23:24hs
Quinta Feira, 28 de Março de 2024
São Lourenço - Notícias
30/10/2014 14h08

Transformando São Lourenço em uma cidade sustentável

Ong Terra das Águas está com nova cara, novas propostas, visões e valores e apresenta o movimento “Todos por São Lourenço”.

O movimento “Todos por São Lourenço” tem o ambicioso projeto de transformar o município em uma cidade sustentável. Para isso a nova diretoria reativou a ONG e trouxe novos conceitos e objetivos, adaptando-se aos novos tempos.

O jornal Correio do Papagaio conversou com Glaucia Esqueda, componente do conselho fiscal, facilitadora e gestora de projetos da ONG, para entender melhor esse novo momento. Ela falou de projetos concretos, ideais e novas formas de ver e estar no mundo, que sai do assistencialismo e passa pelo empoderamento do cidadão.

A nova visão do movimento Todos por São Lourenço é fazer do município uma cidade que respeite e preserve o meio ambiente, para que seja reconhecida como referência regional, nacional e internacional, assente em valores de apartidarismo, eficiência, equidade, fraternidade, igualdade, interdisciplinaridade, respeito ao cidadão, respeito à vida e à diversidade, transparência e universalidade.

“Todas as nossas ações são com foco na pessoa, no ser humano, no meio ambiente e no planeta; no respeito aos animais, com respeito à flora, aos rios, à qualidade da água”, esclareceu Glaucia, comentando também que ”muitas pessoas quando ouvem falar da OSCIP Terra das Águas associam a entidade ao atual prefeito José Neto, que foi o fundador da ONG em 1999. Hoje em dia o prefeito é um parceiro como cidadão e não faz mais parte da diretoria”. 

“Mudamos o nome do movimento exatamente para mostrar que é outra história. E a tônica dessa nova diretoria é o apartidarismo, porque nós queremos atuar e nós atuaremos independentemente de quem estiver no poder”, explicou ela. “É claro que vamos fazer parcerias. Não tem como falar em trabalhar com a população sem termos parceria com a prefeitura, com os vereadores, com o poder judiciário. A gente vai trabalhar junto, mas não é ‘misturado”, conclui.

Os projetos

O movimento tem vários projetos que devem ser desenvolvidos a curto, médio e longo prazos para atingir a meta da sustentabilidade. O projeto mais abrangente e de prazo mais longo é o da coleta seletiva. O grupo se propõe, como primeiro passo, revitalizar a cooperativa de catadores, pois eles são a base para o projeto de coleta seletiva. Após estruturar a cooperativa e reunir todos os catadores será iniciada a articulação e captação de recursos.

A ONG está fechando uma importante parceria com o SAAE (Sistema Autônomo de Água e Esgoto), que hoje é a entidade responsável por toda a política de resíduos sólidos, que além de parceiros financeiros poderão dar também suporte técnico. Segundo Esqueda, essa questão já está bem adiantada e ainda este ano a ONG pretende começar a concretizar etapas desse projeto.

“A nossa meta é ficar parecida com Itaúna, cidade do norte de Minas, onde os catadores têm uma renda média de 3 mil e 200 reais por mês só com a coleta seletiva”, explica.

Paralelamente ao projeto de coleta seletiva estão outros que caminham lado a lado para a viabilização da sustentabilidade que a ONG procura trazer para São Lourenço. Um deles é o de humanização no atendimento ao cidadão, promovendo cursos no setor público e privado e o de educação hidroambiental nas escolas, residências, indústria e comércio, conscientizando a população a, gradativamente, mudar suas atitudes.

Outro projeto é o da auto-sustentabilidade das organizações do terceiro setor da cidade, sendo ele as associações de moradores de bairros e as entidades que trabalham com idosos e crianças. São entidades que já atuam na área social, mas que estão sem profissionalização. “As organizações do terceiro setor fazem um trabalho maravilhoso, super eficiente, fazem milagre com os poucos recursos que têm. Nossa ideia é profissionalizar essas pessoas, dar suporte, ensinar a fazer projetos e colocar nossos especialistas à disposição”, explica Glaucia.

Fórum Agenda 21

Segundo Glaucia Esqueda a proposta da coleta seletiva irá ser concluída com a criação do Fórum Agenda 21. “Vamos acompanhar a cooperativa por um tempo, criar lideranças dentro dela, para que ela se torne auto-sustentável; vamos acompanhá-la por dois anos para que realmente se criem essas lideranças. E por fim vamos entregar para o Fórum esse projeto”, explica.

O Fórum é um espaço onde os representantes dos vários segmentos da sociedade se reúnem para falar sobre sustentabilidade, para falar de meio ambiente, de educação, de saúde, de desenvolvimento social, de políticas públicas, etc. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a Agenda 21 “pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.”

Primeiros passos

Tudo começa com o envolvimento das pessoas e com o despertar da consciência de cada um. “A ideia é que a gente se agrupe e não espere que as coisas aconteçam por algum fator externo”, esclarece ela.

O movimento já está com vários parceiros para começar a sua atuação: contadores, advogados, terapeutas, parceiros na Faculdade São Lourenço, parcerias com o SAAE e buscando a união para a concretização.

“Vamos sair do assistencialismo que é próprio da ditadura. Só o ditador quer ficar dando o peixe. O democrata quer ensinar a pescar, e nossa ideia é essa. A gente acredita que todo mundo tem dentro de si a solução de seus problemas. E a solução vai ser feita em conjunto”, enfatiza Glaucia.

O empoderamento do cidadão passa pela compreensão de que ele é responsável por tudo o que acontece na sua casa, no seu bairro e na sua cidade.

Cidades em transição

O conceito de “cidades em transição” apareceu em 2004, apresentado pelo permacultor inglês Rob Hopkins, com o objetivo de transformar as cidades em modelos sustentáveis, menos dependentes do petróleo, mais integradas à natureza e mais resistentes a crises externas, tanto econômicas como ecológicas. “A ideia de transição é estarmos todos envolvidos, sendo partes ativas dessa mudança; é as pessoas estarem mais conscientes em relação ao mundo em que vivem, pensando na forma como eles realmente querem viver e realizando a mudança de baixo para cima”. Esta é a definição do primeiro projeto de cidade em transição do mundo, criado na Inglaterra.

O conceito é atual e extremamente importante nos dias de hoje, quando estamos prestes a esgotar os recursos naturais do Planeta e onde a violência atinge os mais altos níveis.

Hoje o movimento se espalhou pelo mundo todo, e São Lourenço está sendo pioneira em Minas Gerais ao dar início a um trabalho em direção à sustentabilidade e humanização dos serviços.

A ONG Todos por São Lourenço está trazendo conceitos novos e diferentes num momento de grandes mudanças planetárias. O jornal Correio do Papagaio estará acompanhando o trabalho realizado pela ONG.

 

PUBLICIDADES
SIGA-NOS
CONTATO
Telefone: (35) 99965-4038
E-mail: comercial@correiodopapagaio.com.br
R. Dr. Olavo Gomes Pinto, 61 - Sala 207 - Centro - São Lourenço - MG