Por Andrea Cassone
Como educar a nova geração em um país que enfrenta a síndrome da covardia moral?
Estamos vivendo um tempo que nos deparamos com situações em que a falta de ética e moral estão sendo cotidianas.
Sem a pretensão de corrigir o nosso brilhante compositor Caetano Veloso, quando diz que “alguma coisa está fora da ordem”, eu vou além: parece que está tudo fora da ordem!
Considerando-se que a corrupção tornou-se uma grande questão no Brasil, visto que ela existe desde o descobrimento de nossa Pátria, hoje vivemos a escancaração. O Congresso Nacional nos causa vergonha; o poder Executivo não consegue cumprir, adequadamente, as penas decididas pelo judiciário que, também enfrenta problemas, enfim, a nova geração nasceu em um berço de escândalos e roubos homéricos e, diante disso, como nós educadores e pais, poderemos inspirar nossos alunos e filhos de que ser honesto e íntegro vale a pena? Como educar para a ética em um país sem moral?
É tempo da escola/família trazerem para a discussão as situações de corrupção que estão acontecendo. Cabe ainda uma análise de que a corrupção não é apenas relacionada com a política. Quando existem ações em que alguém por meios ilícitos leva vantagem, quando na escola burlamos regras a favor próprio ou de terceiros, quando utilizamos a cola durante uma prova e os professores são coniventes, quando os professores “facilitam” a vida de alguns alunos e, isso é tão comum, são contextos em que observamos na vida cotidiana as ações corruptivas.
Em primeiro plano, educação pressupõe ensinamentos dentro da ética e do bem comum. Se a escola/família, e eu vou sempre pontuar as duas instituições como dessociáveis, pois uma sem a outra não são capazes de formar um cidadão. Os exemplos positivos vindos da família e de uma escola íntegra, em que a equipe não cometa os pequenos delitos tão perceptíveis pelos alunos inspirarão para a cooperação, o compartilhar, o respeito aos bens comuns que são aspectos primordiais para a formação do ser humano.
Especificando a escola, que nunca foi formadora da ética, hoje a necessidade urgente é de que as Ciências Sociais sejam muito mais trabalhadas, porém, será conveniente formar cidadãos críticos e atuantes socialmente?
Estamos enfrentando o fenômeno da inversão de valores, em que o “chefe da família” não é mais o pai e está longe de ser a mãe. Os filhos passam a poder mais, fazem suas escolhas, “quero isso” e agem como verdadeiros tiranos no núcleo familiar. Ora, a coerção não é uma forma de corromper? A família vive o desequilíbrio de dar opções de escolha para quem ainda não tem maturidade para tal.
Temos que conversar com nossos filhos sobre todas as situações injustas, demonstrando-lhes nossa indignação com o cenário político e social do Brasil.
Nesse período turbulento em que regem a combinação de impunidade e maus exemplos, mudanças profundas necessitam acontecer.
Cidadãos sem educação e princípios morais no futuro serão corruptos em qualquer área que forem atuar, portanto uma escola em que haja professores incorruptíveis que desenvolverão o senso comum, o bom senso, o respeito à diversidade se faz fundamental.
Pais e professores que demonstrem que o sentido da vida reside nas mais simples atitudes, que vale a pena amar o próximo e acreditando no que disse Santo Agostinho, “a esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem: a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; e a coragem, a mudá-las.
É possível!