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Variedades
23/08/2019 08h10

Famoso na ópera, barítono Paulo Szot faz show em SP onde canta Frank Sinatra

O barítono Paulo Szot é conhecido pela versatilidade - na ópera, é um dos grandes intérpretes da atualidade; no musical, ganhou um Tony, o Oscar do teatro americano; e, na canção popular, vem ganhando adeptos, como vai comprovar nos dois shows que fará na quinta-feira, 29, no Blue Note. São apresentações em prol do Ciam, entidade que cuida de pessoas com deficiência intelectual e que celebra 60 anos. Sobre seu trabalho, Szot (pronuncia-se chót) falou com o 'Estado'.

Frank Sinatra foi um grande intérprete. Assim, ao cantar músicas tornadas célebres por ele, você prefere buscar um estilo próximo ou o contrário, trilhando um caminho próprio?

A ideia de celebrar Sinatra surgiu há quatro anos, quando se comemorava o centenário de seu nascimento. Foi quando recebi o convite para retornar ao clube Feinsteins/ 54 Below, em Nova York. Pensei logo em criar um show baseado nas canções que Sinatra gravou com Tom Jobim em 1967 e 1969. Que, na sua grande maioria, era de canções compostas por Jobim, mas também com alguns standards de jazz. Depois, fui convidado pelo The Colony, em Palm Beach, e pelo Grande Teatro Real de Madri. O estilo e refinamento de Sinatra são únicos e incomparáveis, uma verdadeira aula de interpretação e sofisticação. Mesmo se fosse (o que nunca foi) minha intenção de copiar ou imitar Sinatra, eu não conseguiria.

O musical South Pacific abriu muitas portas para você, inclusive na ópera. Ajudou também a diminuir aquele ranço de certos críticos puristas de que cantor de ópera não faz musical?

Sim, South Pacific mudou não somente a minha carreira, mas mudou a minha vida! Nos Estados Unidos, alguns cantores de ópera transitaram e transitam também entre óperas e musicais. No passado, Ezio Pinza estrelou South Pacific, Cesare Siepi em Carmelina, ambos na Broadway, e recentemente Renee Fleming em Carousel e em The Light in the Piazza, em Londres. Todos, porém, vinham de carreiras e reconhecimento na ópera. No meu caso, embora já estivesse cantando em grandes teatros de ópera quando fiz teste para o papel de Emile de Becque, no Lincoln Center, juntamente com outros 200 candidatos, eu era desconhecido para o grande público americano. Foram quatro convocações até finalmente me contratarem. Eu queria muito fazer parte dessa primeira remontagem na Broadway de um dos mais importantes títulos do musical americano. Nunca pensei nas premiações, queria mesmo conhecer de perto o show biz americano e aprender com eles. A recepção foi muito positiva e, sim, depois disso várias portas se abriram inclusive os portões do vizinho Metropolitan Opera, onde desde então tive a honra de cantar durante seis temporadas consecutivas em diversos títulos. Retornarei ainda neste ano ao Met para viver Sharpless, de Madama Butterfly. Além do Metropolitan, foi somente depois de South Pacific que cantei com a Filarmônica de Nova York, com a NY Pops e inúmeras vezes no Carnegie Hall.

Existe diferença entre cantar em diferentes idiomas no sentido de que uns são mais dramáticos, outros mais românticos?

Sim e não. Na minha opinião, o idioma poderia dar o tom e ser prevalecente na interpretação, conduzir a linha de canto para algo mais fluído no sentido melódico do fraseado ou mais seco. Porém, a questão dramática se dá principalmente pelo caráter da obra do próprio compositor e pela interpretação individual. Sem dúvida, o drama alemão pode ter uma recepção mais áspera por causa de suas consoantes enfáticas quando comparado ao russo ou francês. Quando cito Tchaikovski, tenho em mente o lirismo e a melancolia, que tem muita semelhança com a música e a poesia brasileiras, da nostalgia e da dor amor.

Depois de South Pacific, My Fair Lady e Evita, você não pretende fazer mais nenhum musical? Ou ainda não surgiu um novo convite interessante? Qual seria o musical que você gostaria muito de representar?

Sim, adoro fazer musicais! É sempre um aprendizado que exige muita dedicação. Fazer oito apresentações semanais por vários meses seguidos requer muita disciplina. Recebi nos últimos anos vários convites em Nova York, mas não consegui aceitá-los por causa da agenda na ópera. Os contratos de ópera na cena internacional geralmente acontecem com 2 ou 3 anos de antecedência enquanto os convites na Broadway chegam com alguns meses antes dos primeiros ensaios. Para 2020, decidi aceitar alguns convites para fazer musicais na Broadway e no Brasil. Ainda não posso revelar, mas em breve serão anunciados. Muita gente me diz que deveria fazer Sweeney Todd, de Sondheim, outros, o Tevye, de O Violinista no Telhado.

Com 22 anos de carreira solo, como avalia a maturidade vocal?

Exatamente, são 2 anos como solista na ópera, mas tive meu primeiro contrato como cantor profissional em 1989, aos 20 anos, na Polônia com a companhia Slask. Desde então, nunca parei de cantar, em setembro serão 30 anos cantando. E, neste ano de comemoração, já cantei em Melbourne, Roma, Nova York, no Festival de Ravinia, em Chicago, gravei um especial de Mass, de Leonard Bernstein para PBS americana, um CD duplo com composições inéditas de Claudio Santoro gravado com a pianista Nahim Marun e que será lançado ainda neste ano pelo selo Sesc. E ainda tive o imenso prazer de receber o convite da Osesp para ser o "artista residente" em 2019.

PAULO SZOT
Blue Note
Avenida Paulista, 2.073.
5ª (29/8), 20h e 22h30.
R$ 350 / R$ 500
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Estadão Conteúdo
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