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Opinião
24/10/2013 14h55

Um dia especial

Bebeto Andrade

por Bebeto Andrade, de Cruzília/MG

 

 

A primeira vez que fui à escola não havia maternal nem pré-primário, chamava-se Jardim da Infância e a professora era a dona Mirian, casada com o Hélcio e que hoje publica belíssimas fotos de suas plantas do Itaqui. Dona Mirian nos ensinou a cultivar as amizades como flores raras, elas que parecem frágeis mas são para a vida inteira.

Um pouco depois, quando já sabíamos empunhar um lápis com segurança, cismaram de nos ensinar a ler. Foi uma época difícil, mas aí apareceu a dona Terezinha do sô Pedro Ferreira e resolveu o problema: com paciência e mansidão, ela desvendou pra nós o mistério dos sons que se transformavam em letras e das letras que expressavam nosso desejo de viver.

Orgulhosos da façanha, passamos a investigar o sentido das palavras e o enigma dos números, e neste instante apareceram duas fadas para explicar o encanto. Dona Palmira, casada com o Jajá, nos mostrou que o cotidiano é feito de poesia, e com seu talento abriu pra nós as portas do reino do entendimento da língua. A outra fada era dona Helena, esposa do Dácio, com quem aprendemos a fazer contas e a medir o mundo com a régua dos sonhos e o compasso da ousadia.

Com essas referências, não havia o que temer do teorema de Pitágoras, ainda mais com o auxílio dos mestres Manezinho, doutor Bebeto, sô Tião e sô Ronaldo. De uma hora para a outra, começamos a falar em inglês com a dona Ângela, filha do Zé Roberto, e em francês, com a dona Wanda do Zé Vicente. Sim, tínhamos um coração maior que o mundo, principalmente quando a dona Gigi nos falava de Machado de Assis, Drummond, Clarice Lispector. Assim passamos pela história com a Nadia do Dalton, sem pegar recuperação, e aprendemos o lado bom da civilidade com a dona Marta, embora a matéria se chamasse Moral e Cívica.

As lembranças são enormes, imensas, mas o espaço é pequeno. Hoje não corremos mais nas aulas do Marco do doutor Orígenes, é o tempo que corre atrás da gente. Permanece, no entanto, um gosto de felicidade vivida em comunhão, saudade de uma época em que sonhar era real, tão real que é hoje o sentido de nossas existências.

A todos os professores e professoras que enriqueceram nossas vidas com seu talento e dedicação, os nossos parabéns e a nossa gratidão eterna.

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