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17/07/2015 09h10

Mostra na Pinacoteca reúne mais de 100 obras de grandes nomes da pintura inglesa

Há dez anos, uma exposição de paisagens na Tate Britain mostrou que os ingleses preferem ver a velha Albion pelo olhar de seus pintores. Turner, Constable e Gainsborough, todos eles tiveram uma relação tão apaixonada pelos vastos campos verdes da Grã-Bretanha que transmitem por osmose essa paixão ao público, o que fica evidente na megaexposição que a Pinacoteca do Estado, o mais antigo museu de São Paulo, abre neste sábado, 18, para comemorar seus 110 anos de existência. Também com os melhores paisagistas que integram a coleção da Tate Britain, a mostra A Paisagem na Arte: 1690-1998, como indica o título, reúne mais de 100 obras de grandes nomes da pintura inglesa, dos clássicos aos contemporâneos, passando pelos pré-rafaelitas, os impressionistas e os primeiros modernistas do século passado.

A megaexposição, patrocinada pela Ambev com apoio do British Council, inaugura um procedimento inédito na Pinacoteca: durante três meses a entrada será gratuita, graças ao patrocínio - isso numa época em que ele está cada vez mais escasso. A iniciativa vai permitir ao público atestar como os paisagistas britânicos influenciaram os pintores brasileiros do século 19, que podem ser vistos no segundo andar do prédio, um acima da mostra da Tate. "Sempre que possível, pretendemos fazer exposições que dialoguem com a arte produzida aqui", diz o diretor da Pinacoteca, o crítico Tadeu Chiarelli.

Montada em ordem cronológica, a mostra está dividida em nove segmentos, que passam, segundo o curador da Tate Britain, Richard Humphreys, pela formação do olhar britânico na época das grandes explorações, evoluindo para as visões pastorais do século 18 - notadamente a de Thomas Gainsborough (1712-1788) - e culminando com o olhar moderno daquele que é considerado o maior paisagista britânico, William Turner (1775-1851) - na verdade, o arauto do impressionismo, também presente na sala dedicada à escola que acabou por consagrar Monet e os franceses.

A pintura na era da revolução industrial é contemplada na sala onde estão agrupados os românticos, que encontraram na Inglaterra uma forma expressiva distinta dos colegas alemães, a despeito do olho "cinemático" de Philip James Loutherbourg (1740-1812), representado na mostra por uma espetacular avalanche nos Alpes (de 1803) que nada fica a dever às paisagens do alemão Caspar David Friedrich. Turner ficou tão impressionado que pintou uma outra avalanche sete anos depois. Ela está ao lado da tela de Loutherbourg - e impressiona.

Ao contrário de Turner e Loutherbourg, o paisagista John Constable (1776-1837) não tinha espírito cosmopolita. Pintava apenas o que via nas cercanias de Dedham Vale, zona rural no leste da Inglaterra que serviu de cenário para várias de suas pinturas. "Constable não era ambicioso, no sentido de usar a imaginação para compor paisagens, preferindo ser fiel à natureza", justifica o curador. De fato, não se vê na mostra exemplo de nuvens carregadas tão reais como a da tela Chain Pier, Brighton (1827). "É curioso como Constable faz também uma crítica social, ao colocar humildes pescadores em primeiro plano, num contraste flagrante com as casas e hotéis burgueses ao fundo, que então surgiam em Brighton", observa o curador Humphreys.

O crítico John Ruskin (1819-1900), o mais influente da era vitoriana, que teve Marcel Proust como seu tradutor francês, é homenageado numa sala especial com seus pintores preferidos, destacando-se entre eles o pré-rafaelita John Everett Millais (1829-1896). Sua grande tela O Vale do Descanso (1858-9) é um tanto misteriosa. Tem duas freiras enterrando ou exumando um corpo ao crepúsculo, que o crítico Tom Lubbock viu como uma crônica sobre o medo, segregação sexual e relações de poder. "Não sei se podemos, efetivamente, chamar de paisagem essa pintura cheia de simbolismo, feita na Escócia", brinca o curador.

O mesmo poderia ser dito de uma outra tela na primeira sala da mostra, Otho com John Larkin Montado (1768), notável quadro de George Stubbs, talvez o maior pintor de cavalos que a Inglaterra conheceu. Otho era um garanhão que vencia todas as corridas até 1767, ano de sua aposentadoria, mas a pintura não celebra nem o animal nem o jóquei John Larkin. A paisagem ao redor e as nuvens cinzentas importam mais, destacando, de forma moderna, as linhas geométricas do estábulo, como nota o curador.

Há muito mais para descobrir entre as 100 das 15 mil obras do acervo da Tate Britain, das telas impressionistas de James Whistler (1834-1903) ao hiper-realista Algernon Newton (1880-1968), menos conhecido, ainda que seja uma espécie de Edward Hopper britânico. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Estadão Conteúdo
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