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Opinião
19/09/2013 11h21

Fatos marcantes na querida cidade (parte II)

Filipe Gannam conta mais um capítulo de sua história na cidade querida.

por Filipe Gannam

 

1-Em um dia qualquer, por volta de 1954, um boato correu na singela cidade: Nossa Senhora havia aparecido para algumas crianças, no Cafundó. Grande parte da população se deslocou para lá.  O saudoso vizinho, Walter Chaib, colocou-me e a meus irmãos, na carroceria de sua caminhonete e nos levou para finalmente conhecermos a mãe de Jesus Cristo. Afinal, minhas irmãs e eu rezávamos todas as noites, ajoelhados e de mãos postas, pedindo que ela aparecesse para nós, como diziam que fizera com os pastorinhos portugueses no começo do século XX. Se era verdade que não fora para nós, pelo menos seria em nossa cidade, que, a partir daí, certamente se tornaria conhecida em todo o mundo. Chegamos ao local indicado e vimos centenas de pessoas afluindo em número cada vez maior. Era um lugar onde vários eucaliptos estavam plantados. Lembro-me de que ninguém conseguia ver nada até que um menino subiu  quase o alto de uma das árvores para mostrar o galho em que ela estaria. Mas a ansiedade não foi compensada para nenhuma daquelas pessoas. Por fim, alguém teve a ideia de ir buscar o nosso vigário, Frei João Bosco para dar sua opinião. Lembro-me como se fosse agora do momento em que ele chegou, vestindo a batina marrom dos franciscanos e também pareceu decepcionado por não ver nada. Meneou a cabeça e sinal de desaprovação e foi-se embora E a multidão lentamente e frustrada foi deixando o local aos poucos.

2-Era um dos primeiros dias de janeiro de 1956, penso que uma terça-feira. Manhã ensolarada. Eu estava na loja de meu pai. Ficava no prédio da Wenceslau que se segue ao Hotel Londres até hoje presente na paisagem. Um primo de minha mãe que veraneava aqui, passou lá com a esposa. Mamãe também estava presente. Ao se despedirem ― hospedados no Hotel Negreiros ― combinaram passar lá novamente na volta do Parque das Águas.  E eu comentei que a esposa era muito bonita. Passado pouco tempo, vi um sujeito correndo atrás de outro, no meio da rua descendo em direção ao Parque. Ouvia gritos de pega ladrão assassino e outras coisas. Minha tia, Suraia, recentemente falecida, gritava no meio das inúmeras pessoas que se punham na rua para assistir à cena: ― moço, ele está armado, moço!No final, chegando mais ou menos onde hoje está o Calçadão, na esquina do saudoso Restaurante Lusitânia, de Antônio Neto, houve o assassinato. O assassino correu em direção ao Hotel Negreiros, onde foi preso. Era aquele primo de minha mãe que pouco tempo estivera na loja.  Imaginem isso há mais de 50 anos naquela cidade pequena. O motivo do crime foi que o morto, que era um oficial da Marinha, fora acusado de ter vindo a São Lourenço atrás de sua linda esposa. Na sequência, ele foi condenado, mas ficou pouco tempo preso. Lembro-me de meus pais tomando uma charrete para visitá-lo na cadeia. Mas aí minhas lembranças se confundem. Não sei se ele ficou preso em Pouso Alto, comarca a que pertencíamos e se na verdade a charrete era para ir à estação ferroviária para viajar. Talvez minha mente infantil tenha guardado o nome da vizinha cidade porque o juiz era o de lá e não porque a cadeia em que esteve preso ali se situava.

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