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Variedades
07/10/2015 10h09

Hal Hartley e a neta de Allende são destaques no Festival do Rio

Hal Hartley lembra-se perfeitamente de quando esteve na Mostra, no final dos anos 1990. "Vim com minha mulher e nos levaram a uma, como se diz?, escola de samba. Havia todas aquelas pessoas que cantavam e dançavam. Mulheres com crianças no colo. Nunca havia visto aquilo. Nunca me esqueci." O diretor está no Rio, como convidado do festival, para ministrar na tarde desta quarta, 7, uma master class. Também apresenta ao público carioca o novo longa, Ned's Rifle, que integra a trilogia formada por Henrys Fool e Fay Grim. Ned é filho de Henry e Fay. Passaram-se 18 anos do primeiro filme e nove desde o segundo. Lá no seu começo, Hartley virou referência da produção indie. Hoje, reconhece que a produção independente mudou muito, quase tanto como o mainstream, isto é, Hollywood. "Virou um nicho de mercado e os autores se repetem como no cinemão."

Ele reflete sobre seu estilo: "Os críticos me rotularam como autor da estética da banalidade. Disseram que eu buscava o ordinário, mas que, eventualmente, o extraordinário invadia meus filmes." Em obras como A Incrível Verdade, Confiança, Simples Desejo ou Flerte, mais que no naturalismo, que sempre o incomodou, ele buscava o minimalismo. Sua master class vai se chamar Lição de Vida, mais que de arte. Mas que ninguém se iluda. Hartley é cético em relação ao realismo. Faz um desenho para ilustrar uma reflexão. Dois círculos - "Um representa o ator, outro, o personagem. Veja que há um trecho em que se superpõem. Essa franja, por assim dizer, é o que me interessa. Nunca quis um ator que se apagasse no personagem. Meu ideal é que o público não se aliene, mas veja o ator por trás do personagem".

É um pouco sobre isso que Hal Hartley promete falar hoje. Sua master class deve se realizar na sede do festival, um prédio que, no passado, abrigou a antiga UNE, União Nacional de Estudantes, no Flamengo. O prédio tem história. A par da parte operacional do Festival do Rio, abriga convidados e imprensa. É ali que o repórter conversa com Hartley e também com Márcia Tambutti Allende, neta de Salvador Allende, que mostra no Rio Allende, Meu Avô Allende.

Bióloga, Márcia virou cineasta movida pelo desejo de contar como o golpe militar afetou sua família. Ela tinha um ano e dez meses na época quando houve o ataque ao Palácio de La Moneda, em setembro de 1973. "Meu irmão de 8 anos soube da morte de meu avô acompanhando o bombardeio pela televisão. Ninguém merece isso." Márcia viveu boa parte da vida no exílio. "Durante muito tempo, minha família não admitia falar no assunto. Para mim, tornou-se essencial encarar a questão. Não é só a minha história. Muitas famílias chilenas preferiram silenciar a expor sua dor. Como muitos outros jovens, e nem sou tão jovem assim, acho importante verbalizar, mostrar. Ninguém vive tranquilo com esqueletos no armário."

O festival homenageia o centenário de Orson Welles com uma extensa programação de filmes e debates. Soberba, Otelo, Volta ao Mundo com Orson Welles, uma série de 25 episódios que ele fez para TV, em 1955. No sábado, dia 10, Nelson Pereira dos Santos faz a ponte entre o criador de Cidadão Kane e o Cinema Novo. Na sequência, Joel Pizzini fala sobre Welles, Glauber e Rogério Sganzerla. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Estadão Conteúdo
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