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25/08/2015 09h09

'O Vilarejo' tem terror gótico

Raphael Montes sedimenta, a cada novo livro, sua posição de grande figura do romance policial e de suspense na literatura brasileira. Se, em sua estreia com Suicidas, o fio da meada são as terríveis descobertas feitas por mães de jovens que se mataram, ele mudou o rumo no romance seguinte, Dias Perfeitos, que se assemelha a uma soturna sonata, sobre Téo, rapaz que se revela um psicopata ao sequestrar Clarice, garota por quem se apaixona, obrigando-a a viajar para diversas cidades. Agora, Raphael muda a chave e lança O Vilarejo, suspense que se revela um quebra-cabeça para o leitor. O livro será lançado nesta terça, 25, à noite, na loja da Companhia das Letras da Livraria Cultura, no Conjunto Nacional.

Trata-se de uma série de sete contos que se passam em um único espaço, uma pequena vila habitada por cimérios, povo que teria vivido na Antiguidade na região do Cáucaso. O momento da ação não poderia ser mais terrível: assolados por um conflito (provavelmente a 2.ª Guerra Mundial), os habitantes vivem trancados em suas casas, passando por terríveis privações como a fome e sofrendo com o impiedoso frio. Vivendo assim em situação extremada, as pessoas aos poucos perdem a noção de civilidade e praticam atos que revelam as profundezas mais sombrias da alma humana.

O que amarra as histórias é um prefácio assinado pelo próprio Raphael Montes - recurso ficcional que busca ressaltar uma suposta veracidade. Lá, o escritor conta ter adquirido, em um sebo carioca, o acervo que pertenceu a uma certa Elfrida Pimminstoffer, com destaque para três cadernos escritos a mão. Estava ali, no idioma cimério, o relato dos acontecimentos naquele vilarejo, divididos em capítulos segundo os sete pecados capitais: Asmodeus (luxúria), Belzebu (gula), Mammon (ganância), Belphegor (preguiça), Satan (ira), Leviathan (inveja) e Lúcifer (soberba). Na verdade, a trama se baseia na teoria do padre e demonologista Peter Binsfeld que, em 1589, conectou cada um dos pecados capitais a um demônio, supostamente um ser do mal responsável por invocar aquele respectivo pecado nos seres humanos.

"Comecei a escrever esse livro despreocupadamente, entre os lançamentos de Suicidas e Dias Perfeitos", conta o escritor. "As duas primeiras histórias surgiram ainda sem a noção de que poderiam formar um livro. Foi só a partir da terceira é que comecei a arquitetar as tramas e o espaço."

Foi uma novidade em sua forma de escrever - leitor de autores como Stephen King e H.P. Lovecraft, Raphael nunca escondeu o prazer que sentia com o terror gótico, embora ainda não tivesse se exercitado nesse estilo. Assim, aos poucos criou o universo daquele vilarejo onde todos os habitantes, mesmo em graus distintos, têm um pecado dentro de si, que aflora no momento de extrema tensão.
"Logo, percebi que estava criando um romance fix up, o que é praticamente inédito por aqui", comenta o escritor, referindo-se a um gênero novo, cuja tradução literal significa "correção" - trata-se de uma obra em que seu autor unifica histórias que se passem em um mesmo espaço ou com personagens interligados, formando uma coesão estilística.

Aos 24 anos, advogado de formação, o carioca Raphael Montes coleciona projetos e elogios. Ele é um dos roteiristas da minissérie SuperMax, que a Globo deve exibir em outubro. Serão 12 episódios, exibidos um a cada semana, a partir da ideia original de Fernando Bonassi e Marçal Aquino. A direção será de José Alvarenga Jr. e o elenco terá apenas dois nomes conhecidos, as atrizes Mariana Ximenes e Cléo Pires.

Ele também participa de outra minissérie, Espinosa, que será exibida pelo canal GNT a partir de setembro. Trata-se de uma adaptação do livro Uma Janela em Copacabana, de Luiz Alfredo Garcia-Roza, com Nanda Costa como protagonista e Domingos Montagner como o famoso delegado Espinosa. A direção é de José Henrique Fonseca, filho de Rubem, um dos principais escritores brasileiros.
Finalmente, uma obra de Raphael, Dias Perfeitos, será adaptada para o cinema com direção de Daniel Filho.

Já os afagos vêm de talentos distintos. Quando esteve em São Paulo, em setembro de 2013, para participar da Pauliceia Literária, o americano Scott Turow, um dos papas do moderno romance de suspense, conheceu a obra do jovem brasileiro e vaticinou: "Raphael certamente redefinirá a literatura policial brasileira e vai surgir como uma figura da cena literária mundial".

Agora, ao enveredar pelo suspense e mistério com O Vilarejo, Raphael despertou a atenção de Fernanda Torres, que o comparou a Stephen King. Em meio a tantos confetes, Raphael, organizado por natureza, já prepara o livro que pretende lançar no próximo ano. "Já estou na metade", avisa. O futuro está apenas começando. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Estadão Conteúdo
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