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São Lourenço - Notícias
06/11/2014 17h23

Projeto Crer-Ser de São Lourenço apresenta adaptação ousada de Os Saltimbancos

No dia 30 de outubro o auditório da Eubiose literalmente “transbordou” com a apresentação do Projeto Crer-Ser.

A peça movimentou cerca de 70 pessoas do Projeto trabalhando em conjunto para a realização desse grande momento. A apresentação no Festival de Artes Cênicas foi uma adaptação do musical Os Saltimbancos e lotou o auditório da Eubiose, com 500 pessoas, sendo que a capacidade do espaço é de 300.

O público vibrou com a apresentação, aplaudindo de pé os atores ao final da peça. Além da genialidade do texto e da interpretação majestosa dos atores, a apresentação contou também com todas as músicas executadas ao vivo e com a inserção das oficinas do Projeto adaptadas à história da peça.

O trabalho para concretizar Os Saltimbancos foi longo e o jornal Correio do Papagaio conversou com a diretora-geral da peça, atriz e professora Morena Lua Gurgulino para conhecer melhor todo o trabalho por detrás da cena.

“Foi um processo muito grande, muitos meses de ensaio. São muitas crianças e muitas oficinas. Foi uma noite especial, não só para o Projeto Crer-Ser, mas eu acho que para a cidade de São Lourenço”, disse.

Os Saltimbancos é um musical inspirado no conto “Os músicos de Bremen”, dos Irmãos Grimm, que foi adaptado pelo letrista italiano Sergio Bardotti e depois traduzido e adaptado por Chico Buarque, em 1977. Apesar de ser um musical infantil é também uma alegoria política com várias mensagens e apelos sociais e de justiça, duplos sentidos e críticas veladas, que numa época de ditadura militar usou os animais como figuras porta-vozes contra o regime. Mesmo tendo sido adaptada por Chico Buarque aqui no Brasil num tempo de repressão, para a diretora-geral, Morena, o seu conteúdo é ainda atual.

“A função da arte é política. E isso é uma coisa que eu aprendi e levo para a vida”, esclarece. “Para cada palavra política que o texto fala, nós temos uma sonoplastia específica. Cada mensagem de classe, de política. Isso foi conversado com os meus alunos e isso foi colocado para eles. E eles entenderam o quanto isso era relevante dentro dessa montagem. O trabalho de mesa, o trabalho de pesquisa feito atrás da coxia, foi importante e transformador”, explica.

O musical conta a história de quatro animais, o jumento, a galinha, a gata e o cachorro, que decidem fugir de suas casas por serem maltratados por seus donos e partir em busca da liberdade na cidade. A professora de teatro explica o porquê da escolha dessa peça para a apresentação no Artes Cênicas.

“É uma peça que faz parte do inconsciente da minha geração. Além de ser um musical ela é uma peça política. Além disso, ela tem uma mensagem que é a mensagem do Crer-Ser, que é essa questão de ‘todos juntos, somos fortes’. O Crer-Ser tem essa base de trabalho que é a família. Eu escolhi essa peça exatamente por essa questão da união e porque, claro, é uma peça que daria para comportar todas as oficinas, pois é importantíssimo que todo mundo participe dessa montagem”, esclarece.

O diferencial dessa apresentação é que as oficinas do projeto se transformaram em cenas do musical, que ajudaram na própria narrativa. “Nós fizemos uma semana de imersão, onde todos os alunos fizeram aulas de todas as oficinas. Isso fez com que o aluno de dança que vai num dia, que não conhece o pessoal do teatro, se encontrasse com o colega, unindo ainda mais esses laços de família. E principalmente entendendo que a capoeira na peça não é só a capoeira, é uma cena da peça, assim como as outras oficinas”, explica a diretora.

A transformação do musical em uma apresentação complexa e completa do Projeto Crer-Ser foi longa e trabalhosa, exigindo a entrega e união de todos, professores e alunos durante 5 meses. E o resultado foi uma apresentação profissional, que proporcionou uma noite de beleza e encanto para todos que foram assistir à peça no X Festival de Artes Cênicas.

“Para mim é a resposta mais preciosa que um educador pode querer receber: nós transformamos essas crianças. E essas crianças vão transformar outras em jovens protagonistas das suas vidas”, enfatiza Morena. Ela acrescenta ainda que já houve o convite para se apresentarem na Universidade Federal do Rio de Janeiro e em Pouso Alegre, e há a vontade de colocar a peça em uma temporada. “Eu acho de extrema importância que a gente fique em cartaz em São Lourenço. A cidade tem espetáculos teatrais às vezes, mas que vêm e se apresentam um dia e vão embora. Nós queremos ficar em cartaz sexta, sábado e domingo, uma apresentação por dia, ou sábado e domingo que seja, para que o sãolourenciano crie o costume de falar ‘Hoje é sábado! Vamos ao teatro?’ Porque não?”, sugere Morena Lua.

Para a atriz e professora, São Lourenço é “um celeiro de artistas” que deve e merece valorizar mais as artes. “Se todos juntos somos forte, a peça faz um apelo a todos os artistas da cidade a se unir e transformar a concepção de arte de São Lourenço”, conclui.

Confira a entrevista completa com a diretora-geral de Os Saltimbancos no link http://www.correiodopapagaio.com.br/sao_lourenco/noticias/entrevista_com_morena_lua_gurgulino

 

 


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