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Opinião
23/09/2017 08h55

O “Santo Pinguço” fez cair o “Cavalo”

Por José Luiz Ayres

A veracidade deste episódio, é baseada em narrativa contada por D. Marlene, uma mulher nossa conhecida que operava numa agência de turismo, que nos merecia total credibilidade, mesmo porque algumas vezes atuava como guia de turistas e nos contou alguns acontecidos e vivenciados.
“Numa ocasião nos encontrávamos em Arraial d’Ajuda, localidade bem próxima a Porto Seguro, BA, onde participávamos de uma excursão com mais de trinta pessoas. Nossa permanência nessa cidade, deveu-se por questões de acomodações e por ser a cidade menos agitada em relação ao badalado balneário baiano. Como a maioria dos turistas era a primeira vez que ali estava, a ansiedade em conhecer os hábitos, costumes, belezas naturais, linguajar, folclore, crenças, enfim a cultura em geral, resolvi criar um roteiro visando beneficiar aqueles que não eram chegados ao agito noturno das famosas biroscas e boites da vibrante e festeira Porto Seguro.
Este roteiro teria entre outras atrações, a visitação a um terreiro de candomblé, cujo cunho folclórico fascinante e místico nos ofereceria subsídios culturais desconhecidos. A ideia foi genial e a aceitação sem contestações. Todavia, duas mulheres quarentonas, que por sinal eram extremamente animadas e participativas, embora aceitassem o roteiro, mostraram-se um tanto arredias no que tocava à visitação ao terreiro, afinal aquele templo tinha a sua religiosidade e como tal não seria de bom alvitre torná-lo apenas como uma atração turística no intuito de curiosidade. Sua argumentação, baseava-se em princípios religiosos, já que ambas eram espiritualistas. Por isso junto a Marlene e parte do grupo que participaria à visitação, recomendou-se que houvesse muito respeito ao templo bem como aos orixás incorporados. No dia previsto lá foi o grupo.
O terreiro e sua localização eram locais lindos, mesmo sendo as instalações simples e modestas. No interior do templo, uma ornamentação esotérica chamava a atenção pela quantidade de flores, alguidares fartos e repletos de típicas comidas, animais vivos e mortos, cortinados de rendas, um altar com dezenas de velas e ornamentos como: colares e guias em búzios, contas e pedras e imagens de alguns orixás. Mesmo diante daquele exotismo de um misticismo impressionante, sentia-se uma paz ambiental dominante. As duas espiritualistas contritas faziam suas saudações junto ao altar e ficaram curvadas a orar. Com a sessão já em andamento, as mulheres se “manifestaram” entrando em” transe” e “incorporaram” determinada entidade espiritual ;ou seja, como dizem, baixaram o santo e uma delas pediu ao “cambone” aguardente que se pôs a beber todo o tempo que se manteve incorporada, supomos, já que no final, trôpega e cambaleando a trocar as pernas em visível estado de embriagues, deixou-se cair ao chão de forma violenta e lá permanecendo até ser retirada e socorrida por auxiliares , pois encontrava em coma alcoólica e ferida contusa no rosto. Só depois de várias horas de repouso e muito café amargo e sais de frutas se recuperou do “porre”.
Moral da história: Mesmo que tenhamos as nossas crenças, nunca devemos misturar as coisas, afinal se temos dedicação a determinado templo, centro ou terreiro, é notório que temos de manter nossos vínculos e linhas direcionadas àquelas religiosidades as quais estamos integrados, procurando manter respeitosamente a conduta íntegra as demais religiões, seitas, doutrinas e entidades coirmãs em crenças.
Ah... esses “turistas doutos em religiosidade”, quando querem aparecer tornando-se senhores absolutos e a sabedoria os trem na sua essência fundamental da crença religiosa, nos trazem instantes de perplexidade, que acabam nos propiciando momentos extremamente pitorescos...

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