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Opinião
08/01/2015 09h26

“Retroceder sim, render-se jamais..!”

Odilon de Mattos Filho

Por Odilon de Mattos Filho

 

Cuba é um pequeno país localizado no Caribe cuja Capital é Havana. O país possui 15 Províncias, tem uma área de 110.861Km2 e uma população de, aproximadamente, 12 milhões de habitantes. A economia Cubana gira em torno dos produtos agrícolas, pecuária, mineração e indústria. A renda per capita está em torno U$$ 10.22 com um PIB estimado em U$$ 121 bilhões.

Mesmo sendo uma pequena Nação, Cuba ainda desperta fascínio, paixões e calorosas discussões mundo afora, e isso, como bem afirma o jornalista Saul Leblon, graças à sua “audácia, soberania, vitórias, tropeços, lições e problemas no caminho da construção de uma sociedade mais justa e convergente”.

E realmente a história de Cuba confirma as palavras de Saul Leblon. Nas décadas que antecederam a Revolução Cubana o país vivia sob o jugo da ditadura sangrenta e corrupta de Fulgêncio Batista que transformou Cuba numa colônia e refém dos interesses dos EUA que a dominava, econômica, social e culturalmente.

Porém, e após algumas tentativas, finalmente, em 1º de janeiro de 1959, após grandes batalhas entre os revolucionários comandos por Fidel Castro e as Forças de Batista, a Revolução que, contou com o decisivo apoio popular, conseguiu derrubar o governo e instalar a República Popular de Cuba.

A Revolução Cubana, afora os problemas econômicos, foi muita exitosa, especialmente, na área social, pois, eliminou o analfabetismo, implementou um sistema de saúde pública universal e de alta qualidade, reduziu as taxas de mortalidade infantil de 5 por mil, e implantou um sistema de educação que se tornou referência no mundo. Além dessas políticas, o então Primeiro Ministro, Fidel Castro implementou profundas transformações no país, dentre elas destacamos à aproximação de Cuba com a ex-URSS, desapropriações de empresas estadunidenses e uma ampla Reforma Agrária que expropriou todos os latifúndios, inclusive, de cidadãos e empresas norte-americanas. E foram essas transformações que levaram o rompimento diplomático dos EUA com a “Ilha” caribenha, inclusive, com pesadas medidas de retaliamentos contra Cuba, como por exemplo, o cruel bloqueio econômico que já dura mais de meio século.

Contudo, como na Política nada é duradouro, o mundo recebeu a notícia da histórica decisão de retomada das relações diplmáticas  entre os EUA e Cuba e o possível fim do bloqueio econômico sofrido pela Ilha de Fidel. Esse acordo, realizado de forma secreta, começou a ser articulado há aproximadamente 18 meses. As tratativas entre os dois países foram mediadas pelo governo Canadense e com a participação decisiva do Papa Francisco. Com esse pacto várias medidas já estão sendo tomadas pelos dois países, como por exemplo, a libertação de presos políticos e a instalação de Embaixadas. Mas o passo mais importante para Cuba, sem dúvidas, é o fim do bloqueio econômico, que somente acontecerá com a aprovação do Congresso dos EUA.

A propósito, vale destacar que a intervenção do Papa Francisco foi emblemática sob o ponto de vista político. Primeiro, mostra a grande liderança do Pontífice e seu compromisso com os países periféricos; e segundo, porque desmistifica o caráter absoluto e metafísico do quase dogma de que “a religião é o ópio do povo”. Aliás, sobre esse preceito Fidel Castro, dialeticamente, nos explica: “...Essa frase tem valor histórico e é absolutamente justa num determinado momento...Porém, na minha opinião, a religião, sob a ótica política, não é em si mesma ópio ou remédio...Considero que se pode ser marxista sem deixar de ser cristão...O importante é que ambos os casos, sejam sinceros revolucionários dispostos a erradicar as exploração do homem pelo homem e lutar pela justa distribuição da riqueza social, pela igualdade e pela fraternidade, ou seja, sejam portadores da consciência política, econômica e social mais avançada, ainda que parta, no caso dos cristãos, de uma concepção religiosa”.

E realmente a participação do Papa Francisco com o seu discurso conciliador, mas firme na defesa dos povos periféricos, foi decisiva para sensibilizar o Presidente Obama para essa abertura, de mais a mais, já ficou comprovado que ao contrário das afirmações conservadoras de que Cuba renderia com a retaliações, o país resistiu bravamente, e fez valer uma das célebres frases de Che Guevara: “Retroceder sim, render-se jamais..!”

 

Odilon de Mattos Filho, de Andrelândia/MG

odilondemattos@gmail.com

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