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São Vicente de Minas - Notícias
30/05/2013 10h48

Personagens que fazem parte da Nossa História - Sandra Lucinda

Filha de Dona Eponina e Sr. Adair Lucinda, Sandra deixou seu legado em São Vicente de Minas

por Tatiana Vieira

Desafiar a vida e suas circunstâncias mais improváveis poderia ser o mote da vida de Sandra Lucinda. Ainda que nascida na pequena cidade de São Vicente de Minas, ela “navegou por diversos mares”, testando sua capacidade de superação, disciplina, aceitabilidade e coragem. (...).

Sandra nasceu em 1960. A caçula entre os 14 filhos de Dona Eponina e Sr. Adair Lucinda passou grande parte de sua infância no campo, na fazenda onde residia toda a família. Aos três anos de idade, Sandra, a única vacinada contra a poliomielite, paradoxalmente contraiu a paralisia infantil. Ainda criança, teve que suportar não somente o peso da bota que lhe auxiliava a caminhar e manter-se equilibrada, como também o “fardo” da discriminação que passou a sofrer. Entretanto, continuou vivendo de forma positiva e produtiva.

E para quem não se abateu com a nova realidade, não se abateria com os desafios que ainda estavam por vir. Sandra graduou-se em Serviço Social, especializou-se em Saúde Pública, Saúde Mental e em Terapia de Família nos EUA. De volta ao Brasil, cursou o mestrado em Psicologia Social e atuou durante longos anos no Ministério da Saúde, na área de Saúde Mental. Trabalhou, ainda, com Análise Institucional, em entidades que acolhiam e abrigavam mulheres vítimas de violência doméstica.

Em 1989, Sandra conheceu Jorge Almeida, que se tornou seu marido. Em 1992 ficou grávida de Breno, seu primeiro filho e fundamental alicerce nos anos que se sucederiam. No ano de 1994 engravidou novamente e, em 1995, deu à luz a duas filhas (gêmeas).  As crianças nasceram saudáveis e a termo. No entanto, um fato imprevisível e drástico aconteceu. Por imprudência, imperícia e negligência dentro de uma Instituição Hospitalar ela perdeu suas filhas. O ocorrido chocou a todos: familiares, amigos e, inclusive, aqueles que, através da mídia, tomaram conhecimento do fato.

A perda das filhas foi um abalo emocional tão forte que, oito meses depois, Sandra desenvolveu um câncer de mama que migrou para os pulmões, a coluna, o crânio e o parênquima cerebral. Para conseguir se reerguer e reconstruir sua “base”, Sandra precisou fazer um longo e intenso trabalho interno e espiritual, o qual foi fundamental em seu processo de recuperação e, por meio deste, desenvolveu uma fé inabalável, que a sustentou por toda a vida.

Sandra conviveu com a doença por quase 20 anos. Para os amigos, familiares e conhecidos, Sandra tornou-se mais que um exemplo: uma referência de fé, força interior e alegria contagiante, mesmo enfrentando “tempestades imprevisíveis”.  O ânimo e a bravura no enfrentamento da doença despertaram a atenção de muitos com os quais convivia. Tamanha foi a demanda por orientações, que Sandra decidiu escrever um livro que tentasse reunir e transmitir todo o aprendizado que conquistou ao longo de anos de tratamento. Assim, surgiu o livro “O Novelo – Desatando os nós do destino”, obra que foi lançada em 2008. Através desta experiência, Sandra, efetivamente, descobre a paixão pela escrita.

E ela quis ir além. Um ano após lançar seu primeiro livro, Sandra decidiu homenagear o pai, Adair Lucinda, um senhor autodidata que chamava a atenção de todos por seu vasto conhecimento. Assim, redigiu a obra “Tempo Eternizado – A conferência dos séculos”, um debate de conceitos sobre a origem da vida e suas diversas nuances, do qual participam cientistas, filósofos, poetas e compositores.

Depois de lutar bravamente contra o câncer, sem mostrar desânimo e acreditando que o amor à vida a sustentava em todas as adversidades, Sandra partiu serenamente em 2012, deixando muitas saudades e um grande exemplo de força interior. Em uma de suas mensagens publicadas em seu blog, ela disse: “quero agradecer à vida pelas adversidades, pois foi com elas que aprendi mais sobre a nossa passagem aqui na Terra e também sobre e o ser humano. Somente assim pude me tornar uma pessoa melhor daquela que eu era: aprendi a ser mais humana, humilde, solidária, pacificadora, desapegada e amorosa”. E é exatamente essa a imagem que os vicencianos têm desta grande guerreira.

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