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Opinião
12/08/2016 09h24

Dos 115 Anos de Entidades Empresariais

Por Stefan Salej*

Esta difícil achar uma empresa centenária em Belo Horizonte. Cedro Cachoeira, centenária e ainda mineira. Diário do Comércio, 82 anos. Casa Artur Haas, não existe mais. Quem mais mesmo? Mas, os 115 anos da Associação Comercial e Empresarial de Minas, fundada junto com a nova capital, nos levam a reflexões sobre a perenidade empresarial e também a das entidades classistas. Como uma entidade que se sustenta com recursos voluntários dos associados consegue a renovação e mantém seu papel de aglutinar os empresários e empresas?

Aliás, despreza-se o papel de entidades empresariais voluntárias, como a ACM, em todo o estado. Há muito mais associações comerciais espalhadas no estado do que sindicatos filiados às federações de indústria, comércio, transportes, com exceção dos sindicatos rurais, que são os mais numerosos na área empresarial no estado. Como as entidades sindicais recebem recursos obrigatórios e têm por isso orçamentos gigantescos, incluído aí os orçamentos do sistema S, que inclui as ações sociais e educacionais, elastêm aparentemente uma força política impar. De um lado, seu nível de transparência, apesar de receber recursos, é basicamente interno, por outro lado algumas delas usam publicidade institucional bem pesada para mostrar uma imagem que esconde o que de fato acontece na gestão.
Em Minas, só a agricultura pode dizer que sua entidade corresponde ao seu tamanho na economia e a sua gestão não é caso de polícia ou justiça. Uma entidade está sob inquérito da Policia Federal e outra, na justiça estadual. E a terceira, das poderosas, politizou a tal ponto, que seu presidente nacional está sob vários inquéritos judiciais. Outra questão é o continuísmo. Numa entidade dessas, acham-se no direito sereno de simplesmente continuarem na presidência os sócios da mesma empresa, ou então proporem a mudança de estatuto, que prorroga a gestão dita democrática para sempre.
Se os empresários querem ter um papel de liderança no desenvolvimento do país, do seu estado e do seu município, têm que seguir no mínimo o exemplo centenário da ACM: objetivos claros, consensuais, transparência na gestão, democratização da gestão e sucessão com acesso dos sempre mais e mais jovens, e trabalho pelo associado e pela comunidade. A entidade empresarial existe para desenvolver a sociedade como um todo, através da ação empresarial. E não para desenvolver o interesse político ou a ambição financeira de indivíduos ou grupos dirigentes, usando todos os meios, inclusive a perseguição dos que não concordem com isso, para se manter no poder fictício,porém às vezes lucrativo.
Não faltam bons exemplos e esta comemoração dos 115 anos da ACM, como dos 60 anos da FAEMG recentemente, servem justamente para repensar o papel responsável que entidades empresariais têm na sociedade. Ou o irresponsável que possam ter.

*Stefan Salej - Consultor internacional - Ex Presidente do SEBRAE e da FIEMG Federação das Indústrias de Minas Gerais

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