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16/01/2015 08h35

Show, fotos e filmes para celebrar Suassuna em SP

Quando Ariano Suassuna percebeu que andava sendo fotografado pelo genro Alexandre Nóbrega, seu assessor por 14 anos, ele logo perguntou se as fotos eram para a Playboy. Ele não se achava fotogênico e dizia que não havia motivo para que Alexandre insistisse nas fotos. Era uma brincadeira e elas foram parar no livro O Decifrador. Parte dessas imagens - são milhares, diz o fotógrafo - foram expostas em Brasília, Fortaleza, no Recife, Rio, em Curitiba e Salvador como parte do projeto Ariano Suassuna - A Arte Como Missão - que chega agora a São Paulo mais triste.

Em cada uma das cidades por onde a mostra passou, Ariano estava lá com sua força e alegria, suas histórias tocantes e engraçadas, e suas ideias. É que o projeto previu, além da exposição de fotografias que será aberta neste sábado, 17, na Caixa Cultural, e de um ciclo de filmes que começa no dia 30, a realização da famosa aula-espetáculo. Mas Ariano morreu em julho, aos 87 anos.

Para a edição paulista, os organizadores escalaram o pernambucano Antonio Nóbrega - profundamente influenciado pelo mestre que conheceu ainda jovem, no Recife, quando o Quinteto Armorial precisava de um violinista. "Foi mais do que um convite para ocupar o lugar de um instrumentista. Eu pude acessar um mundo cultural que me era desconhecido", conta o artista. O encontro teve um papel fundamental na vida dele. "A partir daí, ao longo dos anos, fui me entendendo, estudando, assimilando os cantos e as danças que vieram a ser todo o alicerce do meu trabalho. Reafirmarei isso neste sábado", completa. Ele, no entanto, não estará no Theatro Municipal a partir das 20 horas para apresentar a aula-espetáculo de Suassuna ou uma versão dela. Nóbrega prefere chamar o encontro de Recital para Ariano. Na programação, músicas relacionadas direta ou indiretamente com o universo do escritor. São poemas de Ariano musicados por Nóbrega ou textos escritos especialmente para que virassem música do discípulo. E outras criações de Nóbrega com as conversas que tiveram ao longo dos anos.

"Musicalmente, o recital vai fazer essa paisagem. Será uma espécie de recital sentimental, porque ele me traz a lembrança desses encontros. Aqui e acolá, vou fazer algum comentário sobre aspectos da vida e da obra de Ariano, sobre o movimento armorial, o papel do sertão e características de sua obra", adianta.
Serão cerca de 15 canções e Nóbrega planeja declamar dois sonetos de Ariano e se aprofundar nos romances do autor, que o músico chama de "histórias narradas e cantadas em versos". "São canções que me seduzem muito e ninguém está acostumado a escutar romance. Será uma oportunidade de conhecer ou reconhecer esse universo", ressalta.

E entre as histórias que pretende contar, a da relação de Ariano com o pai, morto quando ele tinha 3 anos. "Ele viveu sempre a nostalgia do pai - em sua vida e na obra", diz.

O escritor e o músico se encontraram pela última vez em fevereiro. "Ele dizia tanto que era imorrível que a gente até acreditava, e, às vezes, me pergunto se ele morreu mesmo." Nóbrega fala que sua presença era incandescente e que o autor deixou não apenas obras editadas e inéditas, mas também ideias a serem aprofundadas. "Não é o mundo que se extingue com Ariano, mas o mundo que a gente pode aprofundar, visitar, entender em sua amplitude e amplificá-lo, sobretudo. Eu me coloco muito nesse papel de cavucar um pouco as ideias de Ariano. O que ele queria dizer com o encontro da arte popular com a erudita? O que queria dizer com espírito mágico da literatura popular? Isso tudo é uma espécie de livro aberto sobre o qual me debruço, penso, reflito e escrevo, até."

Mostra

Em cartaz até 22/2, a exposição terá cerca de 30 fotos tiradas por Alexandre Nóbrega durante cinco anos. Ele não é fotógrafo profissional, mas era o fotógrafo oficial do sogro. "Tentei mostrar as várias facetas de Ariano: no aeroporto, em casa, na aula-espetáculo, na intimidade. Quem não o conheceu terá uma ideia de sua personalidade", conclui. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Estadão Conteúdo
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