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Política
18/03/2018 19h50

'PSB apoia a extrema esquerda. Estou em outro campo'

O prefeito João Doria disse que o eleitor de São Paulo não votou em um indivíduo em 2016 na eleição municipal vencida por ele, mas em um "conjunto de valores". Segundo ele, quem votou no PSDB continuará tendo um prefeito do mesmo partido: Bruno Covas. Com isso, Doria tenta rechaçar as críticas de que teria abandonado a promessa de encerrar seu mandato na Prefeitura de São Paulo. Ao falar sobre o vice-governador Márcio França, também aliado de Geraldo Alckmin e pré-candidato a governador, Doria diz que o PSB está alinhado com a "extrema esquerda". "Estou em outro campo", disse ele.

O senhor disse que aceitou disputar o governo porque está atendendo a um chamado de mais de 1.700 tucanos que assinaram um documento defendendo seu nome. Mas como ficam os 3 milhões de eleitores que votaram com a sua promessa de permanecer os 4 anos na Prefeitura? Eles têm menos valor que esses 1.700 tucanos?

Valem tanto quanto. Cada cidadão tem o seu valor. As pessoas votaram em João Doria e Bruno Covas. Você não vota em um indivíduo, mas no conjunto de valores e programas. Os eleitores não ficarão frustrados com Bruno Covas. Com 37 anos, ele é PSDB como eu. Quem votou no PSDB não terá a frustração de ter um prefeito de outro partido. Em São Paulo, com São Paulo e para São Paulo

Você não se incomoda de ter prometido tantas vezes que ficaria os quatro anos e não cumprir isso?

Não vamos deixar a cidade e o Estado de São Paulo. Eu aqui estarei. Quantas vezes na sua vida você teve que modificar ideias, propostas e planejamentos de ordem pessoal, conjugal, familiar e nem por isso foi mal avaliado? Quantas pessoas formam seus casamentos, prometem a eternidade e muitas vezes se separam, sem nem por isso agredir ou se odiar?

É a segunda que vez que o eleitor de São Paulo vota em um tucano e ele deixa a Prefeitura depois de 15 meses...

José Serra foi sucedido por Gilberto Kassab, que foi um prefeito tão bom que foi reeleito. E José Serra foi eleito governador. Se não fosse bom, não teria sido eleito. Essa tese não se aplica.

A reação nas redes sociais após sua decisão de concorrer ao governo foi muito ruim. Já espera que a renúncia será um tema que vai persegui-lo na campanha?

Nada na minha vida foi fácil. E não será. Enfrentamento, adversidades e xingamentos fazem parte de uma estrutura de campanha. Isso não incomoda. É importante eleger Geraldo Alckmin presidente da República, afastar o risco de uma candidatura de extrema esquerda ou extrema direita para o País.

O vice-governador Márcio França se aproximou do PCdoB e deve receber apoio do partido. Ele também está próximo do PDT, o que pode isolar o prefeito na disputa. Seria uma chapa com perfil de centro-esquerda. Como avalia essa movimentação?

Quem faz associação com PDT, PCdoB e partidos de esquerda não é de centro esquerda, mas de esquerda. Nada contra, mas o campo do PSB é a esquerda. O PSB não faz essa aliança apenas aqui. O PSB apoia ostensivamente o PT, PDT, PCdoB, PSOL, Rede, PSTU e partidos de extrema-esquerda nas Regiões Norte e Nordeste do País. Essa é a orientação explícita da sua direção. Estou em outro campo.

Márcio França tem dito que o senhor não foi leal, que lhe ajudou a montar sua ampla aliança em 2016. Diz também que não foi leal ao governador Geraldo Alckmin por pleitear a candidatura ao Palácio do Planalto ano passado. Como responde a isso?

Sou leal ao povo. Devo os votos que recebi ao povo. O povo vai julgar.

A candidatura ao governo de São Paulo foi seu plano B?

Nem A nem B. É o plano governo de São Paulo. Isso vai contribuir para a eleição nacional do Geraldo Alckmin.

Seus adversários entraram na Justiça com uma liminar pedindo a anulação das prévias. Dizem que o processo é fraudulento. Até dirigentes do PSDB reconhecem que não há como evitar fraudes. O processo de prévias é frágil?

O PSDB já fez prévias outras vezes e as contestações dos potenciais derrotados foram exatamente as mesmas. O mesmo José Aníbal de hoje é o de 2015, que esperneou, criticou, entrou na Justiça e perdeu. José Aníbal é um perdedor contumaz. Gosta de seguir a trajetória da derrota. Paciência.

Por que o senhor trata assim seus colegas de partido?

Não tenho obrigação de ser gentil com quem é hostil. Perca com dignidade. Ele está protestando porque sabe que vai perder. Cabe a ele explicar por que acumula tantas derrotas e tanta amargura.

O senhor disse que não precisa do aval do Alckmin para ser candidato a governador...

Ele mesmo disse isso. Essa não é uma frase hostil ao governador. O governador tem dito que é o PSDB que defende o candidato.

O senhor disse em 2017 que seria candidato a governador se Alckmin pedisse. Ele pediu em algum momento?

O governador faz parte do PSDB. O partido não tem dono. Não há uma decisão de um cacique, nem ele se intitula como tal. Alckmin é um democrata que respeita as decisões partidárias.

Vai voltar a usar o mote do não-político?

Vamos usar o mote que for necessário.

Depois de renunciar à Prefeitura para disputar o governo, acredita que as pessoas vão acreditar que o senhor não é político?

Vamos estudar isso. Avaliar. Estou na política.

Fonte: Estadão Conteúdo
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