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Opinião
30/10/2012 17h13

Opinião SIP reúne o baronato da grande mídia

SIP reúne o baronato da grande mídia

Foi realizada na cidade de São Paulo, entre os dias 12 e 16 de outubro, a 68ª Assembleia Geral da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa). O evento contou com a participação de 600 convidados. O tema central da Assembléia foi a “liberdade de imprensa e direito à privacidade”.

A SIP foi criada em 1943, e está sediada em Miami nos EUA. Essa entidade se identifica como uma organização que se dedica a defender a liberdade de expressão e de imprensa em todas as Américas. Porém, é bom lembrar que a SIP, como bem afirma Leandro Fortes, “foi transformada [na época da guerra fria], em braço funcional da CIA e do Departamento de Estado dos EUA para dar suporte aos movimentos golpistas bancados pelos ianques na América Latina”. Portanto, só por esse fato a entidade já nos afigura como suspeita para falar em democracia.

Mas de qualquer maneira, o luxuoso evento do baronato da mídia aconteceu, e só não ganhou mais destaque junto às elites, por um fato: a ausência da Presidenta Dilma. Contudo, esse episódio serviu para libertar os barões da mídia para intensificarem os falsos discursos sobre os perigos que pairam em relação ao cerceamento à liberdade de imprensa no Brasil.

Nesse contexto Milton Coleman, presidente da SIP e do The Washington Post, disse que acredita que o Brasil ocupa melhor posição em termos de garantia da liberdade de expressão do que muitos países do continente. No entanto, utilizando-se de uma conhecida arma midiática, a conjunção adversativa “MAS”, o jornalista emendou: “Mas ainda não sabemos os rumos do país quando vemos o governo federal silenciar sobre violações da liberdade de imprensa cometidas por outros países na região”.

Evidente que o Presidente da SIP se referia à Lei dos Meios da Argentina, que ao contrário do que se alega essa lei “define a radiodifusão como atividade a serviço do direito à informação e não um simples negócio, portanto, imiscível com a natureza do monopólio que aborta a pluralidade e o discernimento crítico daí decorrente”.

Contudo, os barões da mídia esconderam da opinião pública, como é de sua praxe, o conteúdo dessa lei e o fato da “ONU ter avaliado como modelar a legislação argentina. Inclusive, Frank La Rue, relator especial das Nações Unidas para a Liberdade de Opinião e de Expressão, disse que a lei merece elogios, tanto, que pretende divulgá-la como uma referência para o fortalecimento da democracia e da diversidade da informação em outros países”.    

Já pelo lado brasileiro, destacamos a fala da ex-presidente da Associação Nacional de Jornais, Judith Brito, que com o mesmo tom ameaçador e contrário a qualquer marco regulatório dos meios de comunicação, disse: “Algumas coisas são inegociáveis. E não há democracia sem imprensa livre. Estamos vendo isso no Brasil na questão do mensalão. Foi a mídia impressa que fez as investigações que estão mudando a cara do país.... Nós mudamos o fluxo da história”.

Realmente, quase que se mudou o caminho da história, pois, a mídia esperava que o cronometrado Processo do “mensalão” fosse a bomba relógio que explodiria sobre o PT nessas eleições, porém, pelos primeiros resultados, o barulho dessa bomba não passou de um traque, conforme escreveu Altamiro Borges, e o “fluxo da história”, conforme se vê, continua no mesmo caminho traçado pelo povo brasileiro, a partir de 2002.

Por fim, e afora os velhos chavões que emolduraram os discursos, o que restou claro dessa assembleia, conforme escreveu o jornalista Leandro Fortes, foi o medo que os barões da mídia demonstraram “do admirável mundo novo aberto pela internet” e o pavor que eles sentem com politização e a conscientização dos povos latinos sobre a necessidade de se colocar um fim nos oligopólios da grande mídia.

De resto, vale parabenizar a Presidenta Dilma por não ter participado da Assembleia da SIP. Esperamos que esse emblemático gesto seja o ponta pé para se reiniciar as discussões sobre uma Ley de Medios que levará a regulamentação desse setor e, por conseguinte, a democratização dos meios de comunicação no Brasil.

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