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Por Maria José
Turri Nicoliello
Há pessoas que vivem além de seu tempo, atentas à vanguarda dos acontecimentos, com senso de modernidade e ligação com as tecnologias.
Nosso biografado, José Wilson Serva (Juquinha), filho de Baependi, nasceu em quatro de agosto de 1918, filho de José Serva Júnior e Orquisa de Figueiredo Torres (Mulata), tendo por irmãos, Dayse Jandyra Serva Café Carvalhaes e José de Almeida Serva (Parafuso), este filho do primeiro casamento de José Wilson Junior com Jandira Almeida.
Em 1940, ainda bem jovem, começou a trabalhar antiga Rede Mineira de Viação/RMV, primeiro como conferente, depois como telegrafista permanecendo nesse cargo até 1944. No ano seguinte começou a trabalhar na Prefeitura Municipal de Baependi como almoxarife. Logo se interessou por contabilidade, aprendendo muito rapidamente os meandros da profissão e passou a ocupar o cargo de Secretário-Contador, função essa que exerceu por 16 anos, tendo trabalhado ao lado de José Pelúcio, Pepino Serva e Cristiano Pereira, até 1961.
Além do trabalho árido de números e cálculos matemáticos, a atividade profissional do dia a dia, José Wilson gostava de escrever. Nos idos de 1951, Antonio José de Souza Levenhagen, fundou o jornal “O Baependiense”, sendo ele próprio o redator, tendo Luiz Castilho por diretor gerente e José Wilson Serva como redator auxiliar.
O periódico lançou, em 14 de outubro de 1952, a “Campanha Pró Canonização (Beatificação) de Nhá Chica”, tendo sido ele um dos precursores na luta pela Causa. O mesmo jornal divulgou a campanha para angariar fundos para a construção da nova sede do Hospital Cônego Monte Raso, liderada por comissão de cidadãos baependianos, onde José Wilson era secretário.
José Wilson, representando o Município de Baependi, participou em 1959, da 1ª Reunião Oficial do Turismo de Minas Gerais (1ª ROT), em Belo Horizonte, onde apresentou tese aprovada por unanimidade pelo plenário, para a inclusão de então distrito de Baependi - São Tomé das Letras -, no roteiro turístico do Estado, tendo por justificativa a história da região e o valor comercial das jazidas de quartzito daquela localidade. Na ocasião foi incluída a estrada de Baependi/São Tomé das Letras no plano Rodoviário Nacional ou Estadual.
Pelas ondas do rádio...
A Comunicação parece ter sido a grande paixão de Juquinha Serva. A mesma intimidade que tinha com os números, demonstrava ter com as palavras, embora tivesse apenas o “curso primário”. Gostava de escrever! Publicou em 1956, o livro “Baependi – Quae gens tva”, em comemoração ao 1º Centenário de emancipação político administrativa do Município.
Operoso, segundo palavras do amigo Toninho Levenhagen, “o auxiliar de redação, que por vezes se apresenta como J. W. ou Wilson José não é mais nem menos do que o inteligente, digno e diligente senhor Secretário da Prefeitura Municipal de Baependi, que nas horas vagas faz escritas comerciais, vende rádios, eletrolas e geladeiras. Tem como menina dos olhos essa velha e querida terra, pela qual se dedica de corpo e alma.”
Mas a paixão permanente e duradoura na vida de José Wilson era o radioamadorismo! Pelas ondas do rádio, levou aos mais diversos rincões do Brasil e até no exterior, a divulgação do nome de Nhá Chica, que foi beatificada em 2013.
Quando criança, frequentei muito a casa dos tios Juquinha e Maria; achava coisa de outro mundo aquele aparelho pesado, escuro, que emitia sons estranhos e de onde se podia falar com o mundo inteiro! Era um hábito noturno; em que ele se trancava no escritório que tinha em casa. Na sala ao lado, se podia ouvir série de códigos e mensagens cifradas. Para meu entendimento infantil parecia coisa sigilosa e cinematográfica!
Na década de 1960, José Wilson, Hiram Bacci e João Rocha de Oliveira fizeram a primeira captação de sinal de televisão na cidade de Baependi - TV Tupi, canal 4, São Paulo. Os experimentos foram feitos na Toca dos Urubus, local de altitude, próximo ao centro da cidade. Nos primórdios da chegada da TV no Brasil (1950), um pioneiro sonhava em trazer a modernidade à pacata Baependi. Sua casa teve um dos primeiros monitores, GE hot point, à válvula! Sem dúvida, uma proeza para aqueles tempos passados. Definitivamente era um homem ligada à tecnologia. Além da camionete Rural branca e vermelha, em sua casa tinha eletrola, geladeira, TV, além do aparelho de radioamador!
Em 1961, por meio de concurso público, José Wilson Serva ingressou no serviço público estadual, para o cargo de Técnico de Tributação e Fiscalização da Secretaria da Fazenda do Estado de Minas Gerais, função que exerceu até se aposentar, em 1977.
José Wilson, o conhecido Juquinha, casou-se com Maria de Nazaré Altomare Turri, em 1946 com quem teve três filhos – Maria Angelina, José Leônidas e Maria Aparecida, que lhes deram sete netos e três bisnetos.
Faleceu José Wilson, em 12 de outubro de 1983, aos 65 anos. Contador, escritor, jornalista e historiador, viveu pouco e produziu muito, sempre atendo à novidades tecnológicas.
