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Opinião
06/06/2018 11h48

MARIA APARECIDA CARVALHAL GOMES

Nossa Gente, Nosso Orgulho - Por Teresinha Maria Silveira Villela

Quatro de novembro de 1913. Seria um dia comum na fazenda da Manguara, em Itamonte - MG, se não fosse à surpresa de José Pinto Carvalhal e Maria Rosa Carvalhal de serem presenteados por Deus com Maria Aparecida, sua terceira filha. Agora, José e Maria da Glória tinham mais uma irmã.
Aparecida era ainda bem pequena quando seus pais compraram a fazenda Capelinha, ao sopé da Mantiqueira. Um local privilegiado, onde a paisagem deslumbrante e terras férteis ainda encantavam.

O tempo ia passando célere e mais seis irmãos enriqueceram aquela família: Maria de Lourdes; Joana (hoje irmã Estela da Congregação da Providência – Enfermeira padrão, que prestou serviços na Santa Casa de Caridade de Itajubá e sempre se dedicou à humanização dos hospitais); Clarice; Antonio, Rosa e Abel.

Na Fazenda Capelinha havia uma boa escola. Aparecida e os irmãos fizeram o curso primário junto aos filhos dos colonos e dos sitiantes, sem que houvessem quaisquer distinções. Concluído o primário Aparecida foi matriculada na Escola Normal Nossa Senhora de Aparecida de Passa Quatro, tradicional estabelecimento de ensino da região sul-mineira.

Após receber o diploma de professora, lecionou dois anos na Fazenda Bonsucesso, município de Itanhandu, propriedade de seus tios: João da Silva Costa e Mariana Carvalhal Costa. Naquele tempo era difícil condução e a jovem ia a cavalo às segundas-feiras, retomando no final da semana, fazendo o trajeto a pé, acompanhando a linha do trem.

Elegante, bonita, chamava atenção pelo seu porte. Foi assim que o bancário Manoel Ivo Gomes a conheceu. Pouco tempo depois, a 15 de dezembro de 1934 casaram-se.”Nelico”, ¬como era chamado, ¬trabalhava no Banco Itajubá em Itanhandu. Por isso o casal residiu naquela cidade até 1937, quando Nelico foi nomeado Gerente da Agência de São Lourenço.

O casal teve nove filhos: Marília, Stela, Ophélia, Paulo, Marcos, Manoel, Cristóvão, Teresinha, José Maria e Luiz Antonio. Por algum tempo residiram ao lado do Hotel Elite. Aparecida criou os filhos com carinho e amor, sempre atenta e com firmeza os educou na espiritualidade cristã, ressaltando os valores morais.

Era uma pessoa caridosa; angariava donativos junto aos amigos para ajudar, crianças, filhos de hansenianos; organizou encontros e palestras sobre a doença, verdadeiro tabu a medicina que ainda a considerava incurável.

Extremamente religiosa, pertencia ao Apostolado da oração, respondendo pela secretaria do movimento. Jamais deixou de rezar o terço e como membro da Ordem Terceira Franciscana Secular, cuidava da Obra dos Tabernáculos. Confeccionava estolas e toalhas para o altar e cuidava das alfaias do hostiário. Sentia-se imensamente feliz nesse mister, onde podia agradecer a Deus o privilégio de servi-lo. Era zelosa nos fazeres diários da casa, fazia lindas toalhas de crochê encomendadas por turistas e, ainda costurava para toda a família. Fez com carinho os vestidos de casamento de Stela e Ophélia

Não era uma mulher vaidosa, entretanto, seu modo discreto de se vestir, sua elegância e bom gosto, seus gestos delicados, a doçura indescritível do olhar, faziam-na respeitada e admirada.

Nada melhor para definir o caráter desta grande mulher como uma frase de sua filha, Marília: “... verdadeira sem ser ostensiva, firme nas decisões; aberta às mudanças, econômica sem apego; organizada e equilibrada em suas emoções”.

Seu companheiro de trinta anos de caminhada faleceu a dez de abril de 1964, vítima de acidente automobilístico. Foi neste momento em que D. Aparecida demonstrou sua coragem e aceitação aos planos de Deus. Não deixou que os filhos se abatessem, encontrou forças para fazê-los lutar e vencer. Fez dos filhos pessoas dignas, honestas, unidos pelo trabalho, corajosos nas dificuldades e estimados por todos.

D. Aparecida era presença constante na empresa da família, inaugurada em 1965. Os filhos tinham orgulho em repetir que ela era o “cartão mais bonito das Empresas Gomes”. Sua vida foi pautada na palavra “servir”: família, igreja e comunidade. Sua maior alegria era ver a família unida, a empresa crescendo inserida no contexto de credibilidade e confiança de clientes e amigos.

D. Aparecida foi uma das grandes ausências, no final do século; chamada à casa do Pai a doze de abril de 2000, aos 86 anos, certamente ouvindo de Jesus cristo, a quem amou e serviu: “Vinde bendita de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparada”.

Através da lei municipal nº 2.482 de 06 de dezembro de 200 nome consta em uma rua da cidade , homenagem do povo de São Lourenço, lei assinada pelo Prefeito Clóvis Aparecido Nogueira.

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