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Opinião
21/06/2013 16h55

Protestos

Bebeto Andrade fala sobre manifestações e protestos

por Bebeto Andrade,

de Cruzília/MG

 

Manifestações de protesto costumam despertar paixões, contra ou a favor. No século XI, por exemplo, Lady Godiva montou nua sobre um cavalo e atravessou as ruas de Coventry, na Inglaterra, em protesto contra o aumento de impostos, e seu gesto comoveu a população local, principalmente os homens. Já em 1956, isso não ocorreu com o artista Flávio de Carvalho, que desfilou de saiote, uma espécie de minissaia, pelo centro de São Paulo e quase foi preso, embora protestasse apenas contra o calor.

A verdade é que protestos solitários podem ter consequências imprevisíveis. Aqui em Cruzília, cidade sem muita tradição de mobilização popular, houve época em que uma mulher ousou protestar solitária em frente à Câmara municipal, batendo panelas e falando pelos cotovelos. Ela ficou conhecida como Martinha Bate-Lata e sofreu críticas, mas hoje é lembrada como uma espécie de símbolo da insatisfação popular. Como se vê, a moça não era apenas uma curiosidade exótica, pois se tornou exemplo de participação política e provou que lugar de mulher (e de panelas) nem sempre é na cozinha.

Apesar de tudo, a forma clássica de protesto ainda é a passeata, que atinge seu objetivo quando começa em ordem e termina em bagunça. Para isso, a maior colaboradora é a polícia: quanto mais ela ameaça, persegue e bate em manifestantes, mais a notícia se espalha e mais gente aparece pra engrossar a marcha. Nos últimos dias, por sinal, a polícia salvou várias passeatas, baixando o cacete em manifestantes e até em repórteres, o que sempre garante espaço no horário nobre da mídia. Num país sério, todos alcançariam seus objetivos: não haveria aumento nas passagens de ônibus e o salário dos policiais seria reajustado.

Em matéria de protesto, porém, nada supera aquele chinês que enfrentou sozinho os tanques de guerra na praça Tiananmen, em Pequim.

“Guardadas as devidas proporções, o gesto poderia ter se repetido em Cruzília, no ano passado, se alguém tivesse desafiado as pesadas carretas que circulavam pela cidade... Não seria uma uma boa ideia?

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