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Opinião
07/08/2014 17h21

Israel: de vítima a algoz (parte II)

Odilon de Mattos Filho

Por Odilon de Mattos Filho - odilondemattos@ig.com.br - Andrelândia/MG

Sabemos que um dos capítulos mais triste de nossa história contemporânea foi a cruel perseguição e a tentativa de genocídio do Povo Judeu pela doutrina racista e a política antissemita do III Reich.

No entanto, embora Israel tenha sido vítima das atrocidades Nazista, hoje se tornou um impiedoso algoz dos Palestinos, utilizando métodos semelhantes de subjugar e submeter o povo Palestino às mesmas barbáries. A Faixa Gaza demonstra tal afirmação, pois, se assemelha muito a um “campo de concentração”.

A propósito, Nelson Mandela, escreveu:”...o Estado Palestino não pode ser um subproduto do Estado Judeu, apenas para conservar a pureza judaica de Israel....Os judeus privaram milhões de Palestinos de sua liberdade e propriedade. Tem perpetuado um sistema brutal de discriminação racial e desigualdade. Sistematicamente tem prendido e torturado milhares de Palestinos, violando as normas do Direito Internacional. Tem, em particular, empreendido uma guerra contra a população civil, em especial as crianças..”

E Mandela está correto! Estamos assistindo, nesses últimos dias, mais um covarde e desproporcional ataque de Israel à Faixa de Gaza, vitimando mais 1.400 e ferindo mais 7.300 Palestinos, e tudo isso, com a costumeira complacência dos organismos internacionais, especialmente, dos EUA que se auto-intitulam tutores do mundo, mas que só agem dessa forma quando os interesses financeiros lhe convêm.

Aliás, nesse sentido, vale registrar a posição firme do Teólogo Leonardo Boff, que disse: ”...eu acho que grande parte da culpa é do Obama, que é um criminoso. Porque nenhum ataque com drones [avião não tripulado] pode ser feito sem licença pessoal dele... O EUA apoiam, porque todos os seus presidentes são vítimas do grande lobby judeu, que tem dois braços: o braço dos grandes bancos e o braço da mídia. Eles têm um poder enorme em cima dos presidentes, que não querem se indispor e seguem o que dizem esses judeus radicais...”

Várias autoridades afirmam que o mundo não pode ficar impassível diante dessa covardia cometida contra os Palestinos, e parece que o governo brasileiro compartilha dessa posição. O Brasil como uma Nação soberana e democrática, teve, nesse caso, um papel de vanguarda ao condenar de maneira firme o uso desproporcional da força por parte de Israel, tanto, que convocou o seu Embaixador em Tel-Aviv para prestar informações sobre mais essa barbárie.

No entanto, a atitude do governo brasileiro teve reflexos surpreendentes. O governo de Israel, em um gesto dantesco e chulo reagiu a essa posição. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel chamou o Brasil de “anão diplomático” e depois disse que “desproporcional é perder de 7 x 1” da Alemanha. Uma atitude infantil para uma Diplomacia e uma clara demonstração de desconhecimento da história sobre a importância do Brasil no campo diplomático, especialmente, para o povo de Israel. Afinal, foi o Chanceler brasileiro, Oswaldo Aranha que presidiu a Assembleia Geral das Nações Unidas em 1947, que deu reconhecimento internacional ao Estado de Israel, sendo um dos principais articuladores para aprovação da Resolução. A importância do embaixador é tamanha, que em Tel-Aviv tem uma rua com o seu nome.

Ademais, é sempre bom lembrar, que foi Israel que invadiu, em 1948, as terras dos Palestinos para ampliar o seu Estado, expulsando mais de 750 mil Palestinos e incendiando suas casas. É esse projeto colonial europeu, em aliança com os EUA e os Sionistas, que a imprensa, de forma dissimulada, procura esconder do mundo em benefício de Israel.

Assim, e frente a toda essa barbárie, o que se espera da ONU é uma dura ação contra Israel exigindo, por Direito e Justiça, o fim da ocupação militar israelense, a imediata derrubada do muro do apartheid, o reconhecimento dos direitos dos cidadãos Palestinos à autodeterminação, à soberania e à igualdade, e por fim, impor que seja assegurado o direito de retorno dos refugiados Palestinos às suas terras e propriedades. Fora isso, a ONU ficará marcada como uma organização fraca e a serviço dos interesses das Nações poderosos em detrimento aos Povos da Periferia, sem vez e sem voz.

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