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Opinião
08/05/2014 09h47

O “deus grego” fossilizou-se...

José Luiz Ayres

Por José Luiz Ayres


Integrado ao cotidiano daquele agradável hotel na cidade de Monte Verde, MG, onde um ambiente amistoso e salutar entre os hóspedes era prazeroso, passamos a conviver as delícias que o deslumbrante éden nos proporcionava.

Numa manhã, após o generoso ”breakfast”, sob um frio gostoso, nos unimos a um grupo visando sugestiva caminhada na mata. Todavia faltava um cidadão, um tal de Coprólito, que por sinal era o centralizador das atenções, dada sua maneira excêntrica, chamativa e até narcisista de ser, cujo corpo atlético, bem fisiculturado, deixava antever o quanto de “notável” se fazia.

Estranhando aquele nome, “Coprólito”, esboçando um sorriso comentei com minha mulher da falta de imaginação em ter um nome daqueles. Um senhor que ouvira o comentário, com expressão sarcástica, dirigiu-se a nós dizendo que era um apelido que lhe haviam dado devido ser um perfeito atleta, um Apolo, e o comparou ao “deus grego” que habitava no Monte Olimpus, junto a Acrópoles.

Mesmo sem jeito, nos sentindo idiotas, nos fizemos de desentendidos, quando finalmente, vestido com apenas um curto short, peito nu expondo sua endeusada musculatura, surge o Coprólito, e demos início à jornada matinal. Sentindo-nos de fato verdadeiros idiotas, seguimos o animado grupo ladeados pelo “coroa debochado”, que resolveu puxar assunto e pôs-se a conversar um tanto ressabiado. Embora decepcionados e indiferentes, mantivemos o diálogo e em poucos minutos soubemos que se tratava de um professor universitário na cátedra de Paleontologia.

Dias depois da partida do paleontólogo, ao fazermos parte da roda de papo entre várias pessoas, onde o “Coprólito” como sempre dominava o ambiente, após abordarmos “ene” assuntos, ele ficou a relembrar os momentos prazerosos e fez menção especial ao professor pela cultura e educação em tratar as pessoas sem discriminá-las pelo grau de intelectualidade, respeitando-as e desfrutando do nosso convívio.  Inclusive até se sentindo envaidecido e orgulhoso, por lhe chamar de “Coprólito”, comparando-o a um “deus grego”. Sem querer aparecer, meio contrafeito, me vi obrigado a alertá-lo quanto ao “pomposo título” que lhe foi atribuído pelo ilustre catedrático, revelando o significado do verbete: “coprólite” significa fezes fossilizadas, petrificadas, de animais pré-históricos, ou, mais precisamente, “fóssil de merda”...

Moral da história: o que às vezes parece ser acaba não sendo o que realmente é, e será na verdade o que acaba sendo o que de fato é...

Ah... Esses “turistas monolíticos”, quando se sentem mais petrificados perante circunstâncias óbvias, tornam-se uns verdadeiros coprólites e são acima de tudo pitorescos “neanderthals” da Era Moderna...

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