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Opinião
04/05/2018 17h04

FRANCISCO COLLI

Nossa gente , Nosso Orgulho - Por Teresinha Maria Silveira Villela

Luiz Colli deixou Pizza, na Itália em busca de dias melhores numa pátria distante. Chegou ao Brasil, por volta de 1885. Encontrou em Carmo do Rio Verde a nova terra e um trabalho digno, numa fazenda em Pintos de Negreiros, da qual mais tarde tornou-se sócio. Nesta fazenda funcionava a maior serraria da região, além do gado leiteiro, café e hortigranjeiros.

Vida estável casou-se com Maria Pereira Magalhães. Foi desta união que nasceu Francisco Colli a vinte e cinco de Junho de 1895. Infância despreocupada num lar bem estruturado, sem problemas financeiros, Francisco pode estudar e conciliar estudos e lazer. Mas, na década de 20, um parente empresário abastado foi à falência, levando de roldão muitos que haviam empregado suas economias no grande negócio daquela empresa. Luiz Colli também foi atingido, pois investira nos negócios do parente e perdeu quase tudo pelo qual trabalhara anos e anos...

Francisco Colli passou então a trabalhar como vendedor na loja de um tio. Com ele trabalhava Benedito Loredo Braga, Sebastião Procópio, Benedito Brás e outros. Porém esta loja também fechou, e ele, na época já dentista prático, resolveu mudar-se para São Lourenço, no final de 1922.

A cidade já despontava como centro promissor e era restrito o número de profissionais na área odontológica. Para concorrer em iguais condições com os colegas, Francisco Colli prestou exames de suficiência na Secretaria de Saúde de Belo Horizonte sendo aprovado com distinção, conforme alvará expedido. Montou, então, seu consultório no Hotel Palácio, e, lá também passou a viver.

Em pouco tempo, granjeou uma seleta clientela, conquistou inúmeros amigos e fez-se merecedor do respeito dos Sãolourencianos. E foi no consultório que conheceu um das moças mais bonitas da cidade, Léa Bacci. Casaram -se a nove de Junho de 1930.

A 17 de Dezembro de 1943, Deus os presenteou com Luiz Eugênio, o Zó para os amigos. Francisco Colli dividiu sua vida em dois grandes momentos: o consultório e a família.

Luiz Eugênio foi tudo na vida de Francisco Colli. Curtiu suas artes, seu crescimento, o primeiro dia de aula, os momentos em casa, os passeios, o sorvetinho no bar Odeon.

Queria o filho sempre ao seu lado. Quando Luiz Eugênio terminou o 2º grau, sentiu que era hora de partir, conseguir seu lugar ao sol e realizar os seus sonhos. Itajubá foi a cidade escolhida e a faculdade de Engenharia a realização dos seus sonhos.

O pai tentou convencê-lo a ficar em São Lourenço e fazer o Curso Técnico de Contabilidade. Sua partida em busca de cultura era para o velho Chico Colli uma grande alegria, mas, era também sinônimo de solidão e de saudade. Durante todo o curso o pai acompanhava-o à rodoviária e às vezes até a Itajubá...

Francisco Colli era um homem metódico. Não aceitava com facilidade certos procedimentos da época, os quais ele rotulava de “modernismo”. Quando do início do uso do acrílico com possibilidade de substituir as obturações de silicato, mais conhecida como porcelana, optou a manter as técnicas tradicionais, usando ouro ou amalgama, procedimentos que ele dominava com maestria.

Francisco Colli costumava dizer: - “Congelados? De maneira alguma!”

Gostava das carnes do dia, das verduras frescas e das frutas se possível colhidas na hora. Gostava das coisas simples da vida, como viver intensamente o momento presente. Encontrou em D. Lea segurança, companheirismo, compreensão e carinho. D. Lea era uma mulher encantadora, querida e respeitada por todos. Era no dizer popular “linda por dentro e por fora”.

Francisco Colli era um homem alto, magro, alegre, trajava-se de terno e gravata e estava sempre rodeado de amigos. Era inteligente e considerado uma “boa prosa”. Tinha amigos em todos os setores da sociedade; era apaixonado pela política e privava da amizade de políticos de relevância como o Ex-Presidente Wenceslau Braz.

São Lourenço, a 1º de abril de 1927 conseguiu sua Emancipação Político Administrativa. Formou-se então, o 1º Conselho Deliberativo Municipal: Francisco Colli, Clóvis Reis, Cornélio Carneiro Pereira, Albano Magalhães de Carvalho, Manoel Crisóstomo Dutra, Lívio Bacci e Olímpio César Araújo, homens que assumiram o honroso encargo de deliberar sobre os destinos da cidade.

Francisco Colli foi Juiz de Paz por quinze anos. Na gestão do Dr. Humberto Sanches foi Delegado Municipal do Recenciamento de 1940. Todos os cargos públicos que exerceu jamais foram remunerados. Gostava de ouvir opiniões de colegas como, Dr. Gabriel Ferraz Junqueira ou do Dr. Nicolau Scarpa.

Francisco Colli aposentou-se em 1960. Um ano antes foi com alegria que viu Luiz Eugênio ingressando na Faculdade de Engenharia. O nome de Francisco Colli é uma bandeira no setor odontológico de São Lourenço.

Bandeira de honestidade e competência. Bandeira de ética e profissionalismo. Não acrescentou técnicas inovadoras mas escreveu nas páginas do passado um verdadeiro poema à honestidade.

Seu nome consta em uma das salas do Centro Odontológico Municipal. Faleceu a vinte e cinco de janeiro de 1980.

Certa vez Moacyr Guimarães falou: “Dentre as leis maiores que presidem o comportamento dos homens, nenhuma outra falou mais alto do que esta: o trabalho”. Talvez esta frase seja um modo correto de definir Francisco Colli.

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