocupada, desatinada, já que novo problema surgiu, resolvi voltar ao quarto e enfrentar os morcegos. Porém, ao girar a maçaneta, a porta não se abriu. Estava trancada e por mais que forçasse não consegui êxito, já que a tranca interna fora por mim acionada. Aflita, saí em busca de alguma porta que estivesse aberta, quando ouvi movimento à escada. Apavorada acionei a fechadura de uma porta que por Deus se abriu e eu entrei. No interior do quarto, chamei por alguém e não obtive resposta. Caminhei então pelo lavabo e visualizei  sobre a cama uma talha a qual me utilizei enrolando-me. Só que mais tranquila, observei  que havia luz no banheiro e barulho de chuveiro.  Mais que depressa retornei e quando coloquei a mão à maçaneta , a porta escancarou-se entrando uma mulher, que se espantando, perplexa e interrogativa vociferou:- Que significa isso?

Tentando me explicar, a mesma furiosa passou a me agredir violentamente com tapas, socos e palavras impublicáveis. Me defendendo e óbvio desarticulada, pedia calma, quando um homem, nu e molhado, se chega e põe-se a nos separar, que por sua vez passa a ser agredido pela ensandecida mulher. Aproveitando-me do momento, sai porta a fora descendo a escada, indo solicitar da portaria a duplicata da chave. Mais que depressa retornei ao quarto, onde podia ouvir ainda o falatório acalorado entre o casal no seu quarto, Abrindo a porta apreensiva e receosa, felizmente os quirópteros já não estavam mais, pois saíram pela janela que inadvertidamente havia deixado aberta, sem que imaginasse que fossem atraídos pelo aroma das maçãs!

Por isso procurei vocês, visando me ajudar a sair dessa morcegada que aprontei, a qual estou me sentindo moralmente arrasada.

Moral da história: o casal deixou o hotel àquela manhã reclamando sobre a frequência e a acolhida dada aos seus hóspedes, a aceitar qualquer tipo de gente em suas dependências.

Ah... esses turistas precipitados  quando se veem envolvidos por situações que fogem as suas tolerâncias e se mostram intransigentes, são de fato muito pitorescos...

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