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Opinião
02/05/2018 17h32

Francisco Ceballos Tormo

Nossa Gente, Nosso Orgulho - Por Teresinha Maria Silveira Villela

A Europa ia se acalmando aos poucos após a grande convulsão: a segunda guerra mundial havia chegado ao fim. Muitos morreram em nome da paz, deixando saudade e dor no seio das famílias. A economia desestruturada e a escassez de empregos foram os motivos que fizeram Francisco Ceballos Caparros a imigrar para o Brasil a procura de paz e de uma vida estável para a família. Chegou ao Brasil em 1951.

Na Espanha, Valência, a cidade das flores, ficara a esposa Rosário Tormo Solaz e os filhos: Francisco, Rosário, Arthur, João, Maria dos Desamparados e Joaquina Aparecida. No ano seguinte, 1952, a família deixou a Espanha e veio ao seu encontro.

Francisco, o primogênito, tinha 14 anos. É fácil imaginar o quanto ele esperou o momento de abraçar o pai. Sorria de alegria pensando no reencontro. Chorava de saudade da terra que o viu nascer. O navio atracou no porto de Santos. Impossível descrever a magia daquele momento. A família conseguira ficar reunida, coesa e feliz, na emoção de um só abraço.

O nosso Francisco emocionou-se com a linda visão da Bandeira Brasileira tremulando ao vento; o Exército desfilando e o rufar dos tambores na manhã ensolarada do dia sete de setembro de 1952. Aquela imagem marcou o seu primeiro dia em terras brasileiras. Deixara a Espanha das castanholas e chegava ao Brasil ao som dos dobrados, dos clarins e da cadência dos tambores. Francisco, abraçado ao pai, observava o desfile se distanciando na longa avenida. Era o Brasil se anunciando... Sua nova terra! Pisou nosso chão sentindo o patriotismo dos brasileiros e a importância de uma família reunida.

Seus olhos marejaram de emoção! O verde e amarelo do Pavilhão Nacional tinha muito a ver com a beleza dos campos de girassóis da Espanha. O tempo passou depressa...

Aos dezoito anos Francisco excursionou, em férias, com um grupo de amigos para São Lourenço. Gostou imensamente da cidade...
A 28 de dezembro de 1963, Francisco casou-se com Dolores Cerrano Ceballos na Igreja do Carmo, em Santo André - São Paulo. Os filhos foram chegando: Fernando, Javier, Victor e Roberto.

Francisco trabalhava em laboratórios fotográficos e foi de grande importância sua passagem pelos laboratórios Fotocolorlab e Fotocurt.
Em determinada ocasião, Francisco e Dolores resolveram deixar São Paulo e instalarem-se em uma cidade do interior, onde pudessem desfrutar de um clima mais puro e maior liberdade para os meninos. Escolheram São Lourenço. Chegaram a dezoito de janeiro de 1975. Nesta cidade nasceu Ana Lúcia, a caçula.

O laboratório Fotográfico SulMinas funcionou por anos à rua Melo Viana e depois mudou-se para a rua Dom Pedro Segundo, com laboratórios ampliados e visual que agradou a todos. A primeira residência da família foi à Rua Melo Viana, mais tarde construíram sua sonhada residência à Rua Tiradentes.

Mais tarde, recebe a maior Condecoração da cidade, torna-se Cidadão Honorário de São Lourenço e, considerando-se brasileiro, talvez tenha sido coincidência que sua casa fosse construída a Rua Tiradentes. Em frente à casa plantou um “Pau-Brasil”, que regado desvelo e carinho tornou-se lindo, sobressaindo entre as demais árvores do Bairro.

Os filhos cresceram, casaram-se e deram-lhe netos; nova geração de Sãolourencianos perpetuando os Ceballos. Francisco é o mágico da imagem fotográfica! Seus filhos seguiram-lhe na profissão.

Francisco, por seu caráter íntegro e sua capacidade de ajudar ao próximo, muito acrescentou à sociedade Sãolourenciana.

A oito de janeiro de 1996, Francisco foi eleito Presidente do Asilo São Vicente de Paulo, porém, desde 1993 já prestava trabalho voluntário à entidade. Foi reeleito a oito de janeiro de 2000.

Francisco mudou o conceito de velhice desamparada dando aos idosos conforto e dignidade. Trabalhou incansavelmente reformando toda a casa: fachada, pátios, e dormitórios. Construiu a capela, a lavanderia industrial, o salão de inverno, os jardins, a sala de TV e comprou móveis novos. Fazia rifas e conscientizava os amigos da grandiosidade da obra. Venceu!

Recebeu o asilo com 23 internos e ao entregar o cargo, contava com 60 idosos. Os internos participavam de desfiles, festa de aniversários, dia das mães, dos pais, páscoa, natal e outras. Sempre gostou de programar passeios pela cidade, no trenzinho ou de ônibus fretado.

A cidade reconheceu o seu valor. Francisco Ceballos Tormo foi agraciado várias vezes com “Troféu Imprensa”; duas vezes “Personalidade do Ano” e duas vezes “Pai do Ano”. Foi condecorado com “Troféus da Academia de Letras e Ciências de São Lourenço”.

Por duas vezes foi Presidente do Conselho Municipal de Assistência Social e recebeu Comenda “Doctor Honóris Causa”, da Universidade dos Povos Americanos.

Francisco era um homem realizado, gentil, atencioso e humilde, características das grandes almas. Seus filhos são pessoas dignas e Dolores, a esposa e mãe perfeita, musa que o inspira, seu apoio, sua âncora.

Sempre preocupado em melhorar sua empresa e doar à cidade mais beleza e profissionalismo, novamente transferiu o laboratório SulMinas para a Rua Antônio Junqueira de Souza, número 92. Loja bem localizada, ampla, bonita, conservando a mesma alegria de servir o profissionalismo e união dos filhos e o sorriso amigo do Sr. Francisco, são a marca dos Ceballos.

Francisco Ceballos Tormo tem um coração diferente dos outros corações: do lado esquerdo bate ao som das castanholas, dos olés, das Touradas de Madrid; do lado direito pulsa ao ritmo dos tambores, das cuícas e dos tamborins do samba brasileiro.

Francisco Ceballos Tormo faleceu a 4 de setembro de 2013. Deixando muita saudade.

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