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Opinião
29/08/2013 11h01

Retratos da Vida (fim)

Arremate

Chego enfim ao derradeiro capítulo desta história. Paro e me pergunto se valeu ou não a pena, e vejo que sim. O saldo foi altamente positivo. Grande tristeza foi Zé Aroldo, o Kapa, que não se recordou de seu amigo. Emília não ter dado muita importância e Kesao estar doente – e depois, morto – também me doeram.

Sendo verdade que meu sonho de nos reunirmos todos, ainda uma vez não pôde ser realizado, os que foram convidados para minha festa de 60 anos vieram. Isso foi altamente prazeroso. Aqui estamos nós, numa foto tirada a 24 de fevereiro de 2007:

Da esquerda para a direita: Amarante, Isis, Filipe, Joaquim (o Rapaz de Mesquita) e Roberto, segurando uma grande foto que é cópia daquela publicada quando iniciei esta narrativa. Ocupamos todos a mesma ordem em que estávamos em 10 de janeiro de 1966.

Na verdade a cada momento que contemplo a antiga fotografia, me dá vontade de entrar dentro dela e viajar até o dia em que foi sacada, perguntando a cada um o que pensava da vida, quais eram seus projetos. A seguir, se a vida foi o que esperavam, se aconteceu tudo o que sonhavam, se hoje a vida é melhor ou pior, com mais 41 anos (em 2013, 47!) nas costas. Era o que eu queria colocar no meu novo livro, que não existirá pelo pouco valor que as pessoas em geral dão para eles.

Agora que posso dizer que fora a dúvida na Carmem Lúcia, encontrei a todos e estão vivos, penso neles diariamente como se fossem feitos de uma louça preciosa que não quero que se quebre. Mesmo naqueles que não me receberam bem. E tê-los encontrado me faz pensar que estamos separados apenas pela distância, pelo menos no que me concerne. Muito melhor assim do que a tristeza de não saber qual havia sido o destino de cada um daqueles jovens sonhadores... Continuo a amá-los e a pensar neles com saudades, diariamente.

Ao mesmo tempo vejo que quando se aconteceu o dilúvio naquela noite tão distante e achei que poderia ser a natureza chorando pela utopia de meu anseio por continuarmos sempre unidos, eu tinha razão. Mas sigo com sonhos que sei que jamais se realizarão, como por exemplo, voltar no tempo e viver de novo tudo que foi vivido a partir de então. Isso acontece pela incerteza cada vez maior em relação aos anos que me restam...

Assim, com a obstinação levada ao extremo, terminei meus trabalhos de pesquisas. Creio que os leitores pensarão que foi um detetive que fez tudo isso. Mas foi um médico. Um médico que nunca se esquece das pessoas. Um médico que também é escritor e que sonhou fazer em seu próximo livro uma homenagem aos seus colegas que um dia tiraram aquele retrato. No entanto talvez fosse mais uma decepção, já que a vida de quem escreve é marcada frequentemente por dissabores. Talvez os que não manifestaram anseio por ler o livro que falava deles, não quisessem nem saber de colaborar no outro que se chamaria Retratos da Vida, como chamei toda esta história.

Depois desta minha experiência como detetive, já sinto falta e penso escolher outro retrato, de outra época, e exercitando outra vez minha paciência... Quem sabe um dia não vêm os Retratos da Vida-II? (escrito em 2013, não estranhem, leitores, nessa parte final estar escrito que o Kesao estava vivo ou que havia e que haviam se passado 41 anos. Lembrem-se de que transcrevi o que foi publicado e escrito há 7 anos. E quero que saibam que acabei por escrever um outro livro, o sexto, Conquista do Paraíso, lançado em 2010 e que foi uma continuação daquele em que falei desses colegas).

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