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16/07/2015 09h10

Masp reúne obras icônicas de suas coleções francesa e italiana

Mais de dois séculos de pintura francesa estão representados no primeiro andar do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), a partir desta quinta, 16, na exposição Arte da França: de Delacroix a Cézanne, que reúne 80 obras icônicas do acervo do museu. Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico do Masp, Eugênia Gorini Esmeraldo, coordenadora de intercâmbio, e Fernando Oliva, curador-assistente, a mostra exibe retratos, paisagens, naturezas-mortas e cenas históricas de pintores do século 18 ao 20, entre eles neoclássicos (Ingres), realistas (Courbet), impressionistas (Monet, Degas), pós-impressionistas (Cézanne, Van Gogh) e cubistas (Picasso).

Paralelamente à mostra francesa, o Masp continua a exibir no subsolo aquele que é considerado o mais expressivo conjunto de arte italiana do Hemisfério Sul, na exposição Arte da Itália: de Rafael a Ticiano, com 30 obras-primas de seu acervo, entre elas pinturas da era medieval, do Renascimento e do período barroco. O recorte, que vai do século 13 ao 18, cobre desde um dos exemplares mais antigos do Masp, Virgem em Majestade com Menino e Dois Anjos, pintado pelo Maestro del Bigallo em 1275, até o genovês Alessandro Magnasco (1667-1749), representante do Rococó italiano.

As duas exposições têm em comum a busca da expografia original das mostras organizadas pela arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992) para exibir o acervo do Masp, em 1947, na antiga sede do museu, na Rua 7 de Abril, e na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), entre 1957 e 1959. Até o fim do ano, o Masp retoma os cavaletes de vidro que a arquiteta projetou para a exposição permanente do acervo, no segundo andar do museu que ela desenhou, inaugurado em 1968. Os cavaletes deixaram de ser usados em 1996.

Na mostra italiana, segundo o curador-assistente Tomás Toledo, foi feita uma adaptação nas estruturas tubulares originais para sustentar a pintura de Perugino, São Sebastião na Coluna, pintado quando o Brasil estava sendo descoberto (o ano da primeira pincelada é 1500). Como a maioria das obras do Masp, esta também foi doada (pela Companhia Antarctica Paulista). Aliás, o que as duas exposições acrescentam às mostras anteriormente organizadas com a coleção do museu são dados muito interessantes sobre o histórico das obras, desde sua procedência e seu custo até as consultas feitas a grandes historiadores estrangeiros para verificar sua autenticidade e autoria.

É o caso, por exemplo, do São Sebastião de Pietro Vannucci, o Perugino (1447-1523). Em carta endereçada ao primeiro diretor do museu, Pietro Maria Bardi (1900-1999), o historiador Roberto Longhi (1890-1970), considerado um dos maiores especialistas no Renascimento italiano, desfaz qualquer dúvida a respeito da autoria da obra, que ele chega a datar (entre 1505 e 1510). Sabe-se que, por essa época, 1505, muitas pinturas atribuídas a Perugino foram executadas por aprendizes, o que suscitou dúvidas sobre seu São Sebastião.
O curador-assistente Tomás Toledo reuniu documentos importantes sobre essa e outras obras na exposição, entre elas o Retrato de Alvise Contarini, de Paris Bordon, que foi atribuído por equívoco a Ticiano por Lionello Venturi, quando foi adquirido da Galeria Waldenstein. Em 1959, Bardi atribuiu o quadro a Bordon, proposta aceita e não mais discutida, assim como a datação (a mais provável sendo entre 1525 e 1530).

A exposição de arte francesa traz igualmente informações sobre as pinturas, que não foram agrupadas por escolas. O curador-assistente Fernando Oliva preferiu reunir conjuntos completos do acervo, destacando obras de Delacroix, Cézanne - os dois abrindo a mostra -, Renoir, Toulouse-Lautrec, Modigliani e Manet. Seguindo a expografia original, que antecipa a radicalidade dos cavaletes de vidro, a mostra tampouco segue a ordem cronológica das obras, reforçando o diálogo, por exemplo, entre artistas de diferentes épocas, como Delacroix e Cézanne.

Há, a exemplo da mostra italiana, curiosos itens do arquivo histórico e fotográfico do Masp, entre eles cartas sobre doações e aquisições, registros da chegada das obras ao porto de Santos, como o retrato de Madame Cézanne no navio Uruguai, em 1949, recebido por Lasar Segall e Anita Malfatti. Entre as histórias recolhidas pela curadoria, uma das mais tocantes é o da tela Rosa e Azul, pintada por Renoir em 1881. Um recorte do jornal suíço Conféderé, de 1988, conta a história trágica da menina da direita, Elisabeth Cahen-d'Anvers, enviada a um campo de extermínio pelos nazistas em 27 de março de 1944. O Masp tem a lista do comboio que partiu para Auschwitz, na qual o nome da menina pintada por Renoir é visível. Ela morreu no trem, a caminho do campo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Estadão Conteúdo
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