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Opinião
28/03/2013 14h24

O juiz

Jair e Clarice batizaram o filho Grazziani com o pensamento de jogador de futebol. Mas o filho optou por ser árbitro.

Por Bebeto Andrade - Cruzília

Quando Jair e Clarice decidiram batizar seu filho, talvez pensassem que o menino seria no mínimo um bom jogador de futebol, como foi o pai, que brilhou como ponta-direita pelos gramados do sul de Minas. Grazziani foi um brilhante jogador da seleção italiana de futebol de 1982, que deixava de cabelo em pé as defesas adversárias, e Grazziani tornou-se o nome do filho de Clarice e Jair por esse motivo.
Hoje os pais estão orgulhosos, eu diria orgulhosíssimos, do filho, mas não por ser um craque da bola. O seu Grazziani optou por uma carreira meio exótica, a de árbitro de futebol, que vem sendo mais valorizada a cada jogo e a cada competição. Grazzi, como é conhecido em Cruzília, foi para o estado do Rio e começou apitando jogos de menor importância, o que ocorre não apenas com juízes de futebol, mas em qualquer profissão. Ontem, no entanto, tornou-se uma estrela dos gramados cariocas: apitou o jogo entre Botafogo e Flamengo, um dos mais tradicionais clássicos do futebol brasileiro.
Quanto a mim, posso dizer que o rapaz entende do riscado. Há alguns anos, nos encontramos numa dessas ruas de Cruzília e ele me disse, entre apressado e alegre:

- Bebetinho, tem um garoto no Vasco que vai arrebentar a boca do balão!

Ele sabe que sou vascaíno, e eu sei que ele é flamenguista, por isso aquele elogio me deixou encafifado. Perguntei de quem se tratava e como ele sabia, e a resposta veio com muita humildade:

- Estou apitando alguns jogos do campeonato carioca de juniores (o antigo juvenil), e tem um tal de Phelippe Coutinho que come a bola!

O tempo passou e não deu outra: quando Phelippe Coutinho estreou no time principal do Vasco, chamou a atenção do Brasil inteiro e foi vendido ao Milan da Itália, que agora o repassou ao Liverpool da Inglaterra. A notícia circulou pelos principais jornais esportivos do país, mas não me surpreendeu, pois Grazzi já me informara sobre o talento do menino.
Por isso escrevo essa crônica meio emocionado, pois naquela mesma conversa disse a Grazzi que ele apitaria um jogo da Copa do Mundo de 2014. Ele negou, falou que ainda era jovem e levaria algum tempo até compor o quadro principal da arbitragem brasileira. Rimos, nos despedimos e agora posso dizer: se a previsão dele quanto ao jogador do Vasco se realizou, por que a minha não se pode cumprir? Grazzi já é destaque entre os árbitros brasileiros, e isso é meio caminho andado para a Copa.
À Clarice, deixo um abraço e a lembrança de que os xingamentos a ela dirigidos, durante os jogos, são bravatas de futebol, que não têm nada de pessoal. Ao Jair, o mesmo abraço e a amizade de sempre. E ao Grazzi? Os meus sinceros parabéns, por ser ele hoje mais um motivo de grande orgulho para o povo cruziliense. Sua profissão, além de talento, devoção e muito trabalho, exige também honestidade, marca maior de sua família.

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