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Opinião
30/12/2014 17h44

Sorte ou coincidência?

Bebeto Andrade

Por Bebeto Andrade

 

Há várias histórias que nos chamam a atenção, mas esta parece ser muito especial. Foi na noite anterior ao atentado contra o World Trade Center, o famoso 11 de setembro de 2001. O cidadão norte-americano acabara de voltar da lua de mel, era 10 de setembro e sua esposa, descendente de mexicanos, resolveu fazer um agrado ao marido. Quem entende de culinária sabe o que é um “burrito“, delícia da comida mexicana, mas pesada como o diabo. A jovem esposa, portanto, foi para a cozinha e passou a mexer com alhos e cebolas, frango desfiado, pimenta a gosto e o escambau.

O marido, engenheiro de uma grande firma de Nova York, engoliu tudo com a única intenção de não desfeitear a jovem esposa. Segundo o escritor e cineasta Michael Moore, o cara passou uma noite de cão: o estômago embrulhava, os intestinos protestavam, o coração disparava e a vontade era soltar tudo no vaso do banheiro. Mas como fazer? A jovem esposa achava que o marido estava bem, dormindo e roncando de felicidade. Presente de mulher, homem que é homem não recusa.

Dia seguinte, o cara pulou cedinho pra encarar o trabalho. Como já disse, era engenheiro e trabalhava num dos andares do World Trade Center, de onde não morava longe. Apanhou o metrô e lá se foi nosso herói para cumprir suas obrigações cotidianas. Relatórios a apresentar, projetos a discutir, enfim, uma paulada de trabalho de desanimar quem acabara de voltar de uma lua de mel.

Na segunda estação em que o metrô parou, veio o resultado do “burrito”: uma dor de barriga de dar calafrios. O sujeito segurou-se como pôde, pensava que chegaria logo ao escritório e se aliviaria com toda a graça de quem merece um minuto de paz. Mas nada. Na terceira estação, a coisa desandou: o sujeito borrou-se todo. Imaginem vocês: um cara de terno, pasta de executivo na mão e todo borrado. Imediatamente, ele saltou do vagão, subiu as escadas com a rapidez de uma flecha e parou o primeiro táxi que viu. Ofereceu cem dólares para o motorista levá-lo até em casa (a coisa ficaria no máximo em dez dólares). O dono do táxi, por solidariedade ou sei lá o quê, topou na hora. Revestiu o banco do carro com alguns jornais velhos e prestou um grande favor ao desfavorecido do “burrito”.

Já no apartamento, bufando como um boi de carro, o engenheiro partiu para o banheiro, tomou um belo banho e respirou fundo. Agora, sim, podia seguir tranquilamente para o trabalho. Enquanto se vestia, ligou a televisão e viu: o exato andar onde ele trabalhava ardia em chamas, logo após o primeiro ataque dos aviões contra o World Trade Center. Então ele se sentou na cama e pensou que, além de amar sua jovem esposa pelo resto da vida, deveria comer “burritos” toda semana. E sem reclamar.

*Relendo o livro de Michael Moore, descobri que há uma lição nessa história: muitos políticos brasileiros deveriam comer “burritos” mexicanos antes de ir pra Brasília, mesmo que não amem suas jovens esposas.

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