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Política
09/09/2019 22h00

Com discurso social em evento, Luciano Huck não se compromete com candidatura

Principal incógnita das eleições de 2022, o apresentador Luciano Huck subiu ao palco de evento realizado pela revista Exame a empresários nesta segunda-feira, 9, com um discurso de palanque, mas sem se comprometer com uma possível candidatura. Em quase 1 hora de um discurso com forte peso social disse por diversas vezes que está fora de sua zona de conforto e que quer "contribuir como for possível" para o País.

"Eu quero ser um cidadão cada vez mais ativo, contribuir como for possível para tornar o País mais eficiente", disse, completando: "Eu poderia continuar sendo um peixinho dourado lá no aquário, protegido pelos muros do Projac, sendo alimentado com fartura, fazer o que faço tranquilo - e gosto. Ou poderia me jogar no oceano e tentar contribuir para que Brasil seja um País melhor".

Se no início Huck foi recebido como celebridade, com a curiosidade da plateia que levantada celulares para fotografar e filmar o ícone famoso, ao final, o apresentador foi aplaudido de pé pelo tom político. Os aplausos, protocolares no início, ganharam corpo ao longo do discurso, sobretudo quando o apresentador tocou em temas sociais. Os primeiros, vieram após Huck dizer que é inevitável investir em uma política de proteção social nos próximos anos para evitar a miséria da geração que hoje está mais velha e ainda é pobre.

Os segundos aplausos vieram quando criticou o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, que mandou fiscais recolherem revistas em quadrinhos não lacradas que continham dois homens se beijando. "O povo não está preocupado com o desenho do casal que está no gibi da Marvel. As pessoas querem saber como a vida delas pode melhorar", disse.

Questionado, Huck disse não se arrepender dos movimentos feitos durante as eleições de 2018, mas ponderou que um "tsunami político" atingiu o seu dia a dia. Para ele, o movimento de renovação da política "saiu mais forte desse (último) ciclo eleitoral". O apresentador destacou sua participação no RenovaBR e do movimento Agora, que propõem uma renovação política, e disse ter considerado os movimentos civis uma forma "mais inteligente" de contribuir para o País.

Da política econômica a projetos na área de educação e saúde, o apresentador fez uma ampla exposição das suas opiniões. Na área econômica, elogiou as ações tomadas pelo atual governo e o ministro Paulo Guedes. Segundo Huck, Guedes o teria alertado, antes das eleições, dos riscos de se tornar uma figura política.

Na área social, criticou a enorme desigualdade existente no País e a forma como as políticas públicas são desenhadas, sem ouvir a parcela mais pobre. "Não vamos resolver desigualdade com um monte de gente branca e rica sentada na Faria Lima", disse. Também afirmou que é necessário investir mais em educação, apesar de "educação não dar voto". Aos executivos, o apresentador da Globo disse conhecer o Brasil e a pobreza, e destacou ter viajado, com seu programa, da Amazônia à Roraima "dos refugiados".

Huck defendeu a alternância de poderes e afirmou que o País tem vivido "soluços" na política nos últimos anos. Ele evitou citar o presidente Jair Bolsonaro, que fez provocações ao apresentador nas últimas semanas. Lateralmente, afirmou apenas que não convive bem com a polarização. "A construção das minhas ideias é tentando diálogo, conciliação. Não fui treinado no ringue da luta livre, não convivo bem com polarização, não sou o cara do grito, de falar alto. Não considero quem pensa diferente de mim meu inimigo", insinuou.

Apesar de ter dito várias vezes que não tem, com a agenda dos movimentos que faz parte, um projeto "de poder ou eleitoral", Huck lembra o tempo todo o país que tem em mente: "Acredito no sonho de um país maior, mais eficiente e afetivo em relação às pessoas", disse.

Desigualdade social

O apresentador evitou se colocar como candidato durante o evento, mas deixou claro que algo precisa ser feito pela elite do País na área social. "Todos aqui (na plateia do evento) somos privilegiados, mas se a gente não fizer nada, este País vai implodir. O abismo social é gigantesco, a desigualdade social é enorme, é inaceitável", disse.

Segundo ele, há uma agenda econômica em andamento que é eficiente e vai melhorar a vida de quem investe e tem recursos, mas, para melhorar a vida do povo "vai dar muito trabalho". De acordo com Huck, é preciso discutir a mobilidade social no País, que "deixou de existir". "Nós precisamos discutir seriamente mobilidade social no Brasil. O Brasil já teve mobilidade social, não tem mais. Se você nascer pobre numa favela, a chance de morrer pobre numa favela é enorme", disse.

Fonte: Estadão Conteúdo
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