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Opinião
04/12/2014 12h27

Sociedades secretas

Bebeto Andrade

Por Bebeto Andrade

 

É grande o interesse por sociedades secretas. Aliás, entre suas incontáveis virtudes, o ser humano contabiliza mais esta: a fascinação por tudo que é secreto. Não é necessário citar nenhum exemplo, mas aí estão as pirâmides do Egito que não me deixam mentir, os discos voadores, as teorias conspiratórias e os esquemas de jogo do Felipão – mistérios que ultrapassam a nossa capacidade de entendimento. E tudo que não podemos compreender, da estrutura do átomo ao que as mulheres falam no banheiro, nos fascina de maneira irremediável.

Digo isso por um motivo banal, quase indigno de ocupar o precioso tempo do leitor. O fato é que moro em Cruzília (que por si só já é um grande mistério), e agora me vejo às voltas com uma séria investigação, daquelas de fazer qualquer um perder a cabeça. Confesso que já vi vários filmes de Sherlock Holmes, li os contos de Edgar Alan Poe e sou fã do detetive Ed Mort, criação do inimitável Luís Fernando Veríssimo. Mas nenhum desses artistas seria capaz de imaginar o mistério que agora ronda a minha cidade e, de tabela, acredito que toda a região, quiçá o país.

Para quebrar o suspense, vou direto ao assunto: não estou falando de nenhum assassino em série que anda solto por aí, e muito menos de grupos que vivem à sombra da sociedade e assaltam nossas esperanças. Esses cidadãos já não atraem a atenção de mais ninguém, principalmente porque se revelaram amadores em sua ingrata profissão. O maior mistério do momento envolve profissionais de primeira linha, pessoas sem as quais não teríamos sequer um teto para morar, nem mesmo um viaduto para nos servir de abrigo nas noites de frio. E a diferença não acaba aí.

O fato é que se tornou extremamente difícil encontrar um pedreiro para fazer um reparo em nossas residências, principalmente quando o assunto é uma infiltração no telhado. Eles estão por toda parte, erguendo casas e nivelando lajes, rebocando paredes e assentando pisos, transformando a planta fria naquilo que um dia iremos habitar. Mas onde encontrá-los? Talvez no fim do dia ao lado da família, quem sabe no sábado assistindo ao futebol, alguns na missa do domingo. A diferença é que eles não se envolvem em falcatruas, em superfaturamentos, em comissões milionárias, e até pelo contrário: precisam trabalhar de segunda a sábado para garantir o pão de cada dia.

O mistério, porém, permanece. Segundo as minhas investigações, eles fazem parte de uma sociedade de gente secreta, que não aparece na TV, que não dá entrevistas aos jornais, que talvez nem saibam os nomes dos empreiteiros que estão trancafiados por corrupção e outras lambanças. No fundo, eles não gostam de gambiarras e trabalham honestamente, e talvez por isso andem tão sumidos. Principalmente quando se trata de uma infiltração no telhado...

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