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Opinião
29/05/2014 16h04

O mito da panaceia universal

Bebeto Andrade

Por Bebeto Andrade,

de Cruzília/MG

 

Na mitologia grega, Panaceia era a deusa da cura, e sua irmã Hígia protegia a saúde e a higiene. Mais tarde, na Idade Média, os alquimistas tentaram produzir um remédio milagroso que curasse todas as doenças, e essa droga infalível recebeu o nome de panaceia universal. É claro que o tal remédio nunca foi descoberto, mas a palavra ganhou sentido figurado e passou a significar algo capaz de resolver todos os problemas, de uma briga de namorados à recessão mundial.

Desse modo a palavra panaceia pode ser usada para definir o que a sociedade espera da escola no século 21: a solução de todos os problemas, a cura de todos os males, o remédio para as doenças sociais. A única coisa que nem a verdadeira panaceia seria capaz de controlar é a quantidade de expectativas que as pessoas depositam na escola, como se dela (da escola) dependesse o namoro dos filhos e a solução para a recessão mundial. Pode parecer exagero, mas quem já trabalhou em alguma escola sabe do que estou falando.

O problema começa pela confusão que se faz entre duas palavras meio parecidas, mas muito distantes em significado: escolarização e educação. Escolarizar é um dos estágios da educação, um dever e um direito hoje universal, mas que não cumpre a função dos pais, da família, do meio social. A escola pode oferecer boa formação em português, matemática, história, biologia, física, etc., mas ela não tem meios para determinar e combater as causas da agressividade de uma criança ou da apatia de um adolescente. Por mais competente que seja, um professor dispõe de cinqüenta minutos por aula, em turmas de trinta, quarenta e até cinqüenta alunos, e não pode exercer o papel que é dos pais no processo de educar os filhos.

Muita gente parece ter esquecido que ter filhos dá trabalho, exige atenção e compreensão, além de uma boa dose de disciplina. Nas grandes cidades, por exemplo, a criança acorda de manhã e vai para a escola de van, passa o dia estudando sob os cuidados dos professores e só volta para casa de tarde, quando encontra os pais cansados ou sem paciência. Nesse caso, a criança pode apresentar um alto grau de escolarização, mas seu conhecimento de mundo será reflexo de um processo pedagógico, e não de uma experiência real e compartilhada em seu meio.

A escola moderna trata de temas pertinentes, como educação ecológica e até sexual, mas não é a panaceia universal, a solução para todos os problemas. Afinal, a educação é um processo que se estende pela vida toda, e prova disso é que a cada dia aprendemos um pouco.

 

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