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Opinião
09/05/2012 20h25

Opinião Na Fumaça do Trem: A frieza da modernidade

Na Fumaça do Trem: A frieza da modernidade

Depois de desfrutarmos de admirável e saudoso passeio férreo, em que recordações foram vividas as janelas daquele vagão no Trem das Águas, em S. Lourenço, MG, onde a cada curva, ruídos e o som do lamentoso apito no peito apertado, lembranças eram revividas ativamente, ao caminharmos pela plataforma da velha estação, que autora fora o centro de atenção da famosa estância hidromineral, notei à retaguarda, um grupo de turistas que caminhava a tecer comentários que feriam nossas sensibilidades, alegando se bisonho, moroso e poluidor aquele transporte que em boa hora e lucidez fora desativado e extinto.

 

Sentindo-me ultrajado no sentimento pelo que ouvia, olhei para trás e constatei tratar-se de um grupo formado na essência por jovens, no que se pese haver pessoas maduras, o que obviamente seria natural as críticas, pois se traçarmos um parâmetro entre uma locomotiva a vapor e um computador, só teríamos mesmo que aceitar aqueles comentários incontestáveis, já que é difícil para essa geração virtual, admitir se quer que aquele monte de ferro velho pudesse trazer algo que os tocasse emocionalmente. Afinal hoje até o amor é informatizado!!!

 

Como então admitir que aquele monstrengo fumegante, barulhento e predador da natureza pudesse proporcionar emoções a ponto de querer sensibilizá-los como nós; românticos saudosistas, se não puderam tê-lo como um referencial o qual em termos de saudades e recordações, nada representava diante de seus passados (recentes), que dada à modernidade e tecnologia avançada – em que até mesmo os eletrificados já se tornariam obsoletos perante os pressurizados trens supersônicos, monitorados por computadores sobre vias expressas pelo sistema de imantação sem o atrito com trilhos – os fizessem saudosos a reverenciarem a recitar o romantismo a nosso modo?

 

Felizes somos nós, que românticos e poéticos podemos desfrutar de um passado a divagar pela saudade em recordações, momentos realmente líricos que fizeram e fazem de nós, não sonhadores, mas sim verdadeiramente afortunados e privilegiados por haver vivido em décadas, cuja emoção fez e faz parte de um mundo bem mais sensibilizado e romântico.

 

Olhando a fumegante locomotiva, extenuada talvez pelo esforço empreendido dado evidentemente aos longos anos de existência, deixamos a plataforma, levando conosco “virtualmente” a lembrança do passado vivo, vivido por nós no presente insensível e informatizado da era virtual ...

 

Moral da história: Recordar e ter emoções também representam viver ...

 

Ah ... nós “Turistas Emotivos” que fazemos dos momentos sensibilizantes nossas virtuais emoções ao debruçarmos sobre o alpendre do passado e, nos contrariamos quando críticas são auferidas a menosprezar essa sagração da saudade. Sem dúvida seremos sempre eternos pitorescos aos olhos frios da modernidade virtual ...

 

Por José Luiz Ayres
joséluiznafumaçadotrem@gmail.com

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