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Opinião
23/02/2016 11h16

Transparência, a melhor solução encontrada

passei a sentir um odor desagradável que por instantes atribui ser proveniente do rio ou de algo lançado por algum inescrupuloso às margens.

Já praticamente a encerrar à caminhada, ao iniciar à travessia sobre o rio Verde à direção da estação ferroviária de São Lourenço, um tanto exaurido e óbvio, ansioso para atingir ao término, passei a sentir um odor desagradável que por instantes atribui ser proveniente do rio ou de algo lançado por algum inescrupuloso às margens. Todavia me chamou a atenção, caminhando a uns 10 metros à frente, uma senhora rechonchuda que vez por outra puxava, à altura das nádegas, sua saia a sacudi-la. Caminhando, há poucos metros em ultrapassá-la, novamente aquele odor fétido impregna o ar, só que agora mais intenso e não tive dúvidas em ser oriundo da “coroa”, dada à acentuada “fragrância” irresistível pela característica odorífica exalada seguida de um som grave inicialmente e num complemento sonoro como “batesse palmas.”
Apressando o passo, querendo livrar-me do bodum, ao emparelhar-me com a “coroa”, a mulher se espantando, vira-se a olhar-me e pede desculpas, a dizer que sofria do intestino pelo acúmulo de gases e só se sentia aliviada quando os soltava. Limitando-me a sorrir, seguindo em frente, fiz o sinal de positivo a conter o riso que insistia em estar presente.
Na estação quando sentado à mesa externa refazia as forças pelo exercício físico; ingerindo saboroso café, ao olhar à praça, lá ia caminhando aquela senhora cujas flatulências bem sonorizadas me fizeram sorrir, e, em ato reflexo, me pus novamente a sorri. O que em consequência me trouxe da memória um episódio narrado por meu pai Luiz, quando se dirigia no trem com destino a Alfenas, onde fato idêntico aconteceu.
“Subindo a serra da Mantiqueira ao cair da tarde, o expresso sul mineiro naquele vagão da 1ª classe, cujo ambiente tranquilo imperava demonstrando paz e sossego, de súbito um odor desagradável pairou no ar a causar certo incômodo. Não tardou, novamente o odor nauseante se espalhou entre os passageiros, que se entreolhando, apenas manifestavam pelos semblantes à desaprovação do gesto deselegante praticado por algum mal educado. E assim aquele ato ignóbil outras vezes foi se sucedendo, até que um cidadão, talvez saturado em suportar tal odor, resolveu protestar, proferindo “cobras e largatos”, no que fizeram outros também agir no mesmo tom a extravagar seus descontentamentos pelo “porcalhão” que abusava da má educação, lançando no ambiente seus “peidos fedorentos”.
Com a paz sendo quebrada e o sossego desmoronado pela revolta aparente campeando às possíveis vias de fato, Luiz é arguído por um cidadão, a atribuí-lo ser o peidoreiro por permanecer a sorrir e alheio ao furdunço, sem que apresentasse qualquer defesa em favor dos “revoltosos” e injuriados. No que se negou a aceitar a acusação e contra-atacando, partiu para o “arranca rabo” obrigando ao acusador a se retratar, sob pena da força obrigá-lo em desculpar-se pela calúnia proferida. O que fez, calando-se. Entretanto, o entrevero não tornou o ambiente menos hostil, e o bate boca prosseguiu com acusações múltiplas entre outros passageiros, mesmo com a chegada do agente e do chefe do trem, que atônitos tentavam acalmar o ambiente tumultuado sem que soubessem o motivo daquela balbúrdia generalizada.
Diante daquele destemperado momento, de repente uma mulher um tanto volumosa, erguendo-se da poltrona e num tom de voz elevado, a gesticular insistentemente, dirigiu-se a todos a solicitar que a escutassem. O que a muito custo foi atendida e onde um pouco envergonhada põe-se a falar: “ – Quero pedir a vocês, que me desculpem pelo que lamentavelmente vem ocorrendo neste vagão, cuja confusão sou a responsável; sem querer ser, por sofrer dos intestinos e ser obrigada pelos médicos de fazer o que não desejo; isto é, soltar os gazes que me provocam dores na barriga. Só o que vocês não sabem qual é o esforço que faço para evitar o som do peido, procurando soltar os gases lentamente comprimindo minhas nádegas a deixá-lo escapar silencioso.
Nisso, aquele cidadão que dera início ao furdunço, contesta a mulher a dizer que era pior, pois seria mais favorável deixá-los com a saída livre. Já que pelo menos abreviaria o nosso sofrimento em ter que aturar às doses homeopáticas tão fedorentas.
A mulher após a declaração pública, sentou-se ao lugar. Só que ao se acomodar, teve imediatamente a soltura incontrolada dos gases, cujo som incomparável ouvido por todo vagão, foi seguido de unissonante risada, a qual pelo alarido ninguém reclamou, torceu ou premeu seus narizes, mesmo sendo o ambiente empesteado como vinha acontecendo!

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