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São Lourenço - Notícias
11/12/2014 14h28

Entrevista com Ricardo de Mattos

Vereador conversa com a redação do Correio do Papagaio esclarecendo mais sobre nova lei.

O projeto de lei nº 2.695/2014, aprovado na Câmara Municipal no dia 1º de dezembro, que espera apenas sanção do prefeito municipal, José Neto, gerou algumas polêmicas na cidade..

O jornal Correio do Papagaio foi conversar com o vereador que criou o projeto de lei, Ricardo de Mattos, para compreender melhor o assunto.


Correio do Papagaio: Qual que é o objetivo desse projeto? Porque ele foi criado?

Ricardo de Mattos: Ele foi criado com o objetivo primeiro de punir os infratores que andam de bicicleta no passeio. Esse foi o objetivo primeiro do projeto.

Porque muita gente estava sendo atropelada, machucada, desrespeitada em cima dos passeios, por alguns ciclistas irresponsáveis. E pensando nessa falta de educação para com os usuários, os pedestres, quer seja gestantes, crianças, idosos, que têm o direito de ir e vir, nós começamos a amadurecer a idéia de criar para a nossa cidade de São Lourenço uma lei que punisse. E foi o que nós fizemos nesse primeiro momento.

E daí outros vereadores entenderam que havia também a necessidade de estar emplacando as bicicletas. Como antigamente era em São Lourenço: as bicicletas eram emplacadas.

Daí foi onde surgiu a grande polêmica. Muitos disseram “a lei é boa, mas emplacar as bicicletas é uma coisa que deveria ser tirada”. Mas como depois de feita a emenda a lei foi aprovada; até então era só a questão das bicicletas no passeio. Entraram as emendas, foi aprovada, virou lei, foi à sanção, só falta o prefeito sancionar, ou vetar o que ele achar que deve ser vetado.

Comecei a entender quando eles falaram da emenda o porquê de estar se colocando uma emenda onde exige o emplacamento das bicicletas. O grande problema do emplacamento, segundo o meu entendimento depois da explanação dos vereadores, foi que o emplacamento vai permitir que tanto a Polícia Militar quanto os agentes de trânsito tenham um controle maior sob as bicicletas roubadas, sobre as pessoas que estiverem infringindo a lei, como andando de bicicleta na contramão. 

A bicicleta é um veiculo e ela tem que cumprir as leis de trânsito também. E nós temos casos inúmeros de pessoas que andam pela contramão, que não respeitam o sinal... mas esse ainda é o menor problema, hoje o grande problema tem sido o uso de bicicleta nos passeios.

Correio do Papagaio: Mas esse projeto de lei não fala só das bicicletas. Fala dos patins, dos skates...

Ricardo de Mattos: Porquê? Temos relatos também de pessoas que foram atingidas por skates de jovens que estavam fazendo manobras com os seus skates nos passeios. E algumas pessoas foram atingidas e também nos cobraram essa situação. Então, vou deixar uma coisa bem clara. Nós não somos perfeitos, a nossa lei não é uma lei perfeita, fizemos para esse momento, mas ainda cabe... por isso que eu falo com muita gente na rede social, por telefone.... que idéias que tiverem que possam estar somando e que nos ajude. Porque não somos donos da verdade. Mas foi incluído skate, patins, patinete....

Uma das coisas que eu vi que poderíamos ter colocado: bicicleta, poderíamos ter colocado aro tal, crianças até tantos anos, porque não tem como uma criança de 5, 6 anos estar andando de bicicleta na rua junto com os automóveis.

Então houve essa falha, nós já reconhecemos a nossa falha. Após a sanção do prefeito, naquilo que ele achar que deve sancionar, ou se ele vetar por completo essa lei. Nós iremos fazer emendas, acrescento, modificando a lei... a gente não quer jamais desestimular a prática do esporte.

Na minha vida eu fui criado em cima de uma bicicleta. Eu acho que é importantíssimo a pratica do esporte, seja qual ele for. Andar de bicicleta é super saudável, não polui, só traz benefícios para saúde, tanto para quem anda, quanto para o município. Mas existem essas falhas, que com certeza que à medida que as pessoas nos procurarem e apresentarem as suas idéias, todas serão aproveitadas. A gente quer somar. Mas alguma coisa precisava ser feito.

A gente sabe da carência de coisas para jovens. Agora está saindo uma pista de skate. É o primeiro projeto voltado para a juventude de São Lourenço, porque antes não tinha nada.

 

Correio do Papagaio: Já está legislado que as bicicletas não podem andar na calçada, em contramão, pela Lei do Trânsito e outras leis federais. Não seria melhor apostar numa maior fiscalização?

Ricardo de Mattos: O que falta é fiscalização. A nossa fiscalização é falha. Porém, por várias vezes, a gente vê esses fatos acontecendo, nós cobramos da Gerência de Trânsito: “não, porque isso não isso não compete a nós”. Aí a gente falava com a Polícia Federal e ela falava: “ah, tem que falar com o pessoal do trânsito”. Então é para acabar com esse ‘jogo de empurra’...

