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Opinião
21/07/2016 15h42

Todo culpado tem desculpa a se isentar da culpa

Por José Luiz Ayres

Depois de presenciar, em termos, um episódio a princípio bem jocoso, ocorrido no interior do ônibus que me conduzia ao Rio de Janeiro, mais precisamente no trecho sinuoso da serra entre Itamonte e Eng. Passos, onde uma mulher pelo desequilíbrio quando se servia do toalete, teve a porta do reservado aberta, a lhe fazer ser projetada para fora e cair sobre um homem que dormitava no momento em frente e que se viu apavorada não só pelo susto, mas por forte impacto, já que a mulher emborcou sobre seu franzino corpo, à sua poltrona.

Este episódio, me fez lembrar o amigo Evandro; chefe de trens da ferrovia Leopoldina Raiway cujo cabedal de histórias vastíssimo que possuía, narrou um fato assemelhado acontecido no interior de um vagão do expresso campista, o qual embora bastante humoroso, teve consequências preocupantes ao cidadão vitimado.

Solicitado as pressas em comparecer ao vagão 3 por um dos seus agentes, lá chegando, foi obviamente ao cidadão, que se queixava de muitas dores no braço e mão direitas, sem contar com as do ombro. Apreensivo pela certa gravidade das contusões, atônito, sem entender como foi possível estar naquele estado, o indagou o que ocorreu a deixá-lo assim. Sem nada a dizer, limitando-se aos gemidos, balbuciou ao léu, que fora uma mulher. Nisso, um homem que à poltrona à frente se posicionava e a tudo presenciou, põs-se a relatar.

“Seguia o expresso tranquilamente, quando uma mulher bem avantajada que está sentada na terceira poltrona à esquerda, se ocupou do toalete. Passados alguns minutos, já que aflito aguardava a desocupação do reservado, pois desejava se servir visando desanuviar sua bexiga, de repente seguido de estrondoso barulho, a porta se escancara e aos gritos, a tal gorda é lançada para fora, em cena bem inusitada, a segurar com uma das mãos à altura dos joelhos sua peça íntima e a outra o vestido que enrolado acima da barriga, fazia dificultar qualquer amparo de proteção e projeta-se sobre o cidadão que dormia em sua poltrona a frente do toalete. Tentando socorrê-las, já que a mulher mexendo-se não conseguia se erguer, pois avexada por expor suas volumosas nádegas desnudas procurava cobrir-se, fazendo com isso que o cidadão sob seu pesado corpo ficasse à mercê da sorte mesmo tentando empurrá-la, o que ocasionou problemas com a mulher a reclamar das bulinações que estava sendo submetidas e pedia com veemência que parasse com o abuso a chamá-lo de cretino e abusado. Finalmente com ajuda de alguns passageiros, sob risos contidos logicamente, conseguimos retirar a pesada mulher sobre o franzino cidadão. Se compondo, a gorda põe-se a reclamar, dizendo que a porta defeituosa não trancava e que ao se preparar à utilização do vaso, com a curva acentuada e a velocidade do trem, se desequilibrou a esbarrar à porta, que por sua vez se abriu acontecendo o pior a expô-la ao ridículo e, ainda como não bastasse o susto e a humilhação, fora bulinada por esse safado e indecente cidadão. Ouvindo aquelas lamúrias e desabafo, o azarado cidadão, sob gemidos de dores, retrucou a dizer murmurando que a “porca” o havia deixado todo molhado pelo seu xixi. Deixando a confusão, a mulher seguiu furiosa ao seu assento resmungando fula da vida, e entre - dentes a “excomungar” o pobre homem, vítima da sua desatenção, como sendo tarado e mau caráter aproveitador de situações delicadas a cometer abusos.”

Evandro que a tudo ouviu, foi à direção do toalete como sua obrigação por ser o responsável pelo expresso e constata após acionar a tranca da fechadura várias vêzes, abrindo e fechando a porta, que não havia qualquer anormalidade. O que na verdade ocorreu, é que a mulher se esqueceu ou não se ligou, talvez por desatenção, em trancar a porta convenientemente, dando no que deu, cujas consequências por essa atitude descabida poderia ocasionar danos preocupantes.

Retornando ao “azarado” e mijado cidadão, o indagou se as dores ainda o torturavam e tão logo chegassem a Macaé; pela ferrovia, seria levado a Santa-Casa para ser submetido a um exame radiológico.

Obtendo a resposta que seguira a Campos dos Goitacazes, pois as dores abrandaram e já movia bem o braço e a mão sem algum inchaço, agradeceu pela atenção só lamentando o molhado e o cheiro desagradável de amônia deixado pela urina da gorducha.

Evandro expondo seu sorriso, retirou-se indo à direção de seu comportamento e que ao passar junto a terceira poltrona em que a causadora do incidente mantinha-se de olhos cerrados, agachou-se e ao pé do ouvido proferiu: - A senhora da próxima vez que se ocupar do toalete, não esqueça de trancar a porta, pois a mesma sempre esteve perfeita. Boa noite.

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