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Baependi - Notícias
15/01/2015 16h28

Personagens que fazem parte da nossa história - José Orlando Pinto Junqueira

José Orlando Pinto Junqueira deixou seu legado na cidade de Baependi.

Por Maria José Turri Nicoliello

 

Filho único de Prudente Junqueira e Guiomar Pinto Meirelles, nasceu José Orlando aos doze dias de agosto de 1918, na “casa da Bela Cruz”, na cidade de Cruzília-MG. O tradicional solar, no centro da cidade, atualmente é a sede do Museu do Cavalo Mangalarga Marchador.

O menino Landinho, como sua mãe o chamava, ficou órfão de pai aos quatro anos de idade. A mãe, viúva precocemente, muda-se para Leopoldina-MG, onde José iniciou curso primário. A família permaneceu um tempo na cidade até que D. Guiomar retorna ao Sul de Minas, indo morar em Baependi. O tempo passou e José Orlando voltou à Leopoldina para continuar os estudos. De lá foi para a cidade de Itanhandu-MG, onde concluiu antigo “ginasial”. De lá mudou-se para Alfenas-MG, onde ingressou na Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas/EFOA e formou-se em 1941.

Depois de formado, volta a residir em Baependi, onde começa a vida profissional como farmacêutico. Casou-se com a baependiana Francisca Viotti (D. Chiquinha), com quem teve quatro filhos: Orlando José, Maria Guiomar, Maria Alice e Maria Cristina, que lhes deram sete netos. Os olhos verdes de Dona Chiquinha  brilhavam quando se referia ao primeiro e único amor de sua vida – José Orlando. Era um casal apaixonado, um amor devotado, isso era notório.

 

Profissão: Farmacêutico

Impossível não se lembrar da Farmácia São José, na rua Cônego Monte Raso! Na fachada, no alto, o símbolo da Farmácia. Dois degraus separavam o passeio daquela “farmácia de farmacêutico”... No interior, piso de ladrilho hidráulico, balcão de madeira com vidros e corrimão, altas prateleiras laterais, igualmente de madeira, onde ficavam as caixas de medicamentos, comprimidos, emplastos, assim como muitos recipientes grandes, de tampa de vidro, que continham as matérias  primas para os medicamentos que manipulava.

No balcão, em cada ponta, uma ânfora de vidro branco, ostentava um colorido brasão da República. Ao centro, outro recipiente de grande formato com compartimentos separados que segregavam águas coloridas. As crianças ficavam encantadas com o espetacular objeto! Na  parede do lado direito, um quadro espelhado com a propaganda “Emulsão Scott” – aquela do pescador que carregava nas costas um enorme peixe. O interessante quadro trazia estampada a propaganda do  Óleo de fígado de bacalhau, um tradicional tônico usado comumente para anemia. Mas era notório que o sabor do tônico “causava arrepios” nas crianças... Do lado esquerdo, um espelho retangular emoldurava um banco de três lugares onde a esposa D. Chiquinha passava horas tricotando para os filhos, depois para os netos; onde também recebia os clientes e conversava afavelmente.

O ambiente era sóbrio, tradicional, como o Sr. José Orlando. Na parte de trás, o local reservado às injeções, à medição da pressão arterial, à Manipulação e até à execução de curativos -  permitido tempos atrás. No atendimento da farmácia era auxiliado pelo fiel escudeiro Sr. Paulinho, mas os atendimentos em casa ele fazia questão de prestá-los pessoalmente. Era comum vê-lo passar pelas ruas do centro, com uma caixinha que carregava para aplicar injeções e o aparelho para medir a pressão. Para ele não havia mau tempo ou hora inadequada. Sempre solícito, estava pronto a atender quem dele precisasse.

 

Estrela Solitária

O Botafogo Futebol Clube – o time do coração -, uma paixão em sua vida. No Botafogo de Baependi, fundado em 1943, foi Tesoureiro por décadas, tendo contribuído para o  crescimento do clube. Participou de reformas, ampliações e melhorias do campo de futebol, bem como da construção da nova Sede Social (1979). 

Pessoa educadíssima, calma, de poucas palavras e voz mansa, era um homem bonito. Usava sempre cores sóbrias e neutras – cinza e cáqui, camisas brancas e azuis claras, de mangas curtas, por vezes um jaleco branco por cima. Não sei a razão, mas sua figura me remetia ao poeta Carlos Drummond de Andrade. Magro, alto, de óculos de aros pretos, o jeito discreto; talvez por isso.

Querido das crianças, muitas só aceitavam “tomar injeção ou vacinas” se fosse com o Sr. José Orlando. Prestativo, corretíssimo, bom colega, muito caridoso com os mais necessitados. Pai e marido amantíssimo, faleceu Sr. José Orlando, já viúvo, em 25 de junho de 2011.

A comunidade baependiana acolheu o Sr. José Orlando como um filho, e ele soube retribuir em dobro com sua existência pacífica, cidadã e humanis

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