É uma lei aqui em São Lourenço que já existe desde antes de 2002. Mas lá estava simplesmente assim: “proibido andar de bicicleta na calçada”. Nada mais. Não falava sobre punição, sobre multa, sobre apreensão. Aí essa lei veio para normatizar e atualizar. Antigamente São Lourenço tinha 200 bicicletas. Hoje nós estamos com mais de 15 mil bicicletas em São Lourenço. E nós temos que incentivar que passe para as 200 mil, que aí vai diminuir o número de carros, vai ser bem mais saudável... Mas enquanto isso não acontece alguma coisa precisava ser feita.

Foi o que eu disse para você. Tem falhas? Tem falhas. Mas todas as falhas aparecem para que venha uma solução para aquilo. E nós estamos aqui aguardando uma posição das pessoas que nos ajudem para estar melhorando o projeto que nós fizemos.

Eu estou fazendo um encaminhamento – segunda-feira agora entra – aqui no ‘calçadão dois’, fazer um “passeio compartilhado”. Durante a gravação de uma entrevista que eu dei à uma rede de Tv, umas 50 bicicletas passaram por nós no calçadão. E lá tem uma placa enorme: proibido o trânsito de bicicleta.

Havendo isso, eu já fiz a indicação, que é transformar esse calçadão em um passeio compartilhado, onde vai ter um desenho de fora a fora para os ciclistas, um pedacinho de ciclovia, e deixar o resto para o pessoal. E ali vai ter placas, sinalizações, indicando que aquele local é para os ciclistas.

E futuramente queremos criar uma “infra-estrutura ciclo viária definitiva”, que é composta por ciclovias, ciclo faixas, compartilhamento de calçada – que é esse primeiro que já vai sair aqui - , rotas de bicicletas, bicicletários e pára ciclos.

Para que todos nós tenhamos condições de praticar esporte e usar esse meio de transporte não poluente e saudável para todos nós.

 

Correio do Papagaio: Não existe então um projeto de ciclovia para a cidade?

Ricardo de Mattos: Existe uma promessa que o prefeito fez. É uma promessa... E como ainda não terminou o mandato dele, a gente fala que é uma promessa que ainda pode sair. Esse projeto, ele pega do aeroporto e vai até o Vale dos Pinheiros. Só que essa ciclovia seria para os praticantes de bike, e os que querem fazer caminhadas, etc.

Mas não é só isso que é importante. Além de criar essa infraestrutura ciclo viária, nós temos que fazer uma campanha educativa muito bem feita para que os próprios carros, caminhões, ônibus, passem a respeitar também o ciclista.

Em São Paulo eles apertaram as ruas, diminuíram os espaços dos carros, para as ciclovias. E nós temos visto constantemente acidentes, mas porque não houve um processo educativo, para que haja respeito. E o respeito mútuo. Da mesma forma que terão de ser respeitadas as bicicletas, os ciclistas deverão respeitar o seu espaço e os carros maiores.

E se a gente for ver dentro do que diz a preferência de trânsito, é do pedestre. Depois vem da bicicleta, depois da moto e assim vai, do menor para o maior. E é isso que a gente quer fazer aqui. Alguma coisa precisava começar a ser feito. Então a gente quer chegar nesse patamar de ter essa estrutura ciclo viária definitiva completa; a gente quer ter as faixas das bicicletas,as ciclovias e essa campanha educativa.

A nossa campanha educativa vai começar daqui a uns 90 dias. Vamos distribuir panfletos, com dez dicas para andar de bicicleta. Entre elas está o seguinte: “Cuidado na calçada. Bicicleta na calçada apenas se for empurrando. O ciclista é obrigado a pedalar somente na rua ou na ciclovia”.

 

Correio do Papagaio: O emplacamento vai dificultar a vida dos turistas e das pessoas de fora da cidade, pois podem vir a ser abordados pela policia e podem inclusive passar pelo constrangimento por não terem a sua bicicleta cadastrada. Existe uma possibilidade de que, mesmo sancionada pelo prefeito esta lei, de readaptar essa lei?

Ricardo de Mattos: Com certeza. Existe sim, estamos abertos à conversação. Não sei a sua crença, mas na minha, nem a morte é definitiva. Nada é definitivo. Tudo o que vier para melhorar, tem que ser aproveitado. E é isso que a gente espera: que a população nos ajude.

Independente de ser Ricardo, ou de ser qualquer outro vereador... Estamos fazendo isso preocupados... Eu me preocupo com o meu neto, com a minha filha, com o seu filho, com os idosos... Nós queremos uma coisa boa para a nossa cidade, que é uma cidade turística. E quanto melhor quem vier de fora levar uma impressão de São Lourenço. E quem tiver idéias para nos ajudar, que seja bem vindo. Nós precisamos é disso: de uma parceria.

Correio do Papagaio: E como que as pessoas podem participar?

Ricardo de Mattos: A Câmara está aberta de segunda a sexta-feira, a hora que quiser é só chegar, falar com a nossa secretária. Meu telefone está aberto, ela passa para qualquer pessoa que chegar aqui. De manha eu me encontro na Secretaria de Saúde, que eu sou funcionário público. Mas estamos aí, abertos, não só com relação a esse assunto que, interessante que virou polêmica, mas para qualquer outro assunto. A gente precisa é disso. A população nos colocou aqui. Então a gente precisa da idéia da população porque nós não somos perfeitos, nem donos da verdade. Estamos aprendendo muito.

 

 

 

Confira a reportagem na íntegra, clicando aqui.

 

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