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Opinião
08/08/2013 14h17

Surrealismo, quadradismo ou esnobismo

José Luiz Ayres

por José Luiz Ayres

 

No espaço cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, entre seus grandes atrativos, uma exposição surrealista era apresentada, cujo teor artístico segundo a crítica, destacava-se pela excelente qualidade. Embora particularmente não seja apreciador desse tipo de arte, pois raras foram às vezes que me senti elevado culturalmente desfrutando de tais eventos, resolvi prestigiar a exposição.

Apreciando as obras, tentando me reconciliar com a consciência quanto a aceitar aqueles monstrengos e aberrações como arte, pelo menos procurando não ser discricionário e hipócrita em considerá-las como belas e poder formar uma opinião sincera e honesta em não apenas aceitá-las simplesmente como esnobismo característico dos “ditos apreciadores” da arte, optei por desarmar-me a ver com bons olhos aquele abstratismo classificado de surrealismo sem ferir meus, talvez precários, conceitos de arte ou do que entendo como arte. Que me perdoem os clássicos, famosos e excêntricos Dali, Picasso entre tantos consagrados e imortais artistas.

Caminhando, notei três casais – pelas vestimentas espalhafatosas tratavam-se de turistas estrangeiros – defronte a um grotesco conjunto de peças metálicas a tecerem comentários alusivos a peça a engrandecer o autor pela sua criação ali exposta num toque futurista, mas que a mim nada representava. Aproximando-me, fiquei a observá-los, quando um deles num “portunhol” compreensivo, abordou-me exclamativo, a exaltar a obra como magnífica e maravilhosa, onde a criatividade e a sensibilidade do artista eram expressadas na mais alta genialidade a se enaltecerem com tanta propriedade a ponto de atingirem a emoção plena.

Sorrindo amarelo, meneei a cabeça afirmativamente fixando-me à obra na tentativa de extrair algo de bom pela ótica da excentricidade, se isso seria possível, a ver tal sensibilidade e o toque de genialidade da arte. Confesso que por mais que quisesse encontrar o dom artístico, não consegui. Mesmo desprovido de qualquer preconceito quanto ao surrealismo.

Já na rua ao ver os turistas, pensei comigo: - Será que serei pitoresco por não ser capaz culturalmente em ver aquelas obras como arte, ou eles também fazem parte do “seleto grupo” de admiradores daquela “coisa” como arte, cuja complexidade é chamada de surrealismo, demonstrando o quanto de “hipócritas” seremos a aceitar como belezas tais aberrações artísticas???

Caminhando pela calçada, um pouco perdido nas minhas conclusões a olhar o movimento urbano que me atordoava, fixei-me à visão daqueles turistas que já iam longe e pensei comigo mesmo: - Será que meu quadradismo cultural faz parte do surrealismo?

Moral da historia: É melhor ser um “obtuso” culturalmente, do que um esnobe hipócrita diante de realidades que nos levam a uma cultura abstrata.

Ah... Nós turistas quando nos vemos diante de interrogações que nos levam a pensar o quanto somos idiotas em ficarmos subjugados a discrepâncias as quais aceitamos sem o direito de externar opiniões que não sejam as desejadas, não deixamos de ser eternos pitorescos em não endeusarmos absurdos como arte contemporânea surrealista...

